Nascido no bairro Conjunto Ceará, em Fortaleza, o cantor e compositor Pelizari celebra dez anos de carreira musical com amadurecimento e inquietações com a trajetória artística. O artista, que trabalha em paralelo como publicitário, conta que a relação com a música começou nos laços familiares e na própria origem.
"Eu comecei a fazer música na escola, porque sempre tinha eventos da semana cultural, sarau, enfim. Em tudo que eu podia me meter para cantar, tocar ou para me 'amostrar' eu ia. Desde pequeno, eu tinha também contato com a música em casa, porque meus pais cantavam. Era música o tempo todo", compartilha o cearense.
Ele narra que o ritmo que predominava em sua casa era a MPB, com músicas de Caetano Veloso e Roberto Carlos. Embora esses artistas sigam no seu coração como referências musicais, Pelizari se apaixonou pelo gênero pop assim que começou a consumir música por iniciativa própria, na infância.
"Eu comecei a ouvir muito pop, pois era a época do auge de High School Musical, do RBD e das divas, como a Britney e a Beyoncé. O pop fez parte da minha infância, assim como a MPB", afirma o artista, que completa relatando seus momentos favoritos da época de escola. "Eu chegava da escola com os meus amigos e, enquanto eles esperavam dar a hora para brincar na rua, eu esperava para poder fazer barulho, colocar música e ouvir no último volume", diz.
O primeiro trabalho musical de Pelizari foi, entretanto, em uma dupla sertaneja. Foi nesse período que ele passou a perceber sua verdadeira paixão: "Nunca foi a fama pela fama. Eu queria fazer algo em que eu acreditasse muito, por isso, comecei a escrever algumas músicas para mim mesmo, enquanto ainda estava na dupla. Até que comecei sentir vontade de gravar, só que eu não tinha dinheiro, não tinha carteira assinada e nem renda".
"Os meus pais pediram empréstimo para conseguir pagar essa produção. E eu entrei no estúdio sem saber de nada", relata o artista, que lançou seu primeiro EP, "Despido", quando tinha apenas 18 anos. Em 2019, ele lançou o trabalho que intitulou "PELIZARI", marco importante para sua identidade musical e visual.
"No segundo EP, eu tinha mais referência musical, já sabia a sonoridade que eu queria ter, a identidade visual que eu queria passar. Eu já sabia o que seria a minha marca para o resto da minha vida. Hoje ainda é possível ver um pouquinho daquele trabalho, aquilo que idealizei", destaca.
Deste trabalho, o artista lançou a canção "Livre", que tem os versos: "Com lágrimas nos olhos eu pareço uma criança / Cheia de inseguranças, todo mundo já viu". A canção marca um momento definitivo da vida pessoal do Pelizari, quando ele revelou sua orientação sexual para a família.
"A primeira música de 'PELIZARI' se chama 'Livre' e eu a fiz quando me assumi para minha mãe. Foi a primeira vez que escrevi abertamente sobre mim porque eu sempre escrevia sobre as minhas vivências com outras pessoas, mas eu ainda não tinha olhado só para mim", relata.
Nesse trabalho, também há composições baseadas em relacionamentos que teve, marca registrada dos trabalhos dele. "O EP inteiro é sobre a época quando eu me assumi, quando eu estava num relacionamento e estava incomodado por ficar mentindo muito para minha mãe, saindo de casa sem dizer de onde eu estava indo", acrescenta.
Para ele, a música e a composição sempre foram formas de esquecer pensamentos ruins e estar conectado com o que lhe faz bem. O cearense declara que defende a música pelas razões pessoais que lhe aproximaram a ela: "Quando eu não tinha válvula de escape para aliviar a cabeça de alguma coisa, eu sempre recorria à música".
"Quando eu comecei a escrever, isso ficou ainda mais claro, como se fosse um processo catártico para mim. E, quando eu estou sentindo alguma coisa, a primeira atitude que tomo é colocar para fora e, se eu consigo escrever uma música legal sobre isso, outra pessoa pode se identificar e tomar aquilo para ela", completa.
Azul
Na última quinta-feira, 7, o cantor cearense Pelizari lançou o single "Azul". A música é uma celebração da arte com abordagem de assunstos que não tinham sido abordados: fé e religião. O trabalho reúne referências do axé moderno, estruturado por elementos do pop e afrobeat. Segundo o artista, este trabalho marca um novo momento em sua trajetória com "muita cor, muita vida, muita brasilidade e muita luz".
Onde escutar: Spotify, Apple Music, Deezer, Amazon Music, YouTube, Tidal