A música popular brasileira tem em suas raízes expoentes como Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Donga e João Pernambuco. João é talvez a raiz mais profícua das que citei, isso por que ele nos trouxe a linhagem direta do moderno violão brasileiro. A nossa música popular não seria a mesma sem a existência de João Teixeira Guimarães. Ele é o que Robert Johnson foi para o blues ou o que Django Reinhardt foi para o jazz francês. Pernambuco é celebrado por outras lendas da música brasileira como o maestro Heitor Villa-Lobos. Afirmava Villa que: Bach assinaria, sem pestanejar, os estudos de João Pernambuco. Pois bem, hoje no Recife, João será homenageado com um show da cantora mineira Glaucia Nasser.
Glaucia é herdeira da fina linhagem de cantoras brasileiras. E não estou falando de cantoras nascidas na terra do pau-brasil, falo do tipo, da forma de canto, que caracteriza nossas grandes intérpretes sem os halterofilismos vocais das cantoras norte-americanas. Glaucia, mais do que possuir uma técnica refinada com divisões perfeitas, possui aquele arabesco nos finais das frases. Com ela, o show acaba sendo duplo: o repertório espetacular de um lendário compositor com a voz e a presença de uma estrela única, inédita e surpreendente.
Gláucia Nasser tem uma carreira de 20 anos e faz parte de uma safra especial de cantoras que primam pela qualidade de um bom repertório e, se o autor de Ontem ao Luar, é considerado o "poeta do violão", Glaucia Nasser é o mais belo verso dessa poesia.
Texto de Cliff Villar, jornalista e diretor corporativo do O POVO