Um dos cartões-postais mais emblemáticos de Fortaleza, a Praia de Iracema guarda incontáveis histórias que constroem e reconstroem a Cidade ano a ano. Repleto de memórias, o bairro abriga equipamentos dedicados à arte e também estabelecimentos de economia criativa, alimentação, moda e outros segmentos.
A região brinda quem a visita com uma combinação de paisagens naturais e infraestrutura urbana voltada ao lazer. Não por acaso, esse foi o cenário escolhido para mais uma edição da CasaCor Ceará.
Em 2024, o evento de arquitetura, design de interiores e paisagismo será realizado no antigo prédio das Casas Pernambucanas.
Conectado à cidade, o projeto chega ao bairro num momento de diferentes movimentos de requalificação, a exemplo da entrega da Ponte dos Ingleses e dos novos negócios na Rua dos Tabajaras pós-reforma.
Neuma Figueiredo, diretora da CasaCor Ceará, conta que a escolha pelo bairro é uma maneira de não apenas exaltar a importância histórica e cultural do local, mas também de colaborar para sua revitalização.
Segundo a gestora, a proposta da CasaCor é alinhar seus objetivos junto à Prefeitura de Fortaleza para que a população redescubra o bairro.
"Esse local abriga ícones da cultura e da história de Fortaleza e possui um papel essencial na memória afetiva da Cidade. Ao sediar a mostra em um bairro tão emblemático, estamos criando uma conexão direta com a cultura local e promovendo o uso do espaço como uma plataforma de valorização e transformação", afirma.
Neuma acrescenta que o momento é também uma oportunidade de mostrar como a arquitetura, paisagismo e o design podem, de fato, impulsionar a requalificação urbana e fortalecer a relação entre os cidadãos e o bairro.
Para a diretora, a escolha do tema convida a refletir sobre responsabilidades em relação às escolhas de hoje. Neste contexto, a revitalização da Praia de Iracema não é apenas o cenário, mas parte essencial do propósito da CasaCor.
"Acreditamos que nosso compromisso é também com a Cidade, e a intenção é que esse benefício permaneça mesmo após a mostra", pontua.
Questionada sobre a destinação do prédio ao término desta edição, Neuma conta que o local dará vida a um shopping. Dessa forma, o espaço continuará sendo um ponto de encontro para a Cidade, trazendo uma nova dinâmica para a Praia de Iracema.
"Essa continuidade de uso é essencial para garantir que a transformação proporcionada pela CasaCor seja duradoura e significativa para todos os que frequentam a região", assegura.
Sobre os ensinamentos que essa edição pode deixar no bairro para fortalecer a recuperação do seu entorno, a gestora da CasaCor Ceará enfatiza que o evento contribuirá para que a região se reafirme como um polo cultural dinâmico e atraente para os visitantes, assim oferecendo uma experiência que integra cultura, design, história e inovação.
"Isso cria uma nova relação dos visitantes com o espaço, fazendo com que os equipamentos culturais existentes na região, como o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Caixa Cultural e outros, se tornem ainda mais atrativos e convidativos. Ajudando a atrair um público diverso e fomentando, assim, a economia local", avalia.
Em nota enviada ao Vida&Arte, o secretário da Regional 12, Isaac Andrade, afirma que a realização da CasaCor na Praia de Iracema é de extrema importância para o processo de revitalização do bairro, que é considerado o coração cultural de Fortaleza.
O gestor destaca que a iniciativa está totalmente alinhada à visão da Prefeitura para o local e que todos esses investimentos e eventos contribuem para destacar ainda mais essa transformação.
"A realização da CasaCor na Praia de Iracema também será uma oportunidade para que pessoas de toda Fortaleza e até de outros estados conheçam o processo de revitalização pelo qual o bairro está passando", afirmou na nota.
Isaac pontua que a Prefeitura tem atuado de forma coordenada com o setor privado para garantir uma experiência agradável, com foco na limpeza, iluminação, e na oferta de equipamentos culturais e de lazer.
"A Praia de Iracema está 'viva' e, certamente, novas iniciativas do setor privado seguirão o sucesso da CasaCor, aproveitando o potencial da região. O maior aprendizado dessa experiência é que vale a pena investir na Praia de Iracema", finalizou.
Dragão do mar
Um dos maiores símbolos culturais do Estado, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura também vai se fazer presente na CasaCor Ceará 2024. O equipamento está localizado a menos de um quarteirão do antigo prédio das Casas Pernambucanas, onde o evento vai ocorrer.
A ideia é fazer com que os dois espaços trabalhem em conjunto e se olhem como um espelho de projeção do trabalho um do outro.
Para Helena Barbosa, superintendente do Dragão do Mar, a presença da CasaCor no bairro potencializa as características existentes do local.
"O bairro da Praia de Iracema se consolida como território criativo desde a sua criação, onde é pensado no circuito de bares, casa de show, ateliês, instituições, ONGs, equipamentos culturais que desenvolvem trabalho no campo da cultura e da arte", afirma, acrescentando que a região pode receber ainda mais espaços, zonas e circuitos criativos.
Para a gestora, o território ganhará ainda mais força a partir do mapeamento de novos parceiros e consequente ampliação de uma rede colaborativa. A superintendente ainda destaca que, para um território continuar vivo, pulsando dentro do que ele apresenta enquanto atividade, é preciso haver constantemente revitalização.
"Eu falo de revitalização desde a sua estrutura física, é óbvio, e tudo que envolve isso. Mas também atualizando o seu pensamento sobre aquele lugar, sobre os usos daquele lugar. O território é vivo, então ele caminha, seus atores caminham, o uso desses espaços caminha. E acredito que, após a pandemia, houve uma paralisação dessa vida do território de forma obrigatória em função de uma crise sanitária mundial. Agora é necessário virar a atenção para continuar hidratando esse território", reflete.
Durante um ano, várias conversas foram realizadas entre o equipamento e a diretora da CasaCor Ceará. O objetivo foi alinhar as ideias e pensar como um ente poderia contribuir com o outro.
"Foram reuniões de planejamento e de articulação política e institucional. A gente atuou muito nesse momento pré, isto é a primeira e segunda fase a curto prazo. A longo prazo, a gente entende esse espaço como uma iniciativa que vai potencializar o território e que a gente vai fazer trocas a fim de que um seja o espelho do outro", detalha Helena.
Por fim, a gestora acrescenta: "A gente está sempre pensando em estratégias de ativação dos espaços através de uma montagem, uma curadoria para atrair o público. Também temos, lógico, o desafio de como qualificar toda essa vizinhança, porque a gente entende que, quando o público vem para o espaço, ele também consome o que está ao lado."