Quem nunca "falou pelos cotovelos" ou já "meteu os pés pelas mãos" usando uma expressão popular? No livro "Balaio de Gato", o autor Helder Ferreira de Moura abre o "baú de memórias" e revisita histórias sobre a origem de 750 ditados e expressões populares.
A quinta publicação do escritor é uma coletânea de muitos autores com a curadoria e escrita do dentista, pesquisador e escritor, que afirma adicionar à produção o conteúdo histórico, humorístico e reflexivo. O livro está à venda no perfil do Instagram do autor (@helderdemouraescritor) e nas unidades da livraria Leitura.
O acervo de expressões populares possui algumas orações que não têm uma origem totalmente conhecida. Foi a partir da curiosidade em explorar a riqueza da tradição oral brasileira que o autor desenvolveu o livro.
"Inquieto com algumas expressões curiosas e esquisitas, eu fui tomando gosto, recebendo outras de amigos e vibrando com a origem e sentimento de cada uma. Não parei mais", relembra.
A diversidade linguística-cultural existente no Brasil defendida pelo escritor foi responsável pelo título "Balaio do Gato". Termo usado para indicar um local bagunçado, em que predomina uma desordem, mas que neste caso também faz uma analogia ao conjunto de significados presentes na obra, assim como se destina a todos os públicos.
A seleção feita por Helder começou durante a pandemia de Covid-19 e enfrentou alguns desafios: "Custo, tempo e fontes escassas de pesquisa", lista. "O livro deve ser respeitado pelo conteúdo que traz e pelo trabalho que dá nesses processos de pesquisa, revisão, diagramação, capa e, por fim, comercialização que o projeto passa", enfatiza.
A pesquisa para o "Balaio do Gato" é baseada nos livros de verbetes seguindo as referências dos autores Luís da Câmara Cascudo, João Ribeiro, Oswald Barroso, Mário Penna e alguns sites voltados para o tema.
Esse conjunto que contém palavras com suas definições, significados e explicações, segundo Helder, são identificados antes da ascensão do império romano. Ele explica que muitas expressões têm origem ainda nos costumes das antigas civilizações e foi sofrendo alterações até chegar a 2024.
Por esse motivo, o pesquisador nascido em Umari, no Ceará, decide dividir a obra em grupos. O livro é separado em expressões clássicas do Império Romano, Idade Média, Renascimento, Colonização do Brasil, chegada de Dom João VI, folclore político, histórias do sertão e cearensês.
Essas variações dos termos no decorrer do tempo refletem nas adaptações que chegaram às redes sociais com os famosos memes e ultrapassam o espaço virtual e marcam a oralidade e a escrita da sociedade contemporânea, sem deixar de ocupar a função de verbetes.
A importância de trazer uma produção que explica e destaca os elementos culturais e regionais é necessária de acordo com o escritor. Ele enfatiza que apresentar as expressões é uma maneira de reafirmação da cultura brasileira e cearense.
"É importante por ser um resgate de expressões vindas até línguas mortas que por oralidade ou escrita trazem entretenimento, história, humor e contextualizam com nossa cultura. Faz, também, um contraponto à invasão de estrangeirismos e novas tendências vulgares sem contrariar o aparecimento de neologismos", reforça.
"Balaio de Gato" teve seu lançamento no dia 9 de agosto no clube esportivo Círculo Militar de Fortaleza. Para esse mês, são esperados eventos de relançamento da obra, que estão previstos para o dia 23 de setembro, em Cajazeiras, e outro sem data definida na Embaixada da Cachaça.
No entanto, o escritor pretende seguir em breve para a seu 6° livro que se chama "Maria Olívia" e deve contar com a parceria da escritora Aila Sampaio. Apesar da novidade prevista para sair ainda em 2024, o pesquisador pretende prosseguir com os estudos voltados às expressões da nossa língua.
"A nova obra trata-se de um romance, do período monárquico, baseado em história real que poderá derivar para teatro, televisão e cinema. Tenho também pesquisa adiantada sobre Música Popular Brasileira, notadamente o estudo dos letristas", conclui.
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