Explorar as nuances e as histórias das peças de arte através da trajetória dos 40 anos de carreira do artista Eduardo Frota é o ponto de partida escolhido pela Pinacoteca do Ceará para um debate gratuito acessível em libras.
Intitulada "Um Pouco Acima do Chão", a conversa será realizada nesta quinta-feira, 24, a partir das 18 horas, em mais uma edição do projeto Conversa de Ateliê. O evento propõe apresentar as obras produzidas ao longo destas quatro décadas.
A atuação do artista como curador e educador em processos de formação sociocultural também entra na pauta. Eduardo explica que apresentará sua trajetória por meio de fotografias dos trabalhos que considera mais importantes. "Vou falar a partir de imagens das intervenções artísticas que produzi", revela.
A expectativa, acrescenta, é estabelecer um diálogo com o público, sem hierarquias dentro da narrativa. "O ponto alto é o processo em si".
Ao falar sobre a passagem pela Pinacoteca do Ceará, o cearense resgata a memória construída ainda na infância, quando despertou o gosto pela arte enquanto ajudava o avô, que trabalhava com audiovisual.
"Meu primeiro contato foi ajudando meu avô, que era fotógrafo, cinegrafista e pintor, quando eu tinha por volta de 13 ou 14 anos", relembra. Com uma trajetória artística iniciada em Fortaleza no ano de 1959, ele mudou-se para o Rio de Janeiro em 1978, onde frequentou o Curso Intensivo de Arte/Educação na Escolinha de Arte do Brasil.
Formado em Educação Artística pelas Faculdades Integradas Bennett no ano de 1986, o artista visual desenvolveu uma carreira marcada por trabalhos escultóricos e de arte-educação. Uma das suas primeiras exposições individuais foi sediada na Fundação Nacional de Arte, dois anos depois da primeira formação.
Até a década de 1990, Frota também participou da Oficina do Corpo, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, além de ter estudado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Ele colaborou com artistas e teóricos como Gastão Manuel Henrique, Eduardo Sued e Ronaldo Brito, que influenciaram sua formação artística.
Entrelaçando linguagens artísticas como escultura, desenho e pintura, o artista reúne diversas produções. Destacam-se os trabalhos "Associações Disjuntivas"; "Objeto in Situ: Uma indiscreta não moldura para o vazio"; "Intervenções em Trânsito III" ; "Extensões da Fenda", entre outros.
Em suas produções, Eduardo ressalta que busca chegar de maneira espontânea ao público. "Eu desejo só que as pessoas tenham uma interação artística, que as pessoas possam interagir com as obras e sentir do seu jeito subjetivo", frisa.
Ele ainda menciona que a relação com o setor não envolve o mercado de arte: "Eu não trabalho com o mercado. Eu transito dentro do circuito de arte contemporânea brasileira", destaca.
Entre os marcos profissionais, o artista aponta a participação na 25ª Bienal de São Paulo em 2002, com grandes instalações em madeira, material recorrente em sua obra.
Além do trabalho artístico autoral, Frota atua como curador, destacando-se em seus serviços como adjunto do Programa Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural, realizando mapeamentos das artes nas regiões Norte e Nordeste e contribuindo para a exposição de jovens artistas.
Ao longo da carreira, manteve uma atuação constante em projetos de formação sociocultural. "A expectativa é que o público dialogue e pergunte bastante para poder responder com as vivências", projeta.
O artista que o maior desafio no ramo sempre é "fazer o próximo projeto". Atualmente, Frota participa da exposição coletiva "Fugaz Fugas", no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro.
Conversa de Ateliê com Eduardo Frota - Um pouco acima do chão