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Ricardo Guilherme revisita peças em temporada no Teatro Abre Alas
Vida & Arte

Ricardo Guilherme revisita peças em temporada no Teatro Abre Alas

O Multiartista Ricardo Guilherme realiza temporada de solos no Teatro Abre Alas com temas políticos e sociais
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FORTALEZA, CEARÁ, 23-08-2024: O ator Ricardo Guilherme lança seu novo espetáculo. Na foto, o ator se prepara para sua estreia. (Foto: Fernanda Barros / O Povo) (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS FORTALEZA, CEARÁ, 23-08-2024: O ator Ricardo Guilherme lança seu novo espetáculo. Na foto, o ator se prepara para sua estreia. (Foto: Fernanda Barros / O Povo)

O premiado artista Ricardo Guilherme, que é um dos fundadores do curso superior de Artes Cênicas da Universidade Federal do Ceará, inicia um novo projeto profissional em sua vida. Aos 54 anos de carreira, ele passa a ocupar, nas sextas-feiras do ano, Teatro Abre Alas com espetáculos solos que desenvolveu ao longo da vida. O primeiro deles é “Bravíssimo”, peça apresenta ao público um olhar antropológico sobre o povo brasileiro, analisando o que ficou popularizado como um "complexo de vira-lata".

O novo projeto surgiu a partir do convite do amigo Kidary Pinho, que dirige o grupo de teatro Abre Alas e aluga o teatro com o mesmo nome. Desde a sexta-feira, 23, Ricardo assumiu o espaço com a expectativa de seguir em frente com o projeto durante o resto do ano.

“Eu pretendo começar esse processo com quatro apresentações de ‘Bravíssimo’. Eu anuncio como ‘possíveis solos’ porque as outras ainda não estão na programação. Vou fazer em quatro prestações e depois veremos uma peça mais substituída em outubro, outra em novembro, depois dezembro. O projeto só vai se encaminhar se houver condições, se há viabilidade. Eu estou no início e coloquei a possibilidade de que peças poderão estar após a temporada de ‘Bravíssimo’”, afirma o artista.

Entre os espetáculos que estão no radar de Ricardo Guilherme para as próximas apresentações no Teatro Abre Alas estão “Apareceu a Margarida”, “Flor de Obsessão”, “Rá”, “Frei Tito: Memórias do Mártir” e “É Proibido Proibir”. Para prosseguir com essas peças, segundo ele, é necessário “viabilidade de público”.

Ricardo destaca que, assim como o Teatro Abre Alas no Shopping Avenida, todos os shoppings de Fortaleza deveriam ter um espaço para realizar apresentações cênicas, assim como as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Além disso, ele ressalta: “Eu defendo também que haja teatro público nos bairros descentralizados, como acontece no Centro Cultural Bom Jardim. Deveria ter outros em cada bairro, três ou quatro iniciativas dessas cidades culturais com teatro, com atividade, com formação. Eu sou a favor de que nós tenhamos teatro pelas periferias, pelas comunidades, porque isso é cidadania, é um direito constitucional, direito à cultura, direito à formação, a educação, etc”.

Com trajetória como que contempla atuação, dramaturgia, direção teatral, jornalismo, docência universitária, e produção de contos, crônicas e poesias; Ricardo Guilherme já fez apresentações por todo país, além de passagens pela Europa, África e pela América inteira. O artista, entre outros prêmios, foi vencedor do troféu de dramaturgia da Unesco, em 1987. Esta experiência é acompanhada de sua percepção política da arte.

“Eu tenho mais de 50 anos de teatro, de televisão e de literatura. Eu sou uma pessoa da área de cultura e das artes, sou professor ainda da Universidade Federal do Ceará, professor colaborador, não sou efetivo mais, mas continuo. Eu sou apaixonado por televisão e sou jornalista e radialista colaborador na televisão Canal 5, onde eu tenho um programa chamado Diálogo Toda Semana”, explica Ricardo.

Ele continua: “Tudo isso é para dizer que o teatro é militância, militância política minha, e política no sentido amplo da palavra, de tentar inserir com a minha palavra, com o pensamento que me atravessa, o que emana de mim para a sociedade, para o meu tempo”.

Para Ricardo Guilherme, um artista deve estar no passado, no presente e no futuro diante de suas produções culturais: “Ele tem que estar ligado ao passado, para as nossas radicalidades enquanto povo, um atrás no sentido de estar ligado à história e à historiografia do povo, do seu tempo e às radicalidades da sua gente. Além disso, temos que estar ao lado do nosso tempo, no sentido de estar solidário com as demandas do agora, da atualidade, e, por fim, é estar à frente do seu tempo, no sentido de apontar caminhos, utopias e incentivos para haver transformação, haja revoluções em pensamento e condições de vida. É essa tríade que me move, que me faz fazer teatro”.

“As minhas peças são todas políticas e isso é bem perceptível no espetáculo de estreia, que é ‘Bravíssimo’. (...) “Eu, enquanto socialmente como cidadão, como pessoa que tenta fazer com que as pessoas reflitam, faço isso de forma dramatúrgica, através das personas, de forma agradável, com trágico e com a comédia, que geralmente onde geralmente eu gravito, na tragicomédia. E eu faço isso como uma provocação para pensarmos juntos o ontem, o hoje e o amanhã”.

Ricardo Guilherme no Teatro Abre Alas

Quando: próximas sextas-feiras de agosto e setembro

Onde: Teatro Abre Alas no Shopping Avenida - Piso L3 (Av. Dom Luís, 300) 

Quanto: ingressos em Sympla.com (preço a variar conforme espetáculo)

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