O vai e vem das ondas musicais carrega o dom de atravessar os dias, reinventar as horas e permanecer viva na memória. Seguindo em constante transformação como as ondas, Mona Gadelha retorna ao palco da capital litorânea do Ceará para reviver as sonoridades de uma dos seus sucessos, o álbum “Tudo se Move” (2004).
A cantora e compositora cearense comemora em 2024 o aniversário de duas décadas de sua obra e para celebrar este marco ela realizará um show de lançamento do seu novo EP “Tudo se Move 20 anos depois”.
A programação gratuita acontece neste sábado, 30, na praça do Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS-CE), e deve reunir o repertório do “Tudo se Move” assim como do EP, que conta releituras de faixas do primeiro álbum.
Para Mona, a produção de 2004 foi importante, pois permitiu a experimentação de várias sonoridades, além da colaboração de seis produtores que influenciaram em timbres e em programações diferentes de seus outros dois trabalhos anteriores.
“Interessante que esse álbum é um dos mais ouvidos nas plataformas digitais, com maior número de reproduções, mas acho incrível a atualidade desse álbum, e é tão gratificante pensar que fiz um trabalho atemporal, um disco que continua sendo interessante para as pessoas”, destaca.
O disco sucessor de “Mona Gadelha (1996)” e “Cenas & Dramas (2000)” consolidou Mona como uma das na cena independente nacional, com composições e produção musical que lhe renderam indicações a prêmios e elogios da crítica especializada.
Já o novo EP traz arranjos inéditos de quatro canções: “Noturna”, “Louca Nua”, “Na Estação (A moça do metrô)” e a faixa-título “Tudo se Move”. Com produção de Fernando Moura, o trabalho ainda conta com as participações especiais das cantoras Assucena e Moon Kenzo.
A artista pontua que esse trabalho é sobre sua inquietude na busca de uma identidade, de uma assinatura, que é de uma compositora inquieta. Foi durante sua pós-graduação em globalização e cultura na Escola de Sociologia em São Paulo, que a também comunicadora escolheu o título da obra.
“Comecei a ler Zygmunt Bauman e fiquei muito encantada com as ideias do Bauman e li num dos livros essa frase Tudo se move”, relembra sobre a escolha de seu 3° disco. “Eu percebi o quanto nesses 20 anos tudo se moveu na minha vida. O quanto estou sempre em movimento, sempre inquieta, porque a criação, ela nos induz a esse movimento e a inquietude”, explica.
Apesar de conhecida como pioneira do rock em Fortaleza na década de 70 e ser uma personalidade associada aos Blues, Gadelha se demonstra como uma artista que está sempre em movimento, explorando as possibilidades musicais.
Mona considera que, enquanto artista independente, foi fundamental em sua trajetória a colaboração com amigos e colegas de profissão. Ela acredita que sua evolução no decorrer dos anos está relacionada à rede de apoio que tem em sua carreira.
“A evolução é muito a tomada de consciência de ser um artista independente, a consciência do trabalho colaborativo e de que é necessário aprender o tempo todo. Eu acho que a música é sempre esse aprendizado com colegas e celebração. A gente aprende e celebra o tempo todo”, ressalta.
Segundo a cantora, as colaborações são fundamentais. Ela conta que essa é a forma que ela prefere trabalhar. Nesse EP, por exemplo, Mona contou com a participação de Assucena e de Moon Kenzo. “São duas grandiosas artistas trans que admiro e que estão dando uma nova cara para a música brasileira”, enfatiza.
Nesse novo trabalho, Fernando Moura foi a mente responsável em elaborar os arranjos atuais. Ele também estava com Mona Gadelha na versão de 2024 e foi um dos arranjadores e produtores.
Ela explica que, desde o início do século 21 aconteceram várias mudanças e ela sempre quis reunir os músicos que trabalharam com ela na primeira versão para comemorar os 20 anos da obra. “Fernando Moura sugeriu fazer novos arranjos e eu fiquei muito emocionada e com uma grata surpresa de revisitar essas músicas que estão nesse álbum”.
Com seis álbuns, autoria de livros e um selo, Mona Gadelha também já esteve à frente de um projeto de aperfeiçoamento para músicos. Diante da sua vasta experiência artística, ela espera animada pela apresentação.
“O show vai ser uma grande alegria, porque eu vou ter Fernando Moura, piano, a queridíssima e grande artista Cláudia Nis, que é uma compositora que eu admiro muito, e a Naiara Lopes, que é uma multiartista também da minha admiração. Então, juntar essas pessoas já é algo muito especial para mim”, destaca.
A compositora ainda ressalta que o repertório da noite deve ser bem diversificado. “Além de mostrar todas as músicas do EP, temos sempre a possibilidade de agregar outras sonoridades, porque eu acho muito bacana isso, de gravar e depois ter muito”, completa.
O show de Mona Gadelha encerra o 8º Fórum Nacional de Museus no MIS Ceará, que acontece desde segunda-feira,26. O evento reúne profissionais e pesquisadores do setor museológico em atividades voltadas à formulação de políticas públicas, debates sobre inclusão e trocas de experiências. Um dos destaques desta edição é o painel “Museus e Museologia Trans”, que reflete a presença e atuação da comunidade trans no campo cultural e museológico.
Show "Tudo se Move 20 Anos Depois" com Mona Gadelha
Quando: sábado, 30, de 18h às 19h30min
Onde: Praça do MIS (av. Barão de Studart, 410 - Meireles)
Gratuito
Acessível em Libras
Ouvir "Tudo se Move"
Onde escutar: Spotify, Deezer, YouTube e Apple Music