De barracas de rua a restaurantes premiados, o pastel se faz presente como uma iguaria popular e saborosa. No Brasil, acredita-se que o lanche chegou por volta de 1890, com os rolinhos primaveras vendidos por imigrantes chineses.
A forma como conhecemos hoje, de massa fina e crocante com recheio, iniciou na década de 1940, época da Segunda Guerra Mundial, e surgiu como uma adaptação desses rolinhos primavera e do guioza japonês. Na época, os japoneses imigrantes buscavam disfarçar a sua origem devido ao preconceito proveniente da guerra e, para isso, abriram comércios conhecidos por serem tipicamente chineses, como as pastelarias.
Com o incremento de recheios comuns ao paladar brasileiro, como a carne moída, o insumo foi se popularizando por todo o Brasil. No Ceará, diversas pastelarias que surgiram neste período popularizaram a cultura do pastel com caldo de cana.
Um dos empreendimentos que marca a história deste alimento no Ceará é o Pastelzinho de Croatá, localizado no município homônimo, que fica 373,82 km distante da capital. Neste ano, a pastelaria completa 50 anos e se consagra historicamente como um "point" de parada para os que passam pela BR 222.
"Em 1974, meu pai comprou esse espaço que, na época, era uma churrascaria e que continuou sendo. Nós vendíamos também pastel, que é uma receita artesanal familiar. A minha mãe passou a fazer esses pastéis em casa e mandava para cá aos poucos. No decorrer desse tempo, os clientes foram pegando o gosto e vindo com mais gente. Os pais traziam os filhos, que depois traziam as famílias. Assim, a produção foi aumentando e a gente começou a fazer daqui", conta o sócio-diretor Júlio Cunha.
A pastelaria trabalha com pastéis de tamanho médio, com cerca de 50g. Os sabores tradicionais (carne moída, frango, queijo, calabresa e misto) custam R$ 2,90; os considerados "gold" (carne de sol, camarão e cupim) são R$ 4,25. Já os sabores doces (romeu e julieta, doce de leite com queijo, chocolate e geleia de pimenta com queijo) custam R$ 3,80. Há ainda os recheados com carne suína e com frango e requeijão, por R$ 3,80.
Pastelzim do Croatá
Leão do Sul
Com quase 100 anos de existência, a Leão do Sul é considerada uma das primeiras pastelarias do País e se tornou um ponto turístico no Centro de Fortaleza. O nome do local tem relação com a primeira localização do comércio, a Praça dos Leões, e pelo primeiro proprietário ser torcedor do Fortaleza Esporte Clube.
O empreendimento começou como uma mercearia e logo foi comprado por Dimas Castro e Silva, que passou a vender lanches no local, como pastel e outros salgados. Após 35 anos na administração, o local foi comprado por Renato Dantas, em 1980.
Segundo a sócia-administrativa Kelen Dantas, seus pais insistiram em comprar a Leão do Sul, que não estava à venda na época. "Quando meu pai chegou aqui, Leão do Sul vendia um pastel terceirizado, não tinha ninguém fazendo pastel na loja. Quando compramos a empresa, trouxemos uma receita de pastel da minha bisavó e meus pais começaram a testar uma marca, que foi a do caldo de cana com pastel", explica.
O comércio, que passou a se dedicar inteiramente à produção de pastéis e caldo de cana, foi registrado como marca oficialmente apenas em 1996. Antes disso, no entanto, já se consolidava como pastelaria do centro da cidade.
Kelen acrescenta: "A gente que fica ali no balcão atendendo percebe que as pessoas de 50 e poucos anos chegam a Leão do Sul, se encostam no balcão e começam a conversar. Elas falam que a mãe ou o pai traziam aqui. Então, eu acho que tem a questão da memória afetiva. Os pais, quando vinham fazer compras no centro, traziam os filhos e a recompensa por acompanhar naquela tarefa era o pastel. As pessoas que estavam ali passeando queriam merendar no final das compras e isso ficou na memória".
Atualmente, a Leão do Sul continua produzindo seus pastéis com a mesma massa artesanal e trabalha com três sabores de pastel: carne, queijo e frango, ambos por R$ 10. Já o caldo de cana, bebida que tradicionalmente acompanha o lanche, custa R$ 5 (copo).
Guanabara Pastelaria
Francisco Raimundo dos Santos é proprietário da Guanabara Pastelaria, que foi inaugurada em 2015 após ele sair da Leão do Sul, onde trabalhou por 24 anos. A proposta com o empreendimento foi usar seu aprendizado para criar um produto de qualidade e adicionar variedades de recheio no cardápio. "Eu sou muito perfeccionista e tudo que eu vi que era bom na Leão do Sul eu aperfeiçoei", diz Guanabara.
"O nome Guanabara surgiu porque onde eu trabalhava antes me chamavam assim. Tinham vários Franciscos na empresa e, como eu morava no Jardim Guanabara, uma pessoa começou a me chamar assim", diz.
"Eu decidi trabalhar por conta própria e a minha intenção não era trabalhar com pastel. Mas, como eu estava me aposentando, eu pensei 'a única coisa que eu sei fazer é pastel'".
"Nossa massa é artesanal e temos sabores com sabores mais diversos e amplos, como carne, queijo, frango, carne de sol com queijo coalho, frango com cream cheese, frango com queijo, calabresas, chocolate, romeu e julieta e vários outros", complementa. A loja possui unidades no Centro de Fortaleza e no bairro Cocó, com cardápio, preços e funcionamentos diferentes.