"O Festival Ceará da Diversidade é um marco histórico, promovendo empregabilidade e visibilidade para pessoas LGBT , além de celebrar nossa liberdade e direitos em um contexto inclusivo e culturalmente relevante", pontua a cantora Makem.
Para a artista, esta é a definição que descreve o evento gratuito que acontece nesta sexta-feira, 20, e sábado, 21, no Complexo Estação das Artes com o tema "Vidas em Movimento, Orgulho que Sustenta".
A festividade busca promover a inclusão e a diversidade por meio de uma programação ampla que conecta cultura, empregabilidade, empreendedorismo e cidadania.
"É um trabalho conjunto entre a Secretaria da Diversidade, a Secretaria de Cultura e o Instituto Mirante, mostrando que políticas públicas podem e devem ser transversais, passando por áreas como cultura, segurança pública e educação", destaca a secretária da Diversidade Mitchelle Meira.
A programação conta com shows de nomes como Johnny Hooker, Getúlio Abelha, Daniel Peixoto, Makem, Luiza Nobel e o coletivo Ballroom. A programação se dividirá em palcos que homenageiam personalidades da cultura LGBT , como Noélio, referência na arte transformista e conhecido pela interpretação de Ney Matogrosso, e Condessa Mireille Blancho, celebridade das noites cearenses.
Conhecido na música pop-eletrônica, Daniel afirma que celebra a diversidade em sua arte e defende a necessidade de debates sobre a temática LGBTI .
"Quanto mais discutimos e trazemos essas pautas à tona, menos preconceito e desinformação teremos. A visibilidade que eventos como esse trazem é essencial para gerar mudanças", aponta.
Ele ainda ressalta como o evento permite a liberdade dos artistas e segue como uma ponte de resistência. "Esse evento não é só sobre entretenimento; tem uma questão política muito forte. Nós não queremos mais ser invisibilizados, agredidos ou mortos por ser quem somos".
Makem deve trazer samba, MPB e canções autorais em sua apresentação. Ela ainda deve compartilhar o palco com Otto Nascimento, Elivania Monte e Yara Canta. Com repertório diverso, a apresentação da cantora deve englobar interpretações das obras de Alcione, Belo, Whitney Houston e Cherry.
"Estou vendo no festival uma oportunidade de renovação, onde vou contar as minhas histórias e fazer as pessoas me conhecerem melhor ao conhecerem minhas músicas. Vai ser uma oportunidade fantástica para isso", relata.
A artista também destaca que o show promete retratar a própria personalidade e transmitir a ideia de amor próprio. "A energia do show é algo que já está lá, porque as músicas são tão próximas de mim. Não preciso me esforçar além, porque a energia já está muito forte e vai atingir as pessoas de uma forma intensa", revela.
Assim como a colega de palco, Daniel Peixoto espera que a participação possa atrair a atenção de um novo público para conhecer melhor os trabalhos musicais dos artistas que vão passar pelo festival.
"Espero me conectar com essa nova geração, que é o público da Luísa, do Maken e do Getúlio Abelha. Voltar a me apresentar é especial e será uma reintrodução da minha persona artística", completa o cantor.
Além dos shows, o evento inclui ações formativas, rodas de conversa, oficinas e iniciativas de empregabilidade, a exemplo do "LBTalk - Conversa entre autores". A iniciativa reúne autores, pesquisadores e dramaturgos para uma conversa interdisciplinar sobre temas da comunidade. Um dos grandes destaques nesta 1° edição é o lançamento do Programa Empodera , que busca qualificar e incluir a população LGBT no mercado de trabalho com suporte educacional e bolsas para pessoas em situação de vulnerabilidade.
"Essa ação oferece oportunidades concretas para que pessoas LGBT em situação de vulnerabilidade possam conquistar dignidade e independência econômica", explica Mitchelle Meira. Ela destaca, ainda, que o Ceará é o primeiro estado do País a desenvolver uma Secretaria da Diversidade.
Outro ponto de destaque é a Unidade Móvel de Atendimento à População LGBT Dandara Ketley, que estará no local oferecendo serviços como retificação de nome para pessoas trans, orientações socioassistenciais e distribuição de materiais de prevenção ao HIV/AIDS.
Makem reforça o marco citado pela secretária e frisa o impacto da iniciativa para a comunidade. "Eu acredito que é um progresso, um marco histórico para a nossa Cidade e País. Esse tipo de evento, que celebra nossa liberdade e direitos, até pouco tempo atrás não acontecia ou não era tão abrangente", explica.
Peixoto também aponta sobre a representatividade até mesmo entre os funcionários do evento. "Acho que o mais especial desse festival é a curadoria ter se importado em que todas as pessoas envolvidas sejam LGBTQIA " , comenta.
"Quem tem que falar por nós somos nós mesmos. É muito problemático dar voz a pessoas de fora da comunidade, porque o movimento precisa dialogar entre si", destaca.
Festival Ceará da Diversidade - Vidas em Movimento, Orgulho que Sustenta