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Centro Cultural Banco do Nordeste fecha as portas para reforma
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Centro Cultural Banco do Nordeste fecha as portas para reforma

Equipamento inicia mês de janeiro com portas fechadas para reforma e anúncio de mudança de gestão; artistas e servidores se manifestam contra mudanças
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O equipamento cultural CCBNB está localizado no Centro de Fortaleza (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE O equipamento cultural CCBNB está localizado no Centro de Fortaleza

O Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) reuniu a classe artística do Ceará nos últimos dias de 2024 para protestar contra as mudanças anunciadas para janeiro de 2024. O equipamento fecha as portas durante o período de férias escolares para reforma e começa com nova gestão cultural, sem Gildomar Marinho.

De forma geral, os artistas envolvidos na programação de janeiro lamentam o cancelamento da programação sem diálogo com os envolvidos. O cantor cearense Calé Alencar destaca: “eu creio que houve uma precipitação do CCBNB em programar uma reforma para o equipamento durante o mês de janeiro e não ouvir os maiores interessados nessa parceria com o setor artístico. Acho que eles pecaram por essa pressa de fazer algo sem o debate necessário, sem que houvesse um esclarecimento do que seria reformado”.

A cantora Yane Caracas esteve à frente de manifestação da classe artística realizada no mês passado e explicou seu ponto de vista: “eu sou uma das artistas afetadas de janeiro, eu tinha shows marcados e, de repente, vem esse anúncio que o Centro Cultural vai fechar para uma reforma. Mas ora, ele já estava funcionando com uma reforma em andamento”.

Ela lamenta ainda a saída de Gildomar Marinho sem aviso prévio aos artistas. “Ele é um gestor agregador, inovador, uma pessoa que realmente abriu o espaço para divulgar todos os tipos de arte ali dentro”, diz.

“Contra o cancelamento da programação de janeiro / Contra a retirada de Gildomar Marinho do cargo de gestor do CCBNB / Pela continuidade das ações em janeiro, sem interrupção, no CCBNB ou em outros espaços / Por respeito, dignidade, diálogo e transparência” é o que pedia o ato realizado por artistas e comerciantes do arredor do equipamento no dia 22 de dezembro.

 

Em nota de esclarecimento enviada ao O POVO, o Banco do Nordeste afirma que o momento é uma “paralisação programada para reformas, com o intuito de melhorar o conforto e a acessibilidade das suas instalações”. “Essas melhorias visam proporcionar uma experiência ainda mais agradável ao público, com ambientes ainda mais seguros, modernos e funcionais, garantindo que todos possam aproveitar as atividades culturais com maior comodidade”, declara.

O gestor afastado, Gildomar Marinho, explica que também não foi informado sobre qual reforma aconteceria no CCBNB: “Falaram para mim somente que faziam umas reformas, inclusive com o Centro Cultural funcionando. Mas não sei que reforma é essa que precisa fechar o equipamento. Enfim, esse é o mote que eles estão operando”.

Ele continua: “O fato mesmo que o pessoal está reclamando é porque é um mês de férias escolares, quando os pais têm mais tempo de levar as crianças, e isso tem afetado não só os produtores como também a sociedade, que ficou nesse impasse. Essa informação foi dada de última hora, na véspera das minhas férias”.

Em relação ao anúncio da sua saída, ele afirma que foi pontuada que haveria uma “mudança da gestão da cultura” e que a troca de gestor aconteceu por uma “decisão estratégica de mudança”.

O artista Marcos Melo também se posicionou. “Eu achei muito abrupto a mudança, não comunicaram ninguém, nem o próprio o próprio gestor Gilmar. As pessoas que trabalhavam no Centro Cultural não sabiam, foram de surpresa, não houve um diálogo”, pontuou.

“Eu nem imaginava que essa reforma estava prevista, e é óbvio que (me senti prejudicado) sim, porque já havia uma programação determinada. É claro que os artistas que estavam pautados ficaram prejudicados. O que se poderia fazer é colocar a programação em outros espaços, como acontece muitas vezes na Praça dos Correios”, continua.

