Antes de partir para os "finalmentes" deste texto, preciso avisar que não jogo League of Legends — ou LOL, como é popularmente conhecido —, e, por agora, não pretendo começar. Mas tenho que deixar meu agradecimento ao jogo, ao criador dele e a Riot Games pela história que culminou no desenvolvimento de "Arcane", a famosa série animada da Netflix.
Definitivamente, a obra merece ter os detalhes apreciados, desde a história até a belíssima animação, tão cuidadosamente desenhada pela Fortiche Production. Não é uma surpresa que o resultado da primeira temporada, lançada em 2021, o levou a ser um dos lançamentos mais populares da plataforma, um investimento da empresa de jogos no estúdio francês de animação e uma expectativa para a continuação.
Três anos depois, no dia 9 de novembro de 2024, o primeiro ato da segunda temporada finalmente estreou, parando exatamente nas consequências das ações de Jinx, com o ataque aos conselheiros de Piltover. Ali começava o drama dos episódios que seguiram para o ato 2, lançado no último sábado, 16.
Os três episódios iniciais foram como um pequeno copo de água para quem estava a tempos esperando no deserto: satisfatório, mas ainda pouco, apenas deixando uma necessidade de mais. Alguns pontos podem ser destacados, como a raiva de Caitlyn Kiramman após a morte da mãe, a conselheira Cassandra Kiramman.
Vi, a outra protagonista, parece mais uma vez estar vivendo em meio a um caos e tragédia, algo que parece a acompanhar desde a morte dos pais biológicos. Agora, a lutadora tinha que lidar pelo luto da memória estilhaçada da irmã, a pequena Powder (agora Jinx), e a culpa e impotência pelos atos dela que afetam vidas inocentes — inclusive a mulher pela qual está apaixonada, Caitlyn.
"Arcane" não decepcionou nessa abordagem, mas não por meio de falas. A animação trabalhou as mínimas expressões no rosto da personagem, dando ao espectador material suficiente para imaginar e criar um laço empático com ela.
E claro, Jinx foi o terceiro pilar de destaque no primeiro ato. Tomada por um vazio pela morte de Silco, da qual ela própria foi responsável, parecia estar em busca de algum conforto — que achou na improvável parceria com Sevika e na nova adição ao elenco, Isha. Com a busca de Vi e Caitlyn por ela, esta última em busca de vingança, um confronto maravilhoso, visualmente falando, foi desenhado.
As lutas da produção são marcantes desde a primeira temporada, mas nesta segunda temporada apenas a palavra "insano" poderia definir. Imagino a reação de alguém que consome LOL ao ver os movimentos de Jinx, Sevika ou Vi — para mim, que não conheço, era incrível e uma clara incorporação de elementos do jogo e seus ataques, um presente aos fãs e satisfatório para o público geral que acompanha apenas o seriado.
A luta entre Jinx e Vi no terceiro episódio, por exemplo, foi um deleite ao espectador. A conexão com os acontecimentos do subenredo que envolvia Jayce, Ekko e Heimerdinger em um local criado pelo núcleo Hextec só tornou adicionou uma carga ainda maior de riqueza de detalhes.
São os subenredos da primeira parte que aparecem em destaque no ato 2. De tantos acontecimentos nos últimos episódios lançados, alguns podem ser pontuados, como o sequestro de Mel Medarda pela Ordem da Rosa Negra.
Além das revelações sobre a relação de Ambessa, mãe da conselheira, com a organização, também mostra que Mel tem alguma conexão ainda oculta e um poder misterioso, que foi liberado, mas não mais explorado.
Esta introdução se torna um ótimo primeiro gancho para o futuro do programa. Warwick, outro personagem famoso do jogo, apareceu e confirmou a teoria de que ele era Vander, que foi submetido a uma série de experimentos e fundido ao corpo de um lobo. Sua aparição é emocionante, unindo as irmãs Jinx e Vi, que tentam salvar a mente do querido revolucionário de Zaun, perdida no meio da fera que agora habita seu ser.
Com essa construção, é impossível não sentir raiva de Jayce e o objetivo de matar Viktor, seu antigo parceiro. O sucesso de seu plano significava o fim da rápida felicidade das irmãs, já que era o cientista que estava ajudando elas com seu poder a recuperar a mente de Vander (e com sucesso). O golpe dado pelo conselheiro no antigo amigo esmagou tudo o que foi construído.
Mas analisando melhor, não o culpo totalmente. O personagem parece diferente após o contato com o arcano, visto na aparência com os cabelos maiores e rosto barbudo. Uma raiva parece guiá-lo, com as sobrancelhas sempre franzidas e raivosas. O ataque ao antigo parceiro, no entanto, parece uma tentativa de fazer um bem maior — a utopia não era tão perfeita quanto parecia.
O ressentimento continua, entretanto, ao lembrar que foi este mesmo ataque que custou a vida de Isha, a criança que conquistou Jinx. A sequência, combinada às lembranças das duas juntas, da música e do desespero da zaunita, deixou o choro preso na garganta e os olhos úmidos.
Não era de se esperar menos de uma série com o nível de cuidado de produção que "Arcane" tem. O segundo ato veio para entregar respostas e desenhar a trilha para os três últimos episódios, que serão lançados no dia 23, próximo sábado.
Com a morte de Isha e o o ataque de Noxus, é esperado que Jinx assuma a revolução, porém que, mais uma vez, se separe de Vi. Esta repórter não consegue imaginar qual poderá ser o final da temporada, já que a série parece decidida a entregar reviravoltas e emocionar os espectador, mas apostaria na morte de um personagem principal, concluindo a história de forma dramática, mas com maestria.
Arcane - 2ª Temporada
Onde assistir: Netflix