Destaque no vasto mapa cultural e criativo de Fortaleza, o Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE) abre espaço para novas conexões estéticas a partir da itinerância da 35ª Bienal de São Paulo, um dos maiores eventos das artes visuais do País. Esta já é a terceira edição da parceria que segue até 10 de novembro deste ano.
A mostra reúne um acervo de 14 participantes nacionais e internacionais da 35ª Bienal de São Paulo e conta com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel.
Intitulada “Coreografias do Impossível”, a exposição possui um acervo com trabalhos que contemplam temáticas sociais, políticas e culturais. Além de destacar a ancestralidade de povos afro-americanos, indígenas, africanos, jamaicanos e bolivianos.
“A curadoria buscou explorar questões sociais, políticas e culturais contemporâneas por meio da arte. A seleção dos artistas aconteceu de maneira cuidadosa, levando em consideração a diversidade de vozes e perspectivas necessárias para os debates propostos”, explica Andrea Pinheiro, presidente da Bienal de São Paulo.
Nesta passagem pela capital alencarina, o evento tem como diferencial ser a única cidade a receber o coletivo Cozinha Ocupação 9 de Julho, do Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC).
O projeto desenvolvido desde 2017 atua com uma rede multidisciplinar, com políticas de redistribuição e lixo zero. Voltado especialmente à questão de segurança alimentar, em busca de visibilidade à luta por moradia em São Paulo.
Com um intercâmbio entre Sudeste e Nordeste, oriundo de uma parceria entre a Fundação Bienal de São Paulo e as instituições culturais cearenses, a presidente do evento destaca que as cidades escolhidas para sediar a exposição passam por um estudo estratégico para uma possível recepção.
“O roteiro do programa de mostras itinerantes é delineado a partir de critérios como perspectiva de público, relevância cultural, parcerias locais e possibilidades de financiamento”, ressalta.
A gestora acrescenta que sua conexão com o Ceará foi um fator considerado. “Nesse sentido, a escolha da capital cearense reflete sua importância crescente no cenário artístico e cultural do Brasil. E, claro, para mim há um componente especial, uma vez que se trata da minha cidade natal”, completa.
Com a proposta de explorar a tensão entre o real e o imaginário nestas 35 edições, a organização da mostra defende que a itinerância da Bienal é fundamental para democratizar o acesso à arte contemporânea sob um alcance de diversas comunidades, trocas culturais e novos pontos de vista para os temas das obras.
Fortaleza está entre as 11 cidades brasileiras que participam do projeto com o evento paulista. A diáspora do evento também ganha proporções internacionais com a participação da Argentina, Bolívia e Angola.
“Este ano marca a primeira vez que a Bienal chega ao continente africano, o que tem sido recebido de forma muito positiva. Essa expansão internacional permite que a Bienal se engaje com questões globais de forma mais direta e promova a produção curatorial brasileira para além do território nacional”, aponta Andrea Pinheiro.
Dentre as ações do intercâmbio na Capital, nesta quinta-feira, 12, a partir das 16 horas, os educadores Bruna de Jesus e Danilo Pêra realizam uma visita guiada à mostra. No mesmo dia, às 19 horas, a dupla que forma o núcleo educativo da Bienal realiza uma roda de conversa sobre o panorama da arte educação em São Paulo e no Ceará.
Andrea afirma que a escolha das ações educativas em cada território leva em consideração o “desenvolvimento de interações significativas entre o público e as obras, fomentando a inclusão cultural e a reflexão sobre as questões contemporâneas”.
“A parceria permite que a mostra seja adaptada ao contexto cultural da cidade, criando diálogos específicos entre as obras e o público local. Essa dinâmica fortalece o intercâmbio entre as regiões e entre as equipes das instituições, amplia o alcance da produção artístico-curatorial da Bienal”, encerra Andrea.
Fortaleza recebeu outras edições itinerantes da mostra, como em 2022, durante a 34ª Bienal de São Paulo com o título “Faz escuro, mas eu canto”. A 32ª Bienal de São Paulo, intitulada de “Incerteza Viva”, também foi exposta na capital cearense em 2017.
Devido à alta adesão do público nos anos anteriores é esperado uma maior participação e colaboração na programação do evento em 2024. As expectativas da presidente é o retorno para futuras exposições da Bienal na capital do Ceará.
35ª Bienal de São Paulo - coreografias do impossível