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Pintor Stênio Burgos reúne obras autobiográficas em exposição
Vida & Arte

Pintor Stênio Burgos reúne obras autobiográficas em exposição

Exposição "Ser Tão Mar", de Stênio Burgos, leva a Caucaia um pedaço da vida do pintor por meio de sua arte
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Stênio Burgos apresenta exposição
Foto: Brenda Alcântra/Divulgação Stênio Burgos apresenta exposição "Ser Tão Mar" no Espaço Cultural Arandu

“A arte me faz entender que a vida ainda vale a pena. Todas as dificuldades que nós temos ao acordar e ao dormir, a vida ainda vale a pena pela arte. É um sopro de esperança”, declara Stênio Burgos, que está com a exposição “Ser Tão Mar” no Espaço Cultural Arandu, em Caucaia, realizada pelo Instituto Myra Eliane.

Na afirmação anterior, o artista falava sobre a importância que a arte tem na vida de crianças, assim como em sua própria. O instituto responsável é voltado para a educação infantil e, pensando na interação que os pequenos terão com as obras, Stênio argumenta que a partir delas, eles podem ser “transportados para um mundo de cor”, além de adicionar uma visão própria ao que está sendo observado.

Este pensamento do pintor está alinhado com o de Leonardo Leal, convidado pelo Instituto Myra Eliane para realizar a curadoria da mostra. “O objetivo é tocar, sensibilizar; é tentar estimular. É mostrar que por meio da arte você pode viajar, sonhar e, antes de tudo, você pode realizar”, sustenta.

Obra da exposição "Ser Tão Mar", do cearense Stênio Burgos(Foto: Brenda Alcântra/Divulgação)
Foto: Brenda Alcântra/Divulgação Obra da exposição "Ser Tão Mar", do cearense Stênio Burgos

Leal reuniu obras de Stênio que já estavam no acervo do Instituto, assim como algumas outras cedidas pelo artista. Os quadros foram pintados em diferentes momentos, alguns sendo de 2002 e outros feitos durante a pandemia da Covid-19, retratando tanto o sertão, com pinturas que retratam a paisagem de Crateús, como o litoral, com traços que eternizam as cores de Amontada.

“Só pinto minha vida. Eu só pinto minha paisagem, as pessoas que estão na minha casa; me pinto muito também. Minha pintura é muito autobiográfica”, explica o artista. Uma delas, por exemplo, é a série “Cartas de um confinamento”, feita no período do isolamento pandêmico e não tendo sido exposta anteriormente.

“Eu tenho meu ateliê em Amontada e fiquei muito isolado nesse tempo de pandemia. A cada dia eu ia pintar para mostrar para as pessoas que eu ainda estava vivo, que estava bem e pintando. Mesmo com o isolamento e com todas as dificuldades que passamos no período”, elabora.

O curador da mostra, Leandro Leal, conta que sabia que as obras de Stênio são biográficas, além de lembrar sua conexão com as duas regiões distintas. Assim, enxergou a oportunidade de trazer a conexão entre “esse homem do sertão e esse do mar”. “Até porque denota um deslocamento, uma viagem. E ele viajou pelo mundo morou em vários lugares”, pontua.

A mostra está dividida em núcleos. Um deles aborda a educação, já que tem essa realização em parceria com o instituto educacional, dialogando sobre a importância e o que move a educação. Outro núcleo retrata paisagens que Stênio viveu, visualizadas a partir da janela de sua residência em Fortaleza, Amontada ou Crateús.

“Ela (a ideia da divisão por núcleos) veio de interação com os trabalhos. Muitas vezes, evito chegar com alguma ideia pré-determinada quando eu vou olhar a obra. Gosto de observar e perceber como elas me motivam e me tocam. E aí, ao observar as obras, ficou latente as possibilidades desses núcleos”, narra o curador.

Obra da exposição "Ser Tão Mar", do cearense Stênio Burgos(Foto: Brenda Alcântra/Divulgação)
Foto: Brenda Alcântra/Divulgação Obra da exposição "Ser Tão Mar", do cearense Stênio Burgos

Leal também destaca a importância da exposição acontecer em um local que “habitualmente” não é ocupado, alcançando um público diferenciado ao expor para crianças de diferentes faixas etárias que frequentam o Instituto ou as da rede pública de ensino que farão visitação com as escolas, e até mesmo dos pais delas.

“Penso que a exposição deva funcionar como um start para as pessoas que a frequentarem, como aquela coisa que diga: ‘Eu também posso. Eu vou tentar. Eu vou fazer’”, arremata.

Já Stênio espera que a mostra acrescente “nem que seja um tijolinho” na vida de quem a visita. “É um esforço de um habitante do planeta Terra que trabalha com pintura e que gostaria de contribuir com alguma coisa em algum momento. Pode ser ínfimo a contribuição, mas eu gostaria que aquilo tirasse um pouco o peso do cotidiano”, expressa.

Sobre o artista

Em 1978, graduou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). No período de 1984 a 1987, residiu em Barcelona, com bolsa concedida pelo Ministério de Assuntos Exteriores da Espanha, no Grupo "Forum Humanum" do Clube de Roma. Estudou desenho e pintura no Estudi Chelsea, dirigido por Emma Grau, e participou de mostra coletiva de pintura, na Sala Sant Jordi (1986). Entre os anos de 1988 e 2001, atuou como arquiteto autônomo. A partir de 1999, dedica-se à pintura, em tempo integral. Em 2000, faz uma exposição individual na Casa Cor (Fortaleza), com a série de "Marinhas". Em 2001, faz nova exposição individual na CasaCor (Fortaleza), com o painel intitulado "Álbum de Família", composto por 38 quadros e 1 espelho. Integrou ainda exposições coletivas no Espaço Cultural do Banco Central do Brasil (Rio de Janeiro).

 

Exposição "Ser Tão Mar"

  • Quando: até 18 de outubro, de segunda a sexta-feira, das 7h30min às 16h30min
  • Onde: Espaço Cultural Arandu (avenida Central, s/n, no Araturi, em Caucaia)
  • Gratuito 
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