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'Life is Strange: Double Exposure' tem bons gráficos e narrativa falha
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'Life is Strange: Double Exposure' tem bons gráficos e narrativa falha

Double Exposure combina gráficos deslumbrantes e mecânicas intrigantes, mas falha em capturar a essência emocional da série
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Foto: Divulgação "Double Exposure" combina gráficos deslumbrantes e mecânicas intrigantes, mas se perde em mistérios na trama

"Life is Strange: Double Exposure" é a mais recente entrada de uma franquia que conquistou fãs com narrativas emotivas e inclusivas. Neste novo capítulo, a desenvolvedora, Deck Nine, apresenta um jogo que, apesar de sua ambição, luta para equilibrar mistério, mecânicas de jogo e a essência que tornou a série tão marcante.

A trama gira em torno de Max Caulfield investigando a morte de sua amiga Safi, enquanto explora novas habilidades temporais. Embora o mistério seja intrigante, o foco excessivo nele prejudica a construção dos relacionamentos, algo central em outros jogos da série. A ausência de Chloe Price, personagem crucial do primeiro título, é sentida, e a decisão de relegá-la a entradas de diário parece subestimar seu impacto na narrativa.

Os gráficos são um dos maiores destaques. A transição do estilo cartunesco para um visual mais realista impressiona. Caledon University, onde a maior parte do jogo se passa, é meticulosamente detalhada, com luzes e sombras que criam uma atmosfera imersiva. Os efeitos climáticos, como ventos fortes e neve, acrescentam profundidade ao cenário. Apesar disso, o design visual não compensa os tropeços narrativos. A beleza gráfica engaja inicialmente, mas a falta de conexão emocional com os personagens diminui o impacto geral.

A trilha sonora e o design de som mantêm o padrão elevado da série. As músicas encaixam-se perfeitamente no tom melancólico e contemplativo da história, enquanto os efeitos sonoros são claros e realistas, contribuindo para o clima. O áudio se destaca especialmente em cenas emocionais, mas é menos marcante em momentos de transição.

No controle, o jogo oferece mecânicas interessantes, como a capacidade de alternar entre duas linhas do tempo, mas essa funcionalidade pode ser confusa. A necessidade de recorrer frequentemente ao diário ou ao celular de Max para relembrar os acontecimentos demonstra que o sistema de controle poderia ser mais intuitivo. Recomenda-se explorar o jogo com atenção e fazer pausas para se localizar na história, o que melhora a experiência.

Double Exposure apresenta momentos emocionantes e mecânicas criativas, mas deixa a desejar no desenvolvimento de personagens e na resolução de seu mistério central. Apesar de sua beleza gráfica e trilha sonora de qualidade, o jogo não justifica completamente o retorno de Max. A experiência, embora válida para fãs da série, carece da alma que fez de Life is Strange um sucesso. (Davi Rocha)

 

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