A banda Jota Quest se apresenta, nesta quinta-feira, 14, no palco do Iguatemi Hall. Trazendo a turnê "JOTA25" para a capital, o show celebra os 25 anos de carreira da banda, com uma nova roupagem para diversos hits que marcaram a trajetória do grupo mineiro.
Às vésperas do evento, o vocalista da banda, Rogério Flausino, conversou com o Vida & Arte sobre as mudanças na indústria da música, a nova geração de artistas e sobre como o grupo vem refrescando o cenário do pop rock nacional.
O POVO - Em agosto deste ano vocês lançaram a versão deluxe do álbum "De Volta ao Novo". O que você sente que esse disco traz de diferente em relação aos outros?
Rogério Flausino - Acredito que o grande barato de uma carreira tão longeva como a que o Jota tem construído é a gente continuar chutando a bola para o gol. Se você não chuta a bola para o gol, ela não vai entrar. Então eu acho que esse álbum novo é, antes de mais nada, uma grande vitória para banda porque a gente conseguiu mais uma vez se reunir em torno de um projeto de canções inéditas. Somos uma banda muito trabalhadora e cinco caras muito diferentes. Nós temos muitas coisas em comum, muitas paixões em comum, mas cada um traz um pouco de si quando a gente vai fazer um álbum.
O "De Volta ao Novo" é mais uma coleção linda de canções diversas. Nele temos o lado Jota Quest mais dançante, um Jota Quest mais contemplativo, que quer trazer a discussão de alguns temas, um Jota Quest mais romântico. Sinto que está tudo aí.
Na reta final, incluímos as quatro músicas que lançamos na pandemia, e isso fez muito bem para o álbum. Afinal, elas eram desse álbum. O tempo da pandemia foi postergando o lançamento do disco. Chegamos a lançar um volume um que não contemplava essas músicas mais antigas, e depois mudamos de ideia e entendemos que essas músicas fizeram parte desse processo. No fim, incluímos tudo, e agora temos um álbum com 23 faixas, sendo cinco instrumentais e 18 canções completamente inéditas.
Então, é um álbum de figurinhas que contempla os últimos quatro anos de produção de estúdio da banda. E entende-se que é preciso que, ao partir para a ideia de fazer um disco, ele seja revolucionário, nem que seja só para a gente mesmo. Acho que "De Volta ao Novo" é um álbum revolucionário para o Jota Quest, e vamos levá-lo para sempre com o maior carinho.
OP - Com quase trinta anos de existência, vocês continuam emplacando hits, mas sem se ater a essa premissa. Como se integram às tendências de consumo que surgiram ao longo dos anos?
Rogério - A gente começou achando que iríamos lidar com o vinil, mas foi o último ano que se fabricou vinil na Sony Music, que era nossa gravadora. E aí partimos para o CD, mas somos dessa geração, e, de lá para cá, muitas coisas mudaram.
Hoje estamos indo de vento em popa com o digital, que trouxe muitas coisas positivas, como a velocidade com que você pode acessar. Antigamente, tínhamos que comprar um disco, que precisava chegar nas mãos das pessoas para elas conhecerem o seu trabalho. Hoje está ao alcance das mãos. E a gente vem tentando aprender com tudo isso, tentando utilizar as ferramentas disponíveis para fazer nosso som chegar mais longe.
Contudo, o Jota é uma banda que não desiste e não desistirá do rádio, por exemplo. Continuo achando que esse veículo é o veículo da música. Se você não tem acesso ao YouTube por exemplo, que ainda é um pouco mais democrático em relação às plataformas digitais, ainda poderá ouvir uma música tocando no rádio. Por isso, batalhamos tanto e contamos com o apoio das emissoras de rádio de todo o Brasil. Acho que esse é um dos motivos de a nossa música continuar viva no dia a dia da galera.
Acredito que o Jota joga o jogo de onde viemos, com os veículos que nos ajudaram a estar aqui, e tentamos, na medida do possível, aprender a lidar com as novas tendências do mercado. É uma questão de sobrevivência e de insistência.
OP - Nos anos 90, quando a banda estreou, as concepções do pop eram muito diferentes. Como vocês observam a mudança do gênero e como isso afeta a produção musical de vocês?
