A cada edição, a CasaCor homenageia pessoas que impactam a sociedade e fazem a diferença no setor em que atuam. Em 2024, o evento destaca a trajetória de duas personalidades: Preto Zezé, cofundador da Central Única das Favelas (Cufa) e presidente da Cufa RJ, e Severino Neto, CEO dos Mercadinhos São Luiz.
Preto Zezé foi criado na favela das Quadras, no bairro Aldeota, em Fortaleza. Ao lado de Celso Athayde, foi um dos fundadores da Cufa, organização brasileira que atua há mais de 20 anos em diferentes âmbitos, como político, social, esportivo e cultural.
O tema da CasaCor deste ano, "De presente, o agora", tem uma relação com o que a homenagem representa para Preto, algo que vai além dos feitos do passado, representando também um olhar para o hoje e o cuidado com o futuro.
Simboliza ainda o reforço de uma parceria que pode impactar a vida das pessoas que moram nos arredores do local da mostra, na Praia de Iracema.
"Estou convencidíssimo de que a parceria com a CasaCor vai se estender para além do evento. E já começou antes mesmo do lançamento, não é mesmo?", comenta.
O começo que o líder cita foi com a construção da casa da Dona Saúde, na comunidade do Poço da Draga (escaneie o QR Code abaixo).
A ação, concluída em maio deste ano, é um exemplo de mudança do que o ativista apresenta como o jeito de morar na favela. As condições de vida digna, ele diz, não existem e se há, são precárias. E é isso que, segundo Preto, precisa mudar.
Afinal, explica, viver em um bairro nobre permite acesso a tudo que o Estado e a iniciativa privada têm para oferecer. Logo, essas diferenças também são reflexos da desigualdade do País.
Ainda sobre o futuro das favelas da região da Praia de Iracema, afirma: "A minha ideia é que a gente possa (em parceria com a CasaCor) juntar um grupo de pessoas que pensam na cidade, que pensam a beleza da construção, que pensam arquitetura, engenharia, no sentido de produzir um país mais bonito, mais organizado, mais inclusivo".
No âmbito pessoal, ele declara que falta realizar um sonho: ter uma casa que caiba toda a família. Porém, diz já ter concretizado outro, o da casa própria, após 30 anos de trabalho. "É um sonho muito importante para realizar. O seu lugar é o seu lugar", diz.
O gosto por servir nasceu por um acaso. O carioca Severino Ramalho Neto desembarcou em Fortaleza em 1977, e aprendeu com o tio João Melo como receber clientes e agradá-los com pequenos gestos e grandes atitudes. "Eu já entrei trabalhando. Na verdade, eu já entrei brincando, fingindo que estava trabalhando, mas isso é outra história", conta, rindo.
Brincadeira ou não, Neto ocupa hoje o cargo de sócio conselheiro do Grupo São Luiz, e por 16 anos ficou à frente da rede como diretor-presidente. Hoje, Mercadinhos, Mercadão e Mini São Luiz somam 26 lojas.
E independentemente de serem planos do destino ou caminhos traçados pelo próprio, Severino compreendeu, em pouco tempo, o jeito cearense de ser e de acolher, seja no olhar, no jeito, no paladar.
"O cearense gosta de servir, de receber, de prestar qualquer serviço. Se você perguntar para ele onde é que fica algo, se puder, ele vai deixar você nesse local. E é assim, inclusive, que a gente pensa na empresa. Então esse lado do cearense que gosta de receber em Fortaleza, também acho que ele gosta de receber em casa", afirma Severino.
Pessoalmente, o sócio conselheiro reconhece o bom gosto nas casas, mas diz se encantar mesmo pela sinceridade no acolhimento. "O que me diz mesmo é o coração aberto para receber", declara.
Sobre a CasaCor, ele revela que está junto ao evento desde o início, estando presente na inauguração da primeira edição, acompanhando a evolução do desempenho e da criatividade dos profissionais envolvidos.
E enfatiza: "Não é toda cidade que tem uma sustentabilidade dessa e nem toda empresa que tem também esse olhar e essa organização para estar presente há tantos anos dentro do mercado".
Mesmo não entendendo dos segmentos de arquitetura, design de interiores e urbanismo, ele afirma saber o mais importante para ser gestor: entender de gente.