Com 10 anos de carreira, Bruno Hrabovsky só conseguiu vir a Fortaleza pela primeira vez em 2023, trazendo uma apresentação com sucessos de 15 bandas do rock tocadas no piano. A performance única foi o suficiente para mostrar ao músico que ele “não poderia deixar de voltar pelo menos uma vez ao ano” à cidade.
Em 2024, o curitibano cumpre esse desejo e volta à capital cearense para outro show, desta vez com a turnê nordestina “Rock ao Piano - Especial Queen”. A apresentação acontece nesta quinta-feira, 3, no Theatro José de Alencar, às 19h30. “Fico feliz de já na minha segunda vez na cidade tocar no seu espaço mais nobre e importante, que é o Theatro José de Alencar”, celebra.
O projeto “Rock no Piano” surgiu em 2013, unindo duas paixões de Bruno – desde criança estudou piano erudito, assim como sempre gostou de consumir músicas de rock. “Na adolescência consegui perceber que podia juntar esses dois mundos, criando versões daquilo do que sempre gostei de ouvir, todos os arranjos que toco são tirados de ouvido”, conta.
Explicando essa afirmação, os arranjos tocados por elenão possuem partitura, pois o curitibano tem ouvido absoluto. Isso significa que ele “consegue identificar as notas” de uma música, por exemplo, apenas de escutá-la.
“Para mim é muito tranquilo pegar e traduzir isso (rock) no piano. Todos esses arranjos de rock que toco não são partituras que encontro em algum lugar ou que escrevo. Basicamente, escuto as músicas e vou criando os arranjos no piano, memorizando como eles são”, explica.
Retornando ao show, Bruno leva ao público um repertório composto por músicas ligadas a seu gosto pessoal, guiados a partir de uma narrativa montada pelo artista, construindo momentos de interações com o público. O repertório é apresentado em ordem cronológica, com uma contextualização da história do álbum nos quais as músicas estão presentes, trajetória da banda e o que motivou ele a escolhê-la.
“Acho que as apresentações têm que ser mais do que apenas músicas. Existe muita informação para ser passada e qualquer releitura que eu apresente, acho que é muito mais significativa para quem está assistindo se ela tiver um contexto. Então, principalmente se eu quero fazer uma homenagem a essa banda que eu tô apresentando, tenho que falar o que estou tocando”, elucida.
A homenageada da atual turnê é a banda Queen, dona de hits como “Bohemian Rhapsody”, “Love of My Life” e “Don’t Stop Me Now”. A decisão de trazer o grupo britânico partiu de dois pontos: pelo valor comercial que ele tem, mas pela possibilidade de elaborar uma performance que fosse além do que as pessoas conhecem, trazendo músicas conhecidas e outras que não são, “mas são importantes para a história da banda”.
“É uma banda formada por quatro excelentes músicos, os arranjos que eles fizeram são bem feitos e complexos. Musicalmente eu preciso estruturar uma apresentação rica e bem interessante. Acho que a apresentação pode ir muito além do musical”, afirma.
Uma das canções mais especiais apresentadas por Bruno, em sua opinião, é “The March of the Black Queen”, tocada no início do show. Em entrevista ao antigo jornal Melody Maker, em 1974, Freddie Mercury (1946 - 1991) revelou que começou a escrevê-la antes da formação do Queen.
Na entrevista, o cantor declarou: “Aquela música levou uma eternidade para ser concluída. Eu queria dar tudo de mim, ser auto indulgente ou algo assim”. Anos depois a BBC Radio 1, em 1977, os integrantes afirmaram que a gravação da música foi desafiadora.
“Você nunca viu nada assim, não, nunca na sua vida/ Como subir até o céu e então voltar vivo”, canta Freddie Mercury na faixa, que está presente no álbum “Queen II” (1974).
Bruno define a faixa como uma “composição extremamente importante” do cantor, não apenas por ela ser “boa”, mas também “complexa” — acrescentando que ela não é tão conhecida entre o público. “Por esses motivos, acho ela uma das mais simbólicas dessa apresentação, sem dúvida a mais difícil que tenho nesse repertório. Para mim, ela é a principal música desse show”, sustenta.
Rock ao Piano - Especial Queen