Rogério - Para responder a essa pergunta, retorno para a forma de fazer música. Sempre trabalhamos no formato de banda. Sempre tive banda desde menino. Hoje em dia, muitos artistas solo fazem um disco sem tocar em nenhum instrumento, só no computador. Mas nós continuamos compondo no formato de banda.
Então acredito que nosso som é o resultado das influências que temos. A duração de uma música, por exemplo, também muda: nos Beatles, eram dois minutos; na época do Rock Progressivo, cinco, seis minutos; hoje, as músicas voltaram a ficar mais curtas. Mas continuamos fazendo músicas de três minutos e meio, o tempo necessário para vender uma ideia, um conceito, fazer uma ponte para criar uma tensão, repetir o refrão. Acho que aí conseguimos vender uma ideia poética e melódica suficiente.
OP - O que vocês acham da nova geração da música brasileira? Como enxergam essa união com quem está chegando agora?
Rogério Flausino - Falando da nova geração, acredito que exista uma galera bem legal e artistas que você se identifica por algum motivo e outros que não tanto.
O Jota sempre teve a janela e a porta aberta para novas parcerias, às vezes de composição, às vezes com feats, que sempre existiram, mas hoje estão muito em voga. Quando você abre a porta e chega alguém novo, que você admira por algum motivo, é sempre bacana. A pessoa vai trazer uma informação nova, um flow novo, vai acrescentar harmonicamente, poeticamente ou esteticamente.
Esses dias fiz uma lista de artistas com quem já trabalhamos de alguma forma, e já são quase 150 nomes. Em 30 anos, é muita gente, e isso é muito bacana, porque, de alguma maneira, refrigera e acabamos compartilhando fãs e sentimentos.
OP - Quais destaques vocês percebem no cenário musical do Ceará? Existe algum grupo ou artista que acompanham?
Rogério - Recentemente, conheci pessoalmente o Matuê, de quem já ouvia falar há um tempão, mas não sabia que era do Ceará. Nos encontramos no Rock in Rio. Assisti ao show dele no Palco Mundo pela TV e, no dia seguinte ou dois dias depois, o encontrei no Rock in Rio. Comentei com ele a respeito, batemos um papo muito legal. Achei um garoto inteligente, cheio de vida, talentoso, que está fazendo um som baseado no trap, mas com referências muito mais amplas. Gostei demais do show dele e da pessoa dele. Deixo um abração para esse menino que é fera, um dos grandes nomes da nova geração.
OP - Vocês vêm com uma certa frequência ao Ceará. O que sentem ao subir nos palcos daqui?
Rogério - Sobre Fortaleza e o Ceará, temos uma história longuíssima com a cidade e com o estado. Desde o começo, tocamos muito no Parque do Cocó, participamos do Férias no Ceará muitas vezes, e, claro, do Ceará Music.
Sempre fomos muito bem recebidos, é um povo muito carinhoso. Adoro essa cidade, tenho amigos aqui e muitas coisas legais já aconteceram com a gente em Fortaleza. Só temos a agradecer vocês.
OP - Entre as 25 músicas que compõem o repertório, qual é o grande destaque desta turnê?
Rogério - Sobre as músicas que se destacam, é um repertório de hits. A turnê foi programada para ser um "remember" legal, mas o grande diferencial está na parte visual. É um show moderno, pensado para ser uma nova experiência para o fã e para a banda.
As músicas dos últimos lançamentos estarão ali, junto com canções que marcaram nossa trajetória. São muitas emoções, e todos os álbuns estarão contemplados no show. Tudo isso acrescido de um visual e efeitos especiais muito bacanas para a gente atualizar nossa presença por aqui.
São duas horas de show, e tentamos prender a atenção do público para que vivamos um momento de paz, de amor, de musicalidade, para esquecer as dores do mundo, como diz o refrão.
Jota Quest apresenta turnê "JOTA 25"
Quando: quinta, 14, às 21h
Onde: Iguatemi Hall
(Av. Sebastião de Abreu, 422 - Edson Queiroz)
Quanto: a partir de R$120
Mais informações:
@iguatemihall e
@jotaquest