“O meu trabalho é uma investigação permanente de como vivemos e fazemos para continuar vivos em um planeta com tanta dificuldade e diversidade de pensamentos. No fundo, é uma homenagem ao ser humano”, reflete Celso Oliveira. Nesta sexta-feira, 30, a mostra “Habitantes”, que carrega este olhar do fotógrafo, será exposta no Instituto Poliglota, na unidade da Praia de Iracema.
Celso tem quase 50 anos de carreira, começou a atuar em 1975 e passou por jornais como O POVO e O Globo. Na exposição, traz imagens que atravessam décadas de trabalho — algumas fotografadas no início de sua atuação, na década de 1970, outras capturadas nos anos de 1980. A maioria, ele conta, são da década de “1990 para cá”.
Não apenas de diferentes anos, as fotos também percorrem diferentes cidades mundo afora, especificamente seus habitantes. A partir da década de 2000, Celso começou a se dedicar e estudar à fotografia latino-americana. Com alunos de diferentes áreas do Brasil, que estudavam fotografia, para países como Cuba e Argentina.
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“Nesses percursos, a palavra que mais ouvia quando a gente perguntava alguma coisa sobre uma região, a pessoa falava: ‘A cidade é muito interessante. Tem muitos habitantes que moram na montanha’ (por exemplo)“, compartilha.
Foi essa repetição da palavra “habitantes”, somada às interações durante o caminho, influenciou na escolha do nome da mostra. “Esse nome ‘habitantes’, é muito em homenagem às pessoas que habitam o planeta de forma plena”, declara.
O fotógrafo explica que, em sua visão, muitas pessoas não conseguem habitar “o planeta de forma plena”, ocupando os “espaços de suas cidades”. Muitos, por exemplo, se escondem e fogem da violência dos locais em que vivem. Mas há aqueles que conseguem, “mesmo com dificuldade”, aproveitar e preencher esses espaços.
“A sensação que tenho é que quem habita o planeta são essas pessoas que conseguem sair dessas barreiras, da dificuldade de viver no planeta. É uma grande homenagem às pessoas que conseguem habitar e cuidar dele”, sustenta.
Celso Oliveira acredita que a mostra pode proporcionar ao público uma reflexão sobre “como vivemos e o que estamos fazendo com a vida”. “A foto é uma coisa única. Com uma foto ela tem que passar e preencher essa leitura de emoções que tem naquela imagem”, reflete.
“Acho que estou cutucando as pessoas (para que), de uma forma, tenham uma vida melhor, podendo usufruir mais do planeta, cuidando dele”, completa.
Além da exposição, o fotógrafo radicado em Fortaleza está finalizando um livro sobre o projeto “Habitantes”. Ele estima que o lançamento da obra deve acontecer em outubro ou novembro, aprofundado a temática iniciada com a mostra.