Logo O POVO+
Conheça Fernando França, artista plástico que explora conexão entre cultura e meio ambiente
Vida & Arte

Conheça Fernando França, artista plástico que explora conexão entre cultura e meio ambiente

Com mais de 40 anos de experimentação artística, Fernando França explora conexão entre cultura brasileira e questões ambientais em obras
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
João Paulo Capobianco, Fernando França, Marina Silva e Ana Toni (Foto: Kalu Chaves/divulgação)
Foto: Kalu Chaves/divulgação João Paulo Capobianco, Fernando França, Marina Silva e Ana Toni

Conservar a cultura e as memórias de um grupo por meio da arte é um dos principais focos do artista plástico Fernando França. Ele transita entre a pintura, o desenho e a literatura, mesclando suas origens e a cultura popular em obras que retratam as tradições amazônicas.

Nascido em Rio Branco, no Acre, França iniciou a trajetória artística aos 18 anos, inspirado por histórias em quadrinhos que tentava reproduzir nos primeiros desenhos. O fascínio inicial pelos traços o levou a explorar, ao longo dos anos, diversas facetas artísticas a partir do interesse em contar histórias visuais sobre o que acontecia próximo a ele.

Um dos momentos que marcou a trajetória do artista foi a primeira ida à Europa. O suporte cedido à arte foi o que chamou atenção. "Fui à Escola de Belas Artes. Vindo de um contexto autodidata, sem escolas de arte por perto, fiquei impressionado ao ver aquele ambiente com tantos materiais, professores e ateliês", destaca.

A visita despertou a compreensão de que, apesar da diferença do incentivo artístico em comparação ao Brasil, a paixão pela arte alimentava a vontade de propagar o próprio trabalho, principalmente em regiões com menos acesso aos recursos culturais.

"Me bateu um desânimo ao comparar nossa realidade com tantas possibilidades. Mas percebi que é justamente nas limitações que a criatividade aparece. Esse momento me fez entender o valor de superar barreiras e seguir em frente", enfatiza.

França aponta que, muitas vezes, estados ricos artisticamente são "esquecidos" no setor cultural por estarem fora do eixo Sul-Sudeste. "O circuito das artes ainda é muito centrado em São Paulo e Rio, o que torna mais difícil para artistas de outras regiões, como o Ceará, ganharem visibilidade", explica.

Ele relembra do início da carreira, quando expôs as primeiras obras em um salão da sua cidade natal, o que proporcionou reconhecimento público. Alguns anos depois, ele cursou Letras na Universidade Federal do Ceará (UFC).

O contato com a linguagem literária foi fundamental para a essência das produções, que mantêm conexão com as diferentes expressões do artista. O aprofundamento em história da arte fez o artista ampliar seu entendimento sobre as relações entre imagem e texto.

"A questão é a vivência: se temos esse conhecimento e estamos cercados por um ambiente que reflete estudos literários, isso certamente influencia nosso trabalho. A obra reflete nossa visão de mundo", destaca.

Alguns dos trabalhos de Fernando podem ser encontrados na Galeria Mariana Furlani Arte Contemporânea e no L M Escritório de Arte, ambos localizados em Fortaleza. Ele também pretende levar a exposição "Encantes", que esteve em cartaz até 3 de novembro no Rio de Janeiro, para outros países.

A união da arte com o meio ambiente

 

Fernando nunca deixou de dialogar com as próprias origens. Nos últimos dez anos, ele desenvolveu a série "Encantes", que explora figuras místicas da Amazônia, chamadas de "encantados".

Esses seres espirituais simbolizam as conexões entre o homem e a floresta. As lendas e os seres da cultura amazônica, presentes em sua vida desde as histórias contadas pela avó, ganharam espaço na série que já foi exposta no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

Com três painéis, 16 telas em óleo e 15 aquarelas, a exposição teve curadoria de Bené Fonteles e foi inaugurada durante evento do G20, que reúne ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo.

A participação foi uma oportunidade possibilitada por um convite do Ministério do Meio Ambiente. "Levar a arte para o público é essencial. A exposição não apenas apresenta meu trabalho, mas também cria um espaço de diálogo sobre questões ambientais, mostrando que a arte pode ser uma ponte entre a consciência e a ação", destaca.

Para França, a arte e a ecologia se complementam e, juntas, podem realizar mudanças sociais. Ele vê no seu trabalho uma forma de sensibilizar o público sobre a urgência da preservação ambiental, ainda mais em tempos de desmatamento na Amazônia.

Ele acredita que a arte pode atingir as pessoas de um modo que o discurso ambiental convencional não consegue, tocando na essência e despertando uma conexão mais profunda com a natureza. "Para os jovens, meu conselho é desenvolver a sensibilidade, pois ela faz toda a diferença na arte", ressalta o artista. "Se não cuidarmos do que temos, não teremos um amanhã", acrescenta.

 

Onde encontrar

Galeria Maria Furlani

  • Onde: rua Canuto de Aguiar, 1401 - Meireles
  • Quando: segunda a sexta-feira, das 10h às 19 horas
  • Mais infos: @galeriamariafurlani

L M Escritório de Arte

Onde: rua Torres Câmara, 192 - Aldeota
Quando: segunda a sexta-feira, das 9h às 18 horas

Acompanhe o artista em @fernandofrance

 

O que você achou desse conteúdo?