Muitos eventos de artes visuais tendem a ser homogêneos. Tanto nas obras, que por vezes são fixadas em formatos que não conversam com os visitantes, como nos nomes que as assinam, recorrentemente reconhecidos no meio. Entretanto, a perspectiva é diferente ao percorrer o pavilhão da terceira edição do SP-Arte Rotas Brasileiras.
Passear nos corredores da feira situada no Arca, espaço cultural de São Paulo, é também pincelar diferentes experiências do mesmo Brasil. Painel raro de Adriana Varejão convive com os quadros de Roxinha, artista de Alagoas que trabalhou no campo antes de se dedicar às pinturas de situações cotidianas (duas amigas tomando sol ou um casal com seus animais de estimação: "eles são uma gracinha", diz o segundo retrato).
Coleção de bancos indígenas criados pelo artista Turuza Waurá, do Xingu, estão situados em paralelo aos letreiros coloridos de Filipe Grimaldi. É uma mistura composta por 250 artistas, entre personalidades contemporâneas e destaques do cenário artístico, dividida entre talentos de 15 estados - número ressaltado pela idealizadora Fernanda Feitosa.
"Nosso objetivo com o Rotas é expandir o olhar do mercado de arte, que é tradicionalmente baseado na cidade de São Paulo, expandir esse olhar para a produção artística de outras cidades. É uma via de conexão, uma comunicação que a gente busca com todas essas gerações, estéticas e especificidades de cada um dos estados brasileiros", sintetiza.
Uma das novidades da edição de 2024 é a direção artística de Rodrigo Moura, curador do El Museo del Barrio, em Nova York. Ele indica como destaque a criação do setor Mirante, que reúne grandes obras raramente exibidas. "O principal diferencial desta feira é o alcance geográfico. Você tem uma riqueza, é indispensável para quem quer conhecer a arte brasileira", opina o crítico.
Para além do público, a troca também se torna interessante para os artistas participantes. Arrudas, artista visual do Ceará, retorna a SP-Arte com quatro telas por meio da Galeria Leonardo Leal (ao lado de Beatrice Arraes, Cadeh Juaçaba, Diego de Santos, Júlia Aragão e Thales Pomb).
"A SP-Arte é um momento muito importante na minha carreira, tenho um maior ganho em um espaço de pintura, principalmente de valorização da obra, tem um público muito receptivo ao meu trabalho", opina Arrudas.
Com "casa cheia", como caracteriza Fernanda, o evento segue até domingo, 1º. Neste sábado, 31, continua a programação com rodas de conversa sobre a trajetória dos artistas Ayrson Heráclito, Nádia Taquary e Thiago Martins de Melo.
*A jornalista viajou a convite do evento
SP-Arte Rotas Brasileiras