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Matuê: "Eu trabalho em silêncio para chegar surpreendendo"
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Matuê: "Eu trabalho em silêncio para chegar surpreendendo"

Rapper cearense divide estratégia pouco usual de lançamento de novo disco e reflete sobre recepção de críticos e fãs ao seu trabalho
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Matuê fica suspenso em plataforma no Anhangabaú para divulgar novo disco (Foto: Reprodução/Youtube)
Foto: Reprodução/Youtube Matuê fica suspenso em plataforma no Anhangabaú para divulgar novo disco

O "333", álbum recém-lançado pelo rapper Matuê, tem gerado um retorno estrondoso nessa nova fase da carreira do cantor. O álbum, além de ter quebrado o recorde de maior estreia do streaming no Brasil, segue em alta mesmo quase um mês após o lançamento. Os fãs, por mais que aguardassem a novidade há quatro anos, foram pegos de surpresa com um lançamento bem diferente do habitual.

Fugindo do clássico movimento de anunciar o nome do disco e a data de lançamento, Matuê optou por algo mais misterioso e rápido. Ele ficou suspenso em uma plataforma no Vale do Anhangabaú, no Centro de São Paulo, para divulgar o novo disco. Por mais de três horas, o cantor permaneceu encarando a multidão. Próximo às 15h33, horário que faz referência ao nome do álbum, seu novo trabalho foi lançado nas plataformas digitais.

Durante o momento de divulgação, o artista acendeu o que parecia ser um cigarro de maconha, enquanto nos telões eram transmitidos teasers do novo álbum. Todo o espetáculo foi transmitido ao vivo no canal do YouTube do artista. Essa ideia surgiu do mágico norte-americano David Blaine, que fez uma performance parecida em Nova York.

Matuê explica, em entrevista ao V&A, que a estratégia é uma provocação ao fato de a rotina acelerada estar levando todo mundo a não "querer esperar nada". Então, optou por não divulgar nada e já chegar chegando "Eu trabalho em silêncio para chegar surpreendendo, entregando algo grandioso e que criei uma expectativa, mas que vai ser entregue logo ao público", reflete.

Foi uma estratégia arriscada, mas muito certeira, ele avalia. E antecipa: os fãs podem esperar mais surpresas como essa. Em um tom de mistério, sem revelar detalhes, Matuê comenta que tem muitos planos para colocar em prática nos próximos anos, tanto de seus próprios lançamentos quanto de novos artistas do selo 30PRAUM

O trap é a língua da juventude

Em sua definição, o '333' é um presente dedicado aos jovens, porque, na avaliação de Matuê, os críticos ou até mesmo a população em geral não entendem verdadeiramente o rap/trap.

Para Matuê, esses subgêneros da cultura hip hop tem conseguido diálogo franco com a juventude contemporânea. Ele afirma perceber isso não somente no seu próprio trabalho, mas vê que tem muita gente hoje fazendo "um som rico e passando realmente a vibe que é para as pessoas jovens". Ele acredita que isso acontece porque gera a identificação com o público, estão cantando o que os fãs muitas vezes gostariam de estar falando.

O legado que o Matuê, assim como a 30PRAUM, querem deixar é de que "existem chances e oportunidades para fazer o que se sonha". Se comunicar com adultos em formação é importante para criar essa conexão.

O Nordeste no cenário do Trap nacional

Conforme avaliação do artista cearense, hoje o Nordeste é visto como referência e não só no meio do trap, mas na música como um todo. A 30PRAUM já emplacou 20 músicas no TOP 200 Brasil do Spotify com músicas dele, do Teto e do WIU, todos artistas nordestinos. Ou seja, com os lançamentos recentes, o trio foi responsável simultaneamente por 10% das músicas mais tocadas no País. Para ele, isso é reflexo de muito "trabalho e dedicação".

Matuê relata que pretende continuar lançando novos talentos. Assim como Brandão - novo artista da 30PRAUM anunciado no Rock In Rio - que já é um artista respeitado dentro da cena do trap, mas que "merece mais reconhecimento". O seu plano é trabalhar de uma maneira local, levando talentos locais, pessoas de Fortaleza, do Ceará, do Nordeste, assim como o WIU e Teto.

Matuê relembra que, no começo de sua carreira, a situação da música urbana era muito diferente. Eles tinham de se provar o tempo todo para conseguir crescer o nome, tendo em vista que os protagonistas sempre vinham do Sudeste e nunca do Nordeste. "A 30PRAUM tem mudado essa lógica, levando o trap nordestino para o topo", pontua.

O trapper expressa sua felicidade com essa inversão. "Não só falando da 30PRAUM, são muitos artistas, que estão vindo do Nordeste. E também eu percebo isso além do trap, mas na música no geral, como no pop, no forró, no piseiro, que já é uma coisa tradicional nossa. A gente está vendo a rapaziada do Nordeste tomando conta, assim como no esporte também", celebra.

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