Dos ritmos e cores do Maracatu à conexão entre homem e natureza por meio do Torém, dança sagrada do povo Tremembé, a cultura popular cearense segue sendo perpetuada entre gerações.
Em busca de fortalecer e preservar os elementos das manifestações culturais do Ceará, o Festival Internacional de Folclore do Ceará (FIFOLC) entra em cena no Estado.
Comemorando 10 anos de fomento ao folclore e à cultura popular, a nova edição realiza programação dedicada aos grupos cearenses. A agenda acontece de 20 a 30 de novembro e será dividida entre Fortaleza, Caucaia e Horizonte.
A programação gratuita deve contemplar escolas, instituições e equipamentos culturais. As apresentações ocorrem de forma itinerante nas cidades participantes, sendo o palco principal no Anfiteatro do Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), espaço no qual os grupos se apresentam de 21 a 23 de novembro.
Diretora do Festival Internacional de Folclore do Ceará, Sheila Fernandes destaca a importância do evento enquanto uma matriz de fortalecimento cultural de tradições que, às vezes, o público mais jovem desconhece.
"Conseguimos nos transportar culturalmente através da dança e da música de cada grupo participante. A contribuição que damos é imensurável, pois através do FIFOLC promovemos encontros de culturas plurais, conectando pessoas e suas raízes, existindo, ainda, a necessidade de preservar e promover a riqueza cultural brasileira", explica a também produtora cultural.
O projeto nasceu em 2012, idealizado pela gestora cultural e produtora especializada em Arte, Educação e Cultura Popular. Inspirada pelo Festival de Olímpia, de São Paulo, a criadora viu a oportunidade de valorizar as festividades folclóricas do Brasil.
Fernandes, então, consolidou um evento que percorreu diversas regiões do Ceará e se adaptou aos momentos mais difíceis. Um exemplo foi a edição virtual realizada durante a pandemia. "O festival nasceu do desejo de celebrar a identidade e a diversidade cultural do folclore brasileiro, sempre buscando construir ações de reconhecimento, valorização e salvaguarda dessas manifestações", pontua.
O calendário apresenta ações educativas, sociais e econômicas, por meio de vivências, intercâmbios, seminários, oficinas, rodas de conversa e uma exposição fotográfica que relembra a trajetória do evento.
Desde sua fundação, o festival reuniu cerca de 4.000 artistas, assim como 150 grupos de projeção folclórica, 80 artesãos e 800 profissionais.
Em 2024, terá a participação de dez grupos cearenses que participaram de edições anteriores e se apresentaram no palco principal. Nomes como Grupo de Tradições Cearenses, Grupo Miraira, Balé Folclórico Arte Popular de Fortaleza retornam ao festival.
O grupo escolhido para ser homenageado nesta edição é a Cia. De Dança Estrelas da Rua. Segundo Sheila, a importância do destaque da companhia nesta edição tem relação com a história da trajetória do coletivo.
"Em todas as nossas edições, procuramos homenagear um grupo cearense pela sua dedicação, história e contribuição às culturas populares. Nesta edição, temos a Cia. de Dança Estrelas da Rua, por seu legado e grandeza na história dos grupos de projeção em nosso Estado", enfatiza.
Fruto de um projeto social de dança na década de 1990 no jardim do Theatro José de Alencar (TJA), a iniciativa trabalhava com meninos e meninas em situação de rua e vulnerabilidade social. Em 2001, a Estrelas da Rua começou a desenvolver um projeto voltado ao fortalecimento e difusão da cultura tradicional e popular.
O projeto passou a atuar como uma extensão da Associação de Solidariedade aos Meninos e Meninas de Fortaleza, a Casa de Andaluzia. A ONG atua na área cultural e profissionalizante para pessoas LGBTQI e mães solteiras.
Regina Mesquita fundou o projeto há mais de 20 anos com o intuito de poder proporcionar uma nova realidade a pessoas em situação de vulnerabilidade social e, até hoje, desempenha o papel de diretora da organização.
Sheila Fernandes, diretora do FIFOLC, também aponta a importância do trabalho desenvolvido pelos participantes do evento. "A riqueza da cultura cearense é muito impactante e referencial de nossas raízes, pois promovemos a identidade local", ressalta.
A idealizadora do festival revela que o evento segue a estratégia de diversificar atividades e melhorar estruturas para o público. Ela pretende que o evento seja acessível a todos.
"Espero que o evento possa satisfazer o público interno (grupos) e externo (quem veio prestigiar). É possibilitar mais que entretenimento, é promover a cultura de forma gratuita e acessível para todas as pessoas. É fazer com que o evento seja um sucesso", conclui.
X Festival de Folclore Internacional do Ceará 2024
Quando: 20 a 30 de novembro
Onde: Fortaleza, Caucaia
e Horizonte
Gratuito
Programação completa, com horários e locais, pode ser vista no Instagram
(@festivaldefolcloredoceara)
Palco Principal
Quando: 21 a 23 de novembro
Onde: Anfiteatro do Centro Cultural de Arte e Cultura Dragão do Mar (R. Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)
Gratuito