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Projeto une jovens cearenses em prol da valorização do patrimônio cultural
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Projeto une jovens cearenses em prol da valorização do patrimônio cultural

Projeto da Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho realiza ações de educação e reconhecimento patrimonial nos bairros da capital com jovens oriundos do ensino público
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Projeto Patrimônio para Todos realiza ação em diferentes bairros da Capital  (Foto: Sandy Albuquerque/Divulgação)
Foto: Sandy Albuquerque/Divulgação Projeto Patrimônio para Todos realiza ação em diferentes bairros da Capital

A Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho realiza projeto que incentiva jovens oriundos do ensino público do Município a reconhecer patrimônios culturais em seus bairros. A iniciativa está em sua oitava edição e faz parte do projeto "Patrimônio Para Todos: Uma aventura através das memórias".

O objetivo do projeto é desvincular o conceito de patrimônio cultural presente no imaginário de muitos indivíduos e treinar os jovens à percepção de possíveis patrimônios em suas localidades, como explica Hannah Mariah, coordenadora da ação.

"O projeto Patrimônio Para Todos existe, vinculado à Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho, desde 2009. E o objetivo do projeto tem sido impulsionar a participação popular nos processos de seleção, inventariação e mapeamento dos nossos patrimônios da cidade. E também descentralizar o foco da cultura em relação ao Centro", elabora.

Hannah detalha como o projeto trabalha a democratização do conceito de patrimônio cultural. "Muitas das vezes, está no pensamento coletivo que a cultura está dentro de um museu ou é necessariamente um casarão antigo pertencente a uma elite. E aí que nós do projeto trazemos uma noção de patrimônio que se diferencia dessa ideia do patrimônio em pedra e cal. Pode ser de carne e de sangue. Então ele é vivo, ele muda, ele é constante e ele está também no nosso cotidiano", acrescenta a coordenadora.

Hannah Mariah também conta que para a escolha dos participantes do projeto é feita uma chamada pública na qual são escolhidos dez jovens oriundos de escola pública. A seleção é feita pela própria Escola de Artes e Ofícios e os jovens selecionados têm entre 18 e 35 anos.

"Primeiro, eles passam por um processo formativo dentro da própria Escola de Artes com vários módulos de ensino para que eles possam se tornar facilitadores. Então, eles têm um módulo sobre patrimônio cultural e inventários participativos, sobre produção textual, criação de conteúdo, sobre noções básicas de audiovisual e também a própria produção das oficinas que ocorrem nos bairros", detalha a profissional.

Ainda segundo Hannah Mariah, após esse primeiro momento de capacitação, eles seguem para os bairros onde residem para divulgar o conhecimento adquirido. "Após os alunos do projeto passarem por esse processo formativo, eles vão a campo multiplicar esse conhecimento que foi construído acerca do patrimônio em oficinas realizadas em periferias", conclui ela.

Em 2024, o projeto tem atuado em bairros da Capital. Na lista, estão presentes: Planalto Ayrton Senna, Antônio Bezerra, Vila União, Dias Macedo e José de Alencar.

Diretora-executiva da Escola Thomaz Pompeu Sobrinho, Maninha Morais relata também como tem sido a experiência nessa oitava edição do projeto e como as comunidades em que a iniciativa atua têm recebido suas ações.

"O projeto tem sido muito bem recebido nas comunidades. Até o ano passado, nós trabalhávamos com entidades, com coletivos, mas, a partir desse ano, nós optamos por fazer uma parceria com a Secretaria de Educação do Estado do Ceará dentro das escolas de tempo integral e tem sido muito interessante essa experiência", afirma a gestora do equipamento vinculado à Secretaria da Cultura do Ceará (Secult) em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM).

Em seguida, Maninha também reforça a importância do projeto para a sociedade. "É preciso que as pessoas tenham uma aproximação com os conceitos que são importantes dentro da história dessas comunidades, desses territórios", acrescenta a gestora.

Segundo Maninha, o projeto Patrimônio Para Todos tem causado um impacto na conscientização do conceito de patrimônio cultural dentre os cidadãos nos bairros da Capital. Resultado este que pode ser encontrado em números.

"Nós tivemos 610 patrimônios não consagrados registrados como patrimônios. Não são consagrados porque não são considerados pelas instituições que cuidam do patrimônio, mas são registrados pela história da comunidade. E é isso que a gente quer identificar, que patrimônios são esses que não são consagrados, mas que existem na história daquela população", ressalta ela.

Neste ano, o projeto foi contemplado em segundo lugar com o I Prêmio Inventários Participativos, realizado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), órgão vinculado ao Ministério da Cultura. Com o valor da premiação, se pretende investir em um portal onde serão colocados todos os registros da iniciativa, bem como suas ações, fotografias e acervos acumulados.

"A ideia é nós criarmos um portal. Uma plataforma com todas as informações que identificamos dentro das edições do projeto. E com isso, nós vamos ter condições de abrir todas as informações para o público, falando desses patrimônios identificados, e também abrindo um espaço para pesquisa, pessoas interessadas em pesquisar sobre patrimônio", relata a diretora.

Hannah Mariah também fala com grande entusiasmo do impacto do Patrimônio Para Todos na vida dos facilitadores e dos moradores dos bairros por onde o projeto passa por meio de seus comentários positivos. "Relatos de ‘Nossa! Não sabia que meu bairro tinha tudo isso’ ou ‘Nossa! Eu conheci algumas coisas só dos meus pais falarem. Agora entendi a importância’. Ou ‘Eu achava que aqui no bairro não tinha nada e aí agora nós vemos a cultura’", enumera, com orgulho.

Acompanhe

O projeto pode ser conferido em @patrimonioparatodos

 

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