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30 anos de Tropicaliente: atriz cearense relembra bastidores de gravação
Vida & Arte

30 anos de Tropicaliente: atriz cearense relembra bastidores de gravação

A exibição de "Tropicaliente" movimentou talentos do Ceará; atriz Jamilca Brito relembra gravações do folhetim
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A atriz cearense Jamilca Brito participou como figurante da novela Tropicaliente. (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS A atriz cearense Jamilca Brito participou como figurante da novela Tropicaliente.

"Tropicaliente" começou a habitar o Ceará bem antes de sua estreia na televisão. Em março de 1994, uma movimentação incomum marcou a praia de Porto das Dunas, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza.

Ali, de frente para o Oceano Atlântico, trabalhadores construíram casas e comércios, fazendo emergir da areia uma cidade tal como uma criança brinca de faz de conta.

Aquelas simples casinhas de madeira abrigariam um número limitado de pessoas por um curto período de tempo, mas seriam vistas por milhões de telespectadores e imortalizadas na história do Ceará.

Naquele lugar se instalava a vila de pescadores de "Tropicaliente". Alguns dos proprietários das residências eram rostos novos na TV, mas que viriam a ser nacionalmente conhecidos tempos depois. Entre eles: Carolina Dieckmann, Giovanna Antonelli, Selton Mello, Paloma Duarte e Márcio Garcia. Entre os novos moradores daquela vizinhança, os cearenses que atuaram na novela e aqueles que acompanharam de perto as gravações, sentiam-se em casa.

Nascida na cidade do Crato, a 508 km de Fortaleza, Jamilca Brito, hoje com 57 anos, tem as artes cênicas correndo em suas veias. Poliglota e mãe de duas filhas, a atriz acumula trabalhos em campanhas publicitárias, peças teatrais, curtas-metragens e telenovelas.

Por quase um ano, uma das casinhas da vila de pescadores de "Tropicaliente" pertenceu à Jamilca. Em entrevista ao O POVO, ela relembra que as filmagens ocorriam durante dez dias por mês. No período, o elenco vinha do Rio de Janeiro para gravar em Fortaleza e em cidades da Região Metropolitana da Capital.

Os figurantes contratados pela TV Globo eram levados para a cidade cenográfica montada no Porto das Dunas, em Aquiraz. "Eu pegava o ônibus fretado na avenida, passava ali pelo bairro Meireles e depois seguia para o set de gravações próximo ao Beach Park", relembra Jamilca Brito.

Entre uma gravação e outra, não faltaram ocasiões para registrar os momentos, confessa a atriz cearense. Como quem guarda um precioso tesouro, Jamilca exibe fotografias com astros do elenco, como Herson Capri, Márcio Garcia, Carolina Dieckmann e Carla Marins.

Ao longo da produção, não faltaram oportunidades para tietar e ser tietada. Jamilca relembra uma ocasião onde, após uma rodada de filmagens no Beach Park, um grupo de pessoas se aproximou dela e pediu seu autógrafo.

Assim como Santana do Agreste, de "Tieta", ou a famosa Pontal D'Areia, de "Mulheres de Areia", e tantas outras que vieram depois, a vila de pescadores de "Tropicaliente" foi desmontada. Certamente os materiais foram reutilizados em outros microcosmos de outras telenovelas. No local onde outrora o mundo se fez, hoje é a Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Pacoti.

Ao lado seguem-se os luxuosos condomínio na faixa de areia que vão até depois do Beach Park. Sob a busca de uma vista tropical e de um clima "caliente", a especulação imobiliária também se fez presente nas lembranças de Tropicaliente.

Lembranças que fazem parte da história de Jamilca Brito e as quais a atriz guarda consigo até os dias atuais. No decorrer destas três décadas, ela aprendeu a falar outros três idiomas, estudou filosofia, morou na Argentina e se tornou mãe de duas filhas, Pétala e Catarina, mas nunca esqueceu os momentos vividos ao longo da trama.

Após a novela, Jamilca manteve-se imersa no meio cênico. A atriz foi modelo das lojas Mesbla, ministrou cursos de atuação no Teatro José de Alencar (TJJA), deu vida outros personagens, como Maria Madalena, na peça "Jesus, o Cristo", produzida pela A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Atualmente, Jamilca auxilia no processo de alfabetização de crianças no residencial Cidade Jardim II e no José Walter, em Fortaleza, local este que fora escolhido pela atriz para ser realizada a entrevista. Para ela, o espaço do Cuca a faz "sentir viva, pois é um local onde posso atuar, ser artista e passar meu conhecimento".

 

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