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Exposição no MCC celebra 80 anos do cartunista Mino
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Exposição no MCC celebra 80 anos do cartunista Mino

Cartunista, pintor e poeta, Mino celebra 80 anos de idade com mostra "Mino por Inteiro"; exposição tem curadoria do jornalista e cronista do O POVO Flávio Paiva
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Cartunista, pintor e poeta, Mino celebra 80 anos de idade com exposição no Museu da Cultura Cearense (Foto: Robyson Alves/Divulgação)
Foto: Robyson Alves/Divulgação Cartunista, pintor e poeta, Mino celebra 80 anos de idade com exposição no Museu da Cultura Cearense

Quando se fala da história do cartum brasileiro, nomes como Millôr Fernandes (1923-2012), Ziraldo (1932-2024), Maurício de Sousa, Laerte, André Dahmer e outros artistas de destaque nacional vêm à mente. Tão importante e marcante quanto os nomes citados inicialmente, Hermínio Macêdo Castelo Branco, o Mino, marcou uma geração de desenhistas o e admiradores do gênero artístico por todo o Estado.

Nascido em Fortaleza no dia 3 de maio de 1944, Mino completou 80 anos de idade – sendo destes, mais de 50 anos de carreira artística – e celebra sua trajetória como desenhista, pintor, ilustrador, poeta e autor com exposição no Museu da Cultura Cearense (MCC).

Na inauguração marcada para este sábado, 7, a mostra “Mino por Inteiro” ocupa duas salas do equipamento localizado no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

Com curadoria do jornalista e cronista do O POVO Flávio Paiva, a Sala Azul apresenta obras com “predominância do preto e do branco”, conforme detalha o curador, tais como desenhos, poemas e cartuns. Já na Sala Vinho, destaca-se a diversidade de cores nas telas e nas representações do Capitão Rapadura.

Personagem célebre da trajetória de Mino, o Capitão Rapadura marcou a memória de gerações de crianças e jovens do Ceará. Concebido ainda na década de 1970, o personagem nasceu como uma representação do super-herói brasileiro que tinha a rapadura como fonte de energia.

“O Ziraldo, uma vez, disse que ele não sabia, às vezes, se ele tinha achado a ideia ou se a ideia é que tinha achado ele. O Capitão Rapadura me fez pensar sobre isso, porque ele surgiu, chegou e apareceu dessa maneira. Até parece que foi ele que me encontrou, ele que me descobriu”, relembra Mino.

Citando personagens que “povoaram o mundo HQ” na sua época, como Mickey, Sig, Frajola, Piu Piu, Pernalonga e o Popeye; o cearense afirma que o Capitão Rapadura se deu a partir da mistura de todos eles. “Essa mistura é um processo interno. Não sei como explicar essa alquimia, mas acho que foi assim. É o resultado de todos”, conta.

Homenagem em desenho de Mino sobre O POVO(Foto: Mino/Divulgação)
Foto: Mino/Divulgação Homenagem em desenho de Mino sobre O POVO

Publicado em revistas, almanaques e quadrinhos, o Capitão Rapadura chegou a ser o primeiro contato profissional de outros jovens desenhistas cearenses. Em 1997, Daniel Brandão, JJ Marreiro e Geraldo Borges receberam a missão de contribuir na produção de novas histórias para o personagem idealizado por Mino.

“Eu amo o Capitão Rapadura. Para mim, é o personagem mais icônico do nosso Estado. Ele foi fundamental na minha carreira e foi uma honra ter começado a trabalhar justamente com o Rapadura. Seria o equivalente a um quadrinista argentino iniciante começar a sua carreira com a Mafalda. Uma baita sorte…”, assume o quadrinista Daniel Brandão.

Mino inspira desenhistas contemporâneos

Assinando as tirinhas “Os Mundos de Liz” e “Desenho Vivo” publicadas no Vida&Arte, Daniel relata sua admiração e gratidão a Mino durante os mais de 10 anos em que trabalharam juntos: “O Mino é inspirador. Um gênio. E, como todos os verdadeiros mestre, ele é uma pessoa simples e extremamente generosa. Na minha opinião, Mino é o maior artista do nosso Estado”.

Nos caminhos do desenho, que foram responsáveis por conduzir o artista até onde ele se encontra atualmente, Mino contribuiu com símbolos que marcaram o mercado publicitário de Fortaleza, além de produzir tirinhas publicadas rotineiramente nas páginas do Jornal O POVO durante muitos anos.

“Eu comecei no O POVO ilustrando a sessão ‘Chuteira, Trava e Canela’, que era sobre humor e futebol. Depois comecei a fazer pequenas ilustrações para o jornal”, recorda. Mino descreve ter “passado um período bom”, citando a boa relação que tinha com Demócrito Dummar (1945-2008) e as “pessoas maravilhosas da geração” que conheceu no O POVO.

Avaliando a preservação do jornal impresso, Mino aproveita para refletir sobre a sua produção artística que se mantém até os dias atuais: “A gente tem que ter um olhar debruçado sobre essas coisas [consideradas antigas] com muita acuidade, porque toda obra do fazer humano é muito rico, então você pega uma coisinha lá de trás, uma ideia que veio há tempos e foi anteriormente desprezada, aí você traz e bota a ‘roupa nova’ nela, e ela vira uma coisa completamente maravilhosa. E é assim que eu sigo desenhando”.

Na exposição que traz um apurado de suas criações, desde desenhos, poemas e pinturas, Mino revela que irá chegar no dia “de surpresa” e que irá descobrir como estará a “Mino por Inteiro” na abertura desta semana no MCC.

“Eu tenho guardado aqui mais de 5 mil desenhos, inúmeros quadros, textos aguardando virarem livros… Então essa exposição é a ‘ponta do iceberg’ para a minha história na arte. Tenho muito orgulho de ter respeitado meu trabalho e não ter jogado nada no lixo. Meu compromisso é com a história, a beleza da arte e o retrato social do mundo que estamos vivendo, e, fazer tudo isso responsavelmente de forma limpa, clara e correta, é o que eu fiz durante esses 80 anos”, conclui Mino.

Ocupação Mino Por Inteiro

  • Visitação: de 7 de setembro a 3 de novembro
  • Quando: quarta a sexta-feira, das 9 horas às 18 horas; sábado, domingo e feriado, das 13 horas às 18 horas
  • Onde: Museu da Cultura Cearense (rua Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)
  • Gratuito

 

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