Na próxima quarta-feira, 27, o contrabaixista, compositor, arranjador e diretor musical cearense Nélio Costa se apresenta no Centro Cultural Banco do Nordeste com show em homenagem aos artistas Marcus Miller e Cristiano Pinho, compondo a programação do Mês da Consciência Negra.
Apesar de estar na posição de quem homenageia, o músico, com seus 44 anos de trajetória na música, também é uma referência na música cearense. Nélio nasceu em Fortaleza, no bairro Parquelândia, e estudou na escola Júlia Jorge, onde conheceu Tarcísio Sardinha (1964 - 2022), a quem lhe apresentou o mundo do chorinho.
"No Colégio Júlia Jorge, onde eu estudava, conheci o Tarcísio, que deu uma grande contribuição para a música brasileira e foi quem me ensinou sobre chorinho. Ele me apresentou várias pessoas do meio musical, pois, com 14, 15 anos, ele já era bem conhecido profissionalmente", relata.
Com o apoio da família e de professores como Izaíra Silvino, da Universidade Federal do Ceará, Nélio apostou na música e, aos 16 anos, já trabalhava profissionalmente com o Grupo Harmonia. Mais tarde, integrou a banda Officina, criada por Pantico Rocha.
"Através do Tarcísio, eu conheci um dos integrantes da banda Officina, o Eugênio Matos, que me chamou para fazer parte desse grupo, em 1985 ou 1986. Mas todos foram embora. O baterista dessa banda, o Pantico, foi ser baterista do Lenine; o guitarrista Cristiano Pinho, que morreu neste ano, trabalhou muito tempo com o Fagner. E eu fui embora para a Alemanha para estudar música", diz.
Sua passagem pela Alemanha dependia de um teste de aptidão para estudar na escola de música, que disponibilizava apenas quatro vagas. Nélio, com orgulho, passou.
Três anos após terminar seus estudos e voltar para o Brasil, o cearense é chamado para voltar à Alemanha para lecionar no mesmo local onde foi aluno. "O meu professor de harmonia e teoria musical pegou a direção de outro centro universitário e me chamou para uma bolsa de um ano para professor convidado. Aí eu fui passar um pouco de conhecimento sobre música brasileira e latina para os alemães. Eles têm muito interesse nisso, o que é algo que a gente não imagina muito", conta.
Apesar de seu tempo fora do País, Nélio conta que é "muito enraizado na música brasileira", mas tem influências do jazz norte-americano: "É um estilo que eu me identifiquei porque é muito desafiador".
Sobre suas referências nacionais, ele aponta: "Eu sou muito fã da música brasileira, de Tom Jobim, João Gilberto, Caetano Veloso, Chico Buarque e todo esse povo que fez a música popular brasileira. Já toquei com alguns, como Ednardo e Fagner".
"Da nova geração, eu gosto muito do Tiago Iorc. E, aqui em Fortaleza, tem muita gente maravilhosa que eu tive o prazer de tocar, como o Davi Duarte, a Rayane Fortes, o Felipe Cazaux, a Nayra Costa. Admiro muito o trabalho deles", complementa.
O artista destaque tem muito apreço pelos novos nomes da música popular brasileira e relata a perspectiva que adquiriu com seu amigo Fausto Nilo, também multiartista. "Eu toco com o Fausto Nilo, que é muito antenado com esse pessoal. Ele gosta e só não vai muito para shows porque não gosta de sair de casa. Mas, quando a gente conversa sobre isso, ele fala que curte muito porque é como outro gênero, é outra forma de entender o mundo. É diferente da nossa época", comenta.
Além de cantar, Nélio domina bandolim, violão, cavaquinho, baixo acústico e o baixo elétrico. Segundo eles, é importante ter "afinidade com instrumentos" para ter "noção do que está acontecendo no palco".
Ele exemplifica: "Eu tive o prazer de tocar com Jorge Vercillo no começo da carreira dele. Ele também era um cara que passava tudo no violão e sabia exatamente o que ele queria de bateria, de piano. Ele tinha uma noção muito boa do que ele queria e do que não queria".
Após refletir sobre parcerias, locais onde aprendeu música e diferentes gerações da música, Nélio destaca sua própria trajetória: "Eu comecei a tocar quando tinha uns 12 ou 13 anos e hoje estou com 58. Eu acho que mudou muito a consciência de que eu não preciso correr para chegar onde eu quero chegar, eu posso chegar andando".
"No começo, existe aquela ânsia, aquela sede, aquela vontade de abraçar o mundo com as pernas e engolir tudo. Hoje em dia, não. A maturidade mostra que você consegue chegar onde você quer chegar e estar bem consigo mesmo em um caminho andando", finaliza.
Nélio Costa homenageia Marcus Miller e Cristiano Pinho
Quando: quarta-feira, 27,
às 19 horas
Onde: Centro Cultural Banco do Nordeste (Rua Conde D´Eu, 560 - Centro)
Gratuito
Mais informações:
@ccbnb_fortaleza