Neste fim de semana, Fortaleza recebe pela primeira vez o músico Chico Pinheiro, mestre da guitarra jazz, do violão e da composição. A primeira atividade da programação acontecerá na sexta-feira, 22, na Casa de Vovó Dedé — um workshop ministrado pelo artista a partir das 14 horas, gratuito e aberto ao público.
O segundo encontro está marcado para o sábado, 23, no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB), às 19 horas. O músico se apresentará em um show gratuito na capital cearense.
Ele subirá ao palco com nomes da cena jazz do Estado como Marcus Caffé, Pedro Frota, Raara Rodrigues, Hermano Faltz, André Benedecti e Luciano Franco — artistas que participaram do show-homenagem a Chico Pinheiro em 2018.
Marcus Caffé, por exemplo, conheceu o trabalho de Chico com o convite para fazer parte do tributo, organizado por Hermno Faltz. Relembrando da influência que a música mineira teve em seu trabalho, o cantor conta como a obra do guitarrista de jazz trouxe essa recordação: "Quando conheci a obra do Chico, me veio um pouco dessas memórias, dessa guitarra sonora que fala. Dessa composição cuja a melodia por si já induz a perspectiva da voz e da poesia".
"Chico Pinheiro é um cara extremamente sereno, educado, comedido, preciso no exercício do seu instrumento; E como ser humano, se mostra uma pessoa bastante generosa. Ele vem a Fortaleza até como uma forma de reconhecer aqueles artistas que em cena, em 2018, representaram sua obra, e que ele assistiu, inclusive.", celebra Marcus.
Para Raara Rodrigues "é uma honra" participar da apresentação. "É um artista que gosto muito pela sua influência clara e declarada do samba, da Música Popular Brasileira e sua declaração de amor à música nacional", elabora. "A influência do jazz não apaga, só enriquece sua relação com a música brasileira".
Para Chico, o destaque da noite, a expectativa é alta para "conhecer e trocar (conhecimento artístico) com os músicos", já que são poucos que ele conhece pessoalmente e estarão no evento. "Mas isso também é muito jazzístico, fazer músicas com alguém que nunca encontrou. É (como) um código", arremata.
Morando atualmente em Nova York, onde trabalha como professor na universidade The New School, o jazzista já visitou diversos países mundo afora, cantando em nações da Ásia, Europa e América do Sul. "O único lugar que não toquei foi na África. Tenho um sonho de ir para a África, porque a matriz da nossa música está toda lá, basicamente em Angola, Congo e Moçambique — toda música brasileira vem desses três polos. Queria muito conhecer a fonte, ir lá e ouvir. Mas ainda não tive essa chance".
Essa conexão e paixão pela música vem de família. Os pais de Chico sempre gostaram e apreciaram a arte, com ênfase na matriarca da família. A casa em que morou sempre esteve preenchida de música. Antes de se tornar um marcante nome do jazz, o paulista foi incentivado pelo rock e pela música brasileira a seguir com a carreira musical, sendo autodidata para aprender a tocar os instrumentos. Com 12 anos, veio o primeiro trabalho em estúdio, do qual guarda o recibo até hoje.
"O acadêmico veio depois. O jazz precisa dessa parte acadêmica. Fui estudar na Berklee College of Music, faculdade conhecida em Boston, e tive a oportunidade de tocar com outros jazzistas de várias partes do mundo".
A experiência foi importante para a carreira de Chico. Após voltar ao Brasil, continuou tocando jazz e trabalhou com cantores de outros ritmos, como Jair Rodrigues e a baiana Rosa Passos.
Neste show de sábado, a performance trará músicas de toda a trajetória do artista, principalmente do primeiro álbum. "São músicas que não toco há muito tempo. Revisitar esse conjunto de canções vai ser bastante emocional para mim. Esse primeiro disco foi construído como uma tapeçaria chinesa: pensei com muito cuidado nos convidados e arranjos. Foram músicas que foram amadurecendo", sustenta.
Com o desejo de viajar mais por cidades do Brasil para se apresentar, Chico Pinheiro celebra a vinda a Fortaleza, uma das capitais que tinha interesse em tocar. "É um lugar que estava na minha lista de desejos há muito tempo", revela. E completa: "Acho que vai ser um show muito bonito".
Workshop com Chico Pinheiro
Quando: sexta-feira, 22,
às 14 horas
Onde: Casa de Vovó Dedé (rua Jerônimo de Albuquerque, 445 - Barra do Ceará)
Gratuito
Mais informações:
@casadevovodede
Show Chico Pinheiro
Quando: sábado, 23,
às 19 horas
Onde: Centro Cultural Banco do Nordeste (rua Conde D'Eu, 560 - Centro)
Gratuito
Mais informações:
@jazemcena