Logo O POVO+
Série baseada em peça de Miguel Falabella chega ao Disney+
Vida & Arte

Série baseada em peça de Miguel Falabella chega ao Disney+

Miguel Falabella leva para o streaming uma versão do espectáculo "O Som e a Sílaba", obra que aborda neurodiversidade e amor às artes
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Foto: Disney /Divulgação "O Som e a Sílaba": série baseada em peça de Miguel Falabella chega ao streaming

A série "O Som e a Sílaba", criada e roteirizada por Miguel Falabella, estreia no Disney+. Inspirada na peça teatral homônima, a produção acompanha a emocionante jornada de Sarah Leighton (Alessandra Maestrini), uma jovem no espectro autista com talento musical extraordinário, que sonha em se tornar uma estrela de ópera. A trama explora o desenvolvimento pessoal de Sarah ao lado de sua professora de canto, Leonor Delise (Mirna Rubim), enquanto ambas enfrentam desafios emocionais e descobrem a força transformadora da música.

Com um elenco de peso, incluindo Miá Mello, Maria Padilha e Juliana Didone, a série traz à tona questões sobre neurodiversidade, superação e relações humanas. A direção-geral é de Miguel Falabella, que também assina o roteiro junto a Rosana Hermann e Emilio Boechat, com direção de Cininha de Paula e Juliana Vonlanten.

O Vida&Arte conversa com o autor e uma das protagonistas da série sobre essa estreia, que alcançará cerca de 70 países no mundo todo por meio das telas do serviço de streaming.

O POVO – "O Som e a Sílaba" é um musical já reconhecido nacionalmente. O que motivou levar esse trabalho, já consolidado nos teatros, para o streaming?
Miguel Falabella – Eu achei que precisava alcançar um público mais amplo. Queria que mais pessoas discutissem, não só a neuroatipia da protagonista, o autismo, mas principalmente a música clássica, que acredito ser algo que o Brasil não valoriza e não ouve, mesmo sendo algo que faz parte do ser humano e que é muito importante. Sou apaixonado por ópera, acredito que a música clássica nos coloca numa outra vibração, numa sintonia fundamental. Então, juntei esses dois interesses na peça originalmente, que escrevi especialmente para Mirna e para Alessandra, e achei que, trazendo-a numa série, mais pessoas poderiam ter acesso a isso.

OP – Mirna, você interpreta a professora da Sara, que é portadora do espectro autista. Esse papel a aproximou mais desse espectro? Como foi a experiência?
Mirna Rubim – Sempre tive paixão por pessoas neurodiversas. Antes de fazer a série, dei aula para um rapaz com paralisia cerebral, e também tive outro aluno com a mesma condição. Já tive outros alunos no passado com algum tipo de neurodiversidade, e tenho muitos alunos com TDAH. O cérebro me fascina. Então, aproximar-me desse tema que o Miguel trouxe para nós foi fascinante. Poder mergulhar, estudar livros e assistir a todas as séries existentes sobre autismo foi muito interessante para mim. E, mais interessante ainda, foi ver e falar do poder que a música tem para organizar a mente humana. Isso é algo que fica muito claro na série, não de forma didática ou científica, mas você vê a transformação da Sara, se organizando emocionalmente através da música. E essa relação entre as duas, sendo aproximadas através das aulas de canto, é algo realmente bonito, que precisa ser falado e que espero que fique claro para o grande público. Tenho certeza de que vai tocar muita gente, porque não fala apenas de música, mas também de relações humanas, que são aproximadas através da música.

OP – Quais foram as principais mudanças feitas para adaptar o projeto original do teatro para o streaming? Vocês sentiram muita diferença?
Miguel – A peça tinha duas protagonistas, e tive que dar vida às personagens que eram apenas citadas no palco. Também precisei criar outras personagens, que fossem coerentes e que habitassem aquele universo lírico e neuroatípico. Queria criar mais conflitos para a personagem da Mirna, além do conflito com sua filha, com quem ela tem um problema sério. Criei uma governanta, que é uma espécie de eminência parda que anda pela casa, acompanha a carreira dela e, na verdade, inveja a vida daquela mulher. Então, essa mulher, Leonor, na verdade, não está sozinha, mas está muito sozinha. Fui criando esses personagens. O irmão já existia na peça, era citado, mas tive que colocá-los em carne e osso.

OP – Gostaria de tocar também no atual contexto do teatro nacional. Fortaleza, por exemplo, não recebe muitos musicais. Levar esses projetos para o streaming é, também, uma maneira de aumentar o interesse do público? De que maneira vocês avaliam a convergência entre essas duas linguagens, da televisão e do teatro, neste momento da cultura?
Miguel – Acho muito importante. Acredito que a grande qualidade da série é que ela é absolutamente original. Inclusive, tivemos uma exibição no Copacabana Palace, e quando apareceu no telão do evento "O Som e a Sílaba", era diferente de tudo o que estava sendo mostrado. Era muito original. Primeiro, a trilha sonora, que estará disponível em todas as plataformas digitais, é muito bacana. As pessoas vão poder ouvir essas pérolas, muito bem interpretadas, e o simples fato de ter uma trilha sonora lírica já faz toda a diferença. E falar de um tema que hoje em dia todo mundo discute, porque a neurodivergência é um assunto muito abordado atualmente, é necessário. Então, acredito que seja por aí.

OP – Tivemos o prazer de estar nesse anúncio no Copacabana Palace, e vocês foram uma das várias produções nacionais anunciadas pela Disney . Gostaria de saber como é para vocês, como artistas brasileiros, a importância de um investimento como esse no cinema nacional?
Miguel – Acredito que é algo absolutamente meritório, necessário e importante. Porque, não só no Brasil, mas acho que o Disney atua no mundo inteiro. Então, essa troca de talentos é muito importante e merece ser aplaudida. Porque não só gera empregos, mas há uma troca de talentos global que é muito relevante.
Mirna – Inclusive, "O Som e a Sílaba" estará em 70 países que falam português, espanhol e inglês. Vai ter uma penetração gigante. Desejamos de coração que essa série toque muitos corações, porque essa história que o Miguel criou é extremamente transformadora.

 

"O Som e a Sílaba"

  • Disponível em disneyplus.com

 

O que você achou desse conteúdo?