Impulsionados pela atual onda de estética nostálgica dos anos 2000, os CDs conquistam o público jovem e mantêm a popularidade entre os colecionadores de longa data. Funcionando como opção mais barata que os vinis, os queridinhos das últimas décadas se tornaram objetos de desejo dos fãs e até itens de decoração.
Compact Disc, o popular CD, fez sua estreia em território nacional ainda em 1986, protagonizando as prateleiras das lojas brasileiras com o disco “Garota de Ipanema”. A obra é fruto da gravação da cantora Nara Leão, em parceria com Roberto Menescal.
Além da faixa-título, o cover teve a companhia de outros hits nesse disco. Sucessos da música brasileira, como “Águas de Março” e “O Barquinho” também marcaram presença neste trabalho.
De lá para cá, a produção e a comercialização desse marco da tecnologia musical passaram por diversos obstáculos como a produção “pirata” em larga escala em território nacional e o desenvolvimento dos streamings de música.
Sobrevivendo aos impasses, a loja Planet CDs, localizada no Centro, manteve viva a cultura dos discos físicos. O negócio tem sede na simbólica Galeria Pedro Jorge, point “do rock” na rua Senador Pompeu.
Na ativa desde 1997, o estabelecimento acompanhou a evolução dos lançamentos no ramo da música. Elineudo Morais, que trabalha no local desde 1999, conta sobre o aumento na procura dos clientes pelos CDs.
“Nós, que trabalhamos em lojas de discos, temos visto uma reciclagem em que muita gente nova busca a versão física dos álbuns. Na loja, a galera mais nova procura muito CD”, comenta o também músico.
O funcionário também ressalta que o retorno da tendência do mercado fonográfico brasileiro físico já é algo que vem acontecendo desde a volta do vinil em meados de 2010, com a popularidade dos discos pelo público mais jovem.
Elineudo também destaca que o retorno do Compact Disc acontece devido ao alto custo dos discos de vinil. “A galera fica mesclando, porque o LP tá muito caro, ficou um esquema muito fora da nossa realidade. Então alguns que querem colecionar, geralmente uma galera mais nova, que não tem muita grana para comprar vinil, opta pelo CD, também motivados por essa estética que se criou”, explica.
Essa trend pode ser notada também em uma pesquisa da revista Music Week, a partir da análise de dados da Official Charts Company e da BPI (British Phonographic Industry), esta uma associação que representa a indústria fonográfica britânica).
A pesquisa aponta que nos primeiros seis meses de 2024, houve aumento de vendas de vinil, CDs e cassetes em 3,2% em relação ao ano anterior. Apesar da ampliação das plataformas de streamings, o mercado fonográfico brasileiro também tem obtido resultados positivos. Em 2023, a indústria fonográfica teve crescimento pelo 7º ano consecutivo.
Em alta de 13,4% comparado a 2022, o mercado fonográfico atingiu valor de R$ 2,864 bilhões, de acordo com dados da entidade Pro-Música Brasil (PMB). Até 2021, tanto CDs como DVDs de shows superavam os índices de compra dos vinis.
Alex Aguiar, proprietário da Freelancer Discos, loja também localizada na Galeria Pedro Jorge, afirma que o público jovem de 20 a 35 anos é o principal comprador de discos em sua loja fundada em 2015.
“A galera quer escutar música de maneira física, quando estão em casa fazendo alguma atividade, coloca um vinil ou algum CD para tocar e relaxar”, destaca Alex.
Apesar dos artistas pop como a norte-americana Taylor Swift terem esse impacto no crescimento dos CDs entre os jovens devido a ampla quantidade de produtos colecionáveis à venda, Alex frisa que rock é um dos principais gêneros procurados em sua loja.
“Eu tenho que dizer que o CD tá voltando e não é apenas MPB. A galera procura muito jazz, rock e heavy metal, por exemplo, Black Sabbath, eu tô sem nenhum aqui na loja do Centro”, frisa.
Para Elineudo Morais, da Planet CDs, a maior dificuldade para manter a resistência das lojas com mídias físicas na Capital em alta tem sido as lojas digitais e vendas online que, para ele, apesar de ter seus benefícios, tem suas desvantagens.
“Devido ao streaming, diminuiu um pouco do público, mas o maior impacto que tivemos foram das lojas online, porque, com elas, a galera não precisa sair de casa e pode comprar ali pela internet. E, às vezes, o cara tem todo o catálogo online e por não ter as despesas de uma loja física, ele não tem custo”, explica.
Elineudo defende que agora é uma boa oportunidade para o investimento em CD e diz que a loja física tem um espaço vantajoso. “Então ele (vendedor virtual) pode vender mais barato, aí isso aí atrapalha um pouco. Mas ainda tem uma galera que gosta de vir na loja física pegar, ver e avaliar os produtos”, conclui.
Alex também concorda que, apesar da venda digital ter a praticidade, a presença de um espaço físico aberto ao público é essencial e faz diferença nas vendas. Ele destaca como faz equilíbrio entre os negócios presencial e virtual.
“Iniciei virtualmente, com vendas de vinis e CDs por meio de grupos de WhatsApp, que devido à demanda precisei criar outro e ainda uso até hoje. Mas também tenho sede física no bairro Quintino Cunha desde 2015 e depois ampliamos para o Centro e hoje contamos com mais de 4500 CDs. Esses grupos me ajudam nas vendas e na busca por novos discos, é uma comunidade, temos uma parceria”, destaca.
Planet CDs
Onde: Galeria Pedro Jorge (rua Sen. Pompeu, 834 - Centro)
Instagram: @planetcds
Freelancer Discos
Loja Centro: rua Senador Pompeu 834; Loja Quintino Cunha: avenida Emília Gonçalves, 1344
Instagram: @freelancer_discosalex
Freelancer Discos
Loja Centro:(Rua Senador Pompeu 834 - segundo andar, 227 -Centro)
Loja Quintino Cunha: (Av Emília Gonçalves, 1344 - Quintino Cunha)
Instagram: @freelancer_discosalex
Planet CD's
Onde: Galeria Pedro Jorge ( R. Sen. Pompeu, 834 - Centro )Instagram: @planetcds
Passa Disco
Instagram: @passa.disco