Transformar papéis em bichos por meio de dobraduras era uma das brincadeiras favoritas de Marcos Scorzelli com o pai. A atividade marcou tanto o artista que foi transformada na exposição “Megabichos – Matemática Poética, Geometria Selvagem”, em cartaz na Caixa Cultural Fortaleza até 3 de novembro. A exposição é gratuita e aberta ao público.
“A ideia desses bichos surgiu a partir de uma experiência da minha infância, de uma brincadeira minha com meu pai, em que a gente brincava de fazer dobraduras de papel. E isso foi evoluindo com o passar do tempo para uma série de formas que são animais e que chegaram nesse ponto, que são esculturas de aço, em grande formato”, lembra o também designer.
A mostra, que já passou por Curitiba, Espírito Santo e Rio de Janeiro, teve a curadoria de Guto Nobre. Para ele, um dos maiores desafios foi lidar com o tempo para montar a exibição. “Nós tivemos um tempo curto, mas foi muito compensador chegar aqui e ser recebido de braços abertos pela Caixa Cultural e por essa cidade tão linda que é Fortaleza”.
“A ideia foi sempre seduzir e encantar e trazer o maior número de pessoas para uma discussão muito interessante. A forma geométrica é aparentemente fria, a ciência é séria, mas a arte pode transformá-la em algo que é pura poesia”, detalha Nobre sobre o processo de curadoria da exposição.
As obras de “Megabichos” foram feitas em chapas de aço, mas o trabalho foi desenvolvido primeiramente em papel. “Eu não tinha experiência com chapas de aço. Na verdade, esse trabalho todo foi desenvolvido durante muitos anos em papel até que eu cheguei a um momento em que resolvi fazer uma transição para o aço que necessitou de muito tempo e pesquisa para chegar no resultado que a gente tem agora”, explica Marcos.
Segundo o artista, a exposição também é um modo de apresentar conceitos geométricos de modo mais lúdico para as crianças. “Geometria é matemática. Falar de matemática e de geometria com criança não é fácil, só que a linguagem que eu consegui desenvolver, justamente através da questão da ludicidade, é que facilita esse diálogo”.
“Na verdade, eu consigo falar de geometria de uma forma leve, alegre e divertida, usando cores e as próprias formas geométricas primárias, que, quando são elaboradas em esculturas, viram formas um pouco mais complexas, tridimensionais. E esse estímulo a essa observação facilita a compreensão da geometria e do espaço do entorno”, Scorzelli.
O designer carioca também destaca que a exposição não é limitada ao público infantil. “É muito prazeroso a gente perceber que todos nós, de qualquer idade, temos uma criança dentro da gente. Então, a experiência que a gente percebe durante a exposição é que realmente é para crianças de todas as idades”.
“As pessoas mais velhas ou mais novas, não importa, elas param, observam e entram na brincadeira de fazer a observação através da engenharia reversa, que é tentar descobrir que forma que gerou aquele animal. E isso acontece com todo mundo, de todas as idades”, salienta o artista Marcos Scorzelli.
O curador Guto Nobre enfatiza que as formas e as cores das esculturas são o que chamam a atenção do público. “Por trabalhar com formas simples e com animais simples, com cores primárias, resgata a criança dentro de cada um, se estendendo a cada visitante independentemente”.
Megabichos