Com referências desde Jorge Ben Jor e Cidade Negra a Daft Punk e Lenny Kravitz, Matuê lança seu segundo disco de estúdio, "333", desafiando a lógica do mercado ao iniciar fase longe das grandes gravadoras. Quebrando recordes desde o início da carreira, o rapper apresenta novo capítulo da vida profissional e pessoal nas composições recém-lançadas.
Quando mais jovem, o cearense teve bandas de reggae e rock, até que decidiu se aventurar em estilos de música que representassem seu estilo eclético. Nesse disco, é apresentada uma narrativa cinematográfica, inspirada pela teoria da Jornada do Herói e por vivências do cantor no mercado fonográfico. "A minha arte vem dos acontecimentos da minha vida", explica, em entrevista ao Vida&Arte.
O "333" fala sobre o autoconhecimento do cearense, que, com suas composições e criações (como o selo 30PRAUM e o festival Plantão), mudou a forma em que a música urbana é vista e produzida no Brasil. Depois de quatro anos do seu primeiro álbum de estúdio, ele conta entender o novo projeto como um "presente aos jovens".
Ter se tornado pai e completado 30 anos, garante, foram momentos significativos na sua vida. Matuê narra ter se tornado uma pessoa mais disciplinada com sua saúde e estudos, além de um criador mais entusiasmado em aprender como melhorar no seu trabalho.
"O '333' começa com uma música que representa o meu início, talvez um Matuê das antigas, de início de carreira. E finaliza atualmente como uma forma de atualizar a galera de onde eu vim e para onde eu estou indo agora, musicalmente falando", conta.
Suas inspirações no mundo da música vieram de seus pais e de sua avó - mencionada na música "V de Vilão". "Tenho inúmeras influências em diversos gêneros musicais, coleciono vinil e, desde muito novo, gosto de música de diversos gêneros. Eu gosto de estudar e conhecer discografias", conta, citando ainda Alceu Valença, Charlie Brown Jr. e Jamiroquai como referências.
"A música vai vencer"
Matuê conta ter precisado de dois anos de preparação pessoal, com cuidados do corpo e da mente, para entregar sua "melhor versão" aos fãs com o novo disco. "Foi um lance que tive mais conexão", conta o rapper, que esteve envolvido com o desenvolvimento conceitual, produção de beats, gravação e marketing desse projeto.
Por se tratar do início da sua carreira independente - após saída da gravadora Sony, decisão que ele expressava almejar há um tempo -, o criador não nega: sentiu o peso maior da responsabilidade no lançamento deste álbum.
O cearense detalha que, por voltar a produzir, conseguiu colocar o "seu DNA musical" dentro desse projeto para além das composições (que evidenciam também "vulnerabilidades"), mas também com a construção da sonoridade diversa do álbum.
A maior dificuldade do processo de criação, ele narra, foi o tempo. Em abril deste ano, na segunda edição do Plantão Festival, em Fortaleza, Matuê havia revelado ao público que seu álbum seria lançado antes de sua apresentação no Rock In Rio, que ocorrera em setembro deste ano. No entanto, o cantor admite que, empolgado, divulgou essa informação antes mesmo de conversar com seu time.
O trapper explica que todos precisaram correr contra o tempo para tudo ficar pronto. "Eu falava para toda a minha equipe: 'A música vai vencer'", conta, afirmando que acreditava que algo "tão verdadeiro e honesto" iria encontrar eco em seus fãs. O plano deu certo. Matuê ultrapassou Luísa Sonza e Taylor Swift e virou o artista com disco mais ouvido no Spotify Brasil durante dia de lançamento.
O álbum foi apresentado ao vivo pela primeira vez no Palco Mundo do Rock in Rio. "Foi surreal ver todo mundo cantando as novas músicas mesmo com poucos dias de lançamento", celebra.
O artista foi recentemente anunciado como uma das atrações do Réveillon de Fortaleza e, ao Vida&Arte, evidencia sua expectativa para apresentar o álbum "em casa". "Vai ser especial, eu sei que vai ser bom porque é a minha cidade. Vou poder apresentar esse trabalho especial para todo mundo, inclusive aqueles que ainda não puderam ter a oportunidade de ir a algum show", se empolga.