Quando pensamos em filmes que exploram o mundo dos seres sobrenaturais, como fantasmas, nossa mente geralmente se volta para o terror, com histórias intensas e frequentemente sombrias. Em 1988, Tim Burton optou por seguir o caminho oposto com "Beetlejuice", ou como ficou conhecido no Brasil, "Os Fantasmas se Divertem". Na comédia de terror um casal de fantasmas recém-falecidos contrata um bioexorcista excêntrico, Beetlejuice, para assustar os novos moradores de sua casa.
Apesar do tom gótico, marca registrada do diretor, "Beetlejuice" aborda a morte e a transição para o outro mundo de forma hilária, caótica e até despretensiosa. Mais de 30 anos depois, Burton retorna ao universo que deu origem ao icônico bioexorcista.
Lydia Deetz (Winona Ryder), agora uma famosa apresentadora de programas sobrenaturais, volta à cidade de Winter River após uma tragédia familiar. A ocasião a faz revisitar momentos do passado junto com sua madrasta, Delia Deetz (Catherine O'Hara), e sua filha Astrid Deetz (Jenna Ortega). No entanto, quando a filha de Lydia acidentalmente adentra o mundo sobrenatural e as coisas saem de controle, Lydia se vê forçada a recorrer a quem ela menos gostaria.
"Beetlejuice, Beetlejuice" segue a fórmula de sucesso de seu antecessor, mas se atualiza de forma natural, trazendo referências sutis ao filme original, muito bem integradas. Apesar de uma trama aparentemente simples, o filme continua abordando o tema do pós-vida de maneira única e divertida. Embora um drama familiar guie os momentos iniciais do longa, ele logo foca no "outro lado".
A produção preserva os efeitos práticos (bonecos, maquiagem, manipulação...) que já eram marca registrada da franquia, mas mesclados com efeitos visuais modernos de forma fluida, o que enriquece a experiência do espectador. Sempre equilibrando-se na linha tênue entre a comédia e o gore, o filme mantém um tom natural.
Winona Ryder reprisa seu papel como Lydia Deetz de maneira brilhante, trazendo um conflito interessante com a filha. Agora mais madura, Lydia se aproxima de sua madrasta Delia, resultando em cenas divertidas. Astrid Deetz, filha de Lydia, é uma adição valiosa à trama, e seu conflito com a mãe aborda temas relevantes, como a ausência maternal, criando uma dinâmica envolvente entre o trio de protagonistas. Mas é Michael Keaton quem rouba a cena mais uma vez.
Embora não tenha o maior tempo de tela, todas as aparições de Beetlejuice são extremamente divertidas e desconfortáveis. Michael Keaton equilibra perfeitamente o caos que envolve seu personagem, cativando o público e, ao mesmo tempo, repugnando os personagens que interagem com ele. E mesmo quando o filme reutiliza artifícios já conhecidos, quando se trata de Beetlejuice, ele consegue surpreender com inovações inesperadas, garantindo boas risadas.
"Beetlejuice, Beetlejuice" valoriza seu antecessor e faz um resgate interessante de suas origens, ao mesmo tempo em que inova com uma trama focada em dramas menores, indo além de uma simples reciclagem. E, claro, nos imerge mais uma vez na peculiar dinâmica do mundo dos mortos, de uma forma que só Tim Burton sabe fazer, mesclando com maestria o gótico e a comédia.
Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice
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