Em 2020, a cantora Julia Mestre lançou um trabalho interpretando hits de Rita Lee (1947 - 2023). Esta obra enlaça uma das principais referências para a sonoridade que a carioca constrói em "Arrepiada" (2023) e consolida no novo disco previsto para os próximos meses de 2024.
O JM3 - como a cantora menciona o futuro álbum -, mistura o toque da intérprete de "Ovelha Negra" com nuances de Marina Lima e Sade. A produção também acrescenta a experiência vivida por dois anos com a banda Bala Desejo, grupo formado em parceria com Dora Morelenbaum, Lucas Nunes e Zé Ibarra.
É com este som, inspirado no universo "oitentista", que Julia chega a Fortaleza para apresentar show no Festival Zepelim. Ansiosa para compartilhar o projeto com o público, ela promete um show ideal para dançar: "Tem dança, tem balada, é sexy. Meu desejo é ver esse disco tocando tanto na festinha, quanto no quarto", indica. (Colaborou Bianca Raynara)
O POVO - Como e quando você percebeu que a música era o seu caminho? De que maneira a arte também construiu sua identidade?
Julia Mestre - Como diria Rita Lee: "Eu sou a ovelha negra da família". Sou a única da família que escolheu as artes, sinto que a música foi uma paixão que surgiu durante a adolescência. Veio com a puberdade, quando tudo se aflorou, inclusive minha musicalidade.
OP - Como a trajetória com Bala Desejo repercute na sua forma de fazer música na carreira solo?
Julia - O Bala Desejo foi até então meu maior projeto (em questão de projeção) da vida! Foram mais de 300 shows com a banda, muitas viagens, e com certeza foi bagagem para me fortalecer e tornar quem sou hoje. Uma experiência tamanha para seguir carreira solo, sou muito grata por tudo que vivi e cresci com o Bala Desejo.
OP - Tanto o seu trabalho solo, quanto seu trabalho com Bala Desejo, ganharam muita notoriedade nas redes sociais. Para além do alcance de público, como a repercussão nas redes sociais afeta seu processo de produção? Há uma pressão para seguir as mudanças do algoritmo das plataformas, por exemplo?
Julia - Acho que quanto maior seu alcance, maior a responsabilidade, claro. Se me sinto afetada pela pressão? Não minto, me sinto sim. Mas sabe o que me ajuda? Lembro que amo tanto criar, me comunicar nas redes por meio de universos de imagem e som que eu mesma construo, que não me sinto bloqueada criativamente, pelo contrário, me sinto mais instigada ainda para criar.
OP - Em fevereiro, você publicou um tweet que mencionava a construção de um novo álbum. Este é o seu próximo passo em 2024? Há alguma previsão de data de lançamento?
Julia - Sim! Estou no processo do novo álbum, o JM3. Ele está já em processo de mixagem, quase saindo do forno, tô roendo as unhas de ansiedade, doida para mostrar o disco novo. Estou ansiosa para adentrar num novo universo visual e tudo que engloba uma campanha de álbum.
OP - Você também mencionou que a nova fase tem inspiração em Sade, Marina Lima - sem esquecer de outras referências, como Rita Lee, cantora que guiou a criação do disco "Arrepiada" (2023). Com base nesse mix de inspirações, como você descreveria a sonoridade na qual você está mergulhando agora?
Julia - Olha, o disco novo caminha bastante para referências e estéticas oitentistas, dos anos 80. Todas as referências escritas estão corretíssimas. Tem dança, tem balada, é sexy. Meu desejo é ver esse disco tocando tanto na festinha, quanto no quarto, a dois. Ou a três, ou mais (risos).
OP - O que o público do Festival Zepelim pode esperar pela sua passagem pelo evento? Tem alguma parte do seu repertório que seja a favorita?
Julia - O público pode esperar um show bem gostosinho, perfeito para dançar e contemplar. Estou animada para mostrar o figurino que preparei especialmente para o Zepelim, o mais lindo de todos, tá? Espero que todo mundo chegue cedo pra curtir o show!