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Virada Cultural reune mais de 500 artistas em programação plural
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Virada Cultural reune mais de 500 artistas em programação plural

Com uma programação extensa por 10 dias, Virada Cultural do CCBNB evidência novos e talentos e une artistas de várias gerações
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Rodger Rogério e Teti foram homenageados na Virada Cultural (Foto: Fernanda Leal/divulgação)
Foto: Fernanda Leal/divulgação Rodger Rogério e Teti foram homenageados na Virada Cultural

Foi passando por maracatu, música popular brasileira, independente, blocos de pré-Carnaval, espetáculos teatrais e momentos de literatura, que se concretizou mais uma edição da Virada Cultural do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB).

Com mais de 100 atividades que aconteceram no equipamento cultural desde o dia 5 de dezembro e apresentações de 500 artistas de várias gerações e linguagens distintas, que mais uma vez ficou registrado como a Cidade ainda pulsa arte diariamente, apesar das dificuldades.

Neste domingo, 16, de encerramento, a programação contou com shows de Daniel Medina, banda Flor da Aurora, bloco Chico da Matilde e Rodger Rogério comemorando 80 anos. Também se distribuindo por outros pontos do Centro, como a praça localizada há pouco metros do CCBNB, na rua General Bezerril, com o bloco Hospício Cultural, e na Praça dos Leões, com o Come inna di Dance, trazendo um pouco da cultura sound system, existente na Jamaica desde a década de 1950.

Apesar da extensa programação gratuita durante muitos dias, o que mais chama atenção ainda, e infelizmente, é a falta de público ocupando esses espaços. E a pergunta que fica é: o que se precisa fazer para que isso aconteça, para que programações culturais gratuitas de fato recebam mais atenção, divulgação e público?

De acordo com Gildomar Marinho, gerente executivo do CCBNB Fortaleza, apesar dos desafios para montar uma extensa programação cultural durante todos os dias, o balanço que fica é positivo. E que essa edição se concretizou como uma virada ampla, plural, inclusiva e "extremamente democrática".

"Essa edição da Virada Cultural de 2024 foi muito positiva em relação à quantidade de artistas, foram mais de 100 apresentações envolvendo mais de 500 artistas de todos os lugares do Brasil. Essa interterritorialidade também traz em si outra integração que, para nós, é muito importante, que é o diálogo de gerações. Ou seja, artistas de 80 anos dialogando com grupos de 60, que dialogam com o artistas de 40, 20 e com o público, inclusive", explica.

Gildomar destaca que outro ponto importante que a Virada Cultural fez questão de trazer nesta edição foi a participação de artistas que jamais subiram em palco e que "possuem potencial imenso". "Não é um festival competitivo, pelo contrário, é tudo gratuito e colaborativo. Mas, ao mesmo tempo, traz aqui a reverência desses novos artistas, àqueles que já produziram coisas", declara, acrescentando que a apresentação que mais recebeu público nessa edição foi da banda pernambucana Ave Sangria.

Além de uma programação diversificada, o público também apresentou as mesmas características, transitando entre jovens e famílias com crianças e casais de namorados. Para a Lidyanne Ferreira, técnica de enfermagem, o momento foi ideal para aproveitar o fim de semana com a filha, Adria Liz, de 7 anos. "A gente também vai se apresentar com o bloco Chico da Matilde, trazendo afro-cearensidade rígida, em uma mistura de vários ritmos. A programação do CCBNB está massa, bem abrangente e as crianças se divertem com o reisado. Espero que no próximo ano aconteça de novo e todo mundo seja contemplado novamente. Essa programação é muito importante para a valorização da nossa cultura cearense e nordestina em um equipamento cultural importante", conta.

Já a professora Rafaela Teixeira destaca que esse movimento é um momento cultural importante para a Capital. "Tem uma diversidade de público e artistas e eu vi também muitos grupos de culturas negras. Acho que tem pouco espaço ainda na Cidade com fomento, com financiamento. Nesse espaço aqui eles recebem pelo que produzem e têm visibilidade. Acho que é importante pela diversidade e pra gente conhecer outros grupos que tem na Cidade e também ter uma programação cultural bacana no final de semana", diz.

Para a família de Ana Aline Alves, ir ao CCBNB aos finais de semana já virou tradição. "Essa é uma programação brilhante, ficamos encantados com as coisas que assistimos aqui. Acho muito importante essa valorização da cultura nordestina. É difícil a gente ver locais, ambientes que valorizem a cultura dessa forma", pontua a dona de casa que foi acompanhada do marido Robson e da filha Ana Clara.

Entre tantas coisas que aconteceram na Virada Cultural do CCBNB, o que também chama atenção é a acessibilidade que o equipamento permite para aqueles que muitas vezes não possuem condições de assistir shows e espetáculos de teatros, como os moradores de ruas.

Em um momento, durante a apresentação do bloco Chico da Matilde, uma mulher, que apesar das dificuldades da vida que se encontrava, encontrou naquele instante um vislumbre de felicidade, dançando e cantando. Ao fim da música, pegou suas latinhas e foi embora feliz, enfrentar mais um dia pelas ruas do Centro.

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