Procurados pelo Vida&Arte, o Centro Cultural Banco do Nordeste informou que Jacqueline Medeiros, que participou da gestão cultural de 2003 a 2016 como coordenadora de artes visuais do espaço, toma frente da direção do equipamento.

Além disso, o CCBNB divulgou documento com programações infantis durante o mês de janeiro, com contação de histórias e espetáculos, que serão apresentados na Praça dos Leões e em diferentes espaços do Bom Jardim. (Colaborou Rogeslane Nunes/Especial para O POVO)

Cineteatro São Luiz guarda memórias da Cidade em seus mais de 60 anos de existência
Cineteatro São Luiz guarda memórias da Cidade em seus mais de 60 anos de existência

Cineteatro São Luiz recebe ações de restauro e ficará fechado até fevereiro

O Cineteatro São Luiz, também localizado no Centro de Fortaleza, ficará fechado até a segunda quinzena de fevereiro de 2025 para realizar ações de conservação e restauro do patrimônio. A manutenção ocorre em parceria com a Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho e contempla a sala de cinema, portas, pisos, paredes e ar-condicionado.

Os reparos no equipamento ocorrem com a aproximação de datas especiais para o Cineteatro São Luiz em 2025: 67 anos de inauguração e dez anos de reabertura.

"Para comemorar de cara nova, ficaremos até a segunda quinzena de fevereiro, arrumando a casa, com ações de manutenção, conservação e restauro, para recebê-los da melhor forma", diz o comunicado sobre a intervenção.

Áreas internas e externas do prédio receberão as ações de manutenção, como as portas de entrada e o piso de mármore no mesmo espaço.

A sala de cinema e espetáculos "Luiz Severiano Ribeiro", uma das principais ambientações, receberá reparos no ar-condicionado e também passará por restauros nas paredes laterais, as quais têm elementos em baixo e alto-relevo, coloridos e decorativos e que realizam função acústica, além de estrutural.

Mesmo com a suspensão do funcionamento dos espaços internos, entre janeiro e fevereiro o equipamento, gerido pela Secretaria da Cultura do Ceará (Secult-CE) em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM), disponibilizará atividades no seu entorno: na Praça do Ferreira, no Centro.

Além de oferecer a programação presencial na praça, o Cineteatro São Luiz informou, por meio das redes sociais, que será oferecida uma "vasta programação virtual" no canal do YouTube do equipamento.

Reparos que serão realizados no Cineteatro São Luiz:

  • Manutenção das portas de entrada
  • Manutenção do piso de mármore do hall de entrada
  • Reparos no ar-condicionado da sala Luiz Severiano Ribeiro
  • Restauros nas paredes da sala Luiz Severiano Ribeiro

O que esperar do CCBNB?

Por Marcos Sampaio

Considero o CCBNB um dos equipamentos mais democráticos, agradáveis e plurais de Fortaleza. Em sua agenda, cabe do jazz ao heavy metal, passando por cantadores, carnavalescos, maracatus e DJs. E não é só de música que vive essa casa. Tem agenda constante de literatura, artes visuais, debate, contação de história, oficinas e por aí vai. Para cada linguagem, a presença de nomes de dentro e fora do Estado. Importante: tudo é gratuito.

Com uma porta aberta para a rua Conde D’Eu e outra para a Gal. Bezerril, ele ainda serve de passagem para quem anda pelo Centro. Usando o equipamento como uma travessa sombreada, você pode se surpreender com uma peça de teatro, uma exposição, um show ou outra atividade. Aliás, só o fato de ser no Centro já faz deste um dos equipamentos mais corajosos de Fortaleza. Para existir, ele precisa enfrentar o vazio da noite, a insegurança, uma feira que se mostra mais forte que qualquer prefeitura e o descaso de uma cidade que prefere shoppings mais do que qualquer coisa.

Com um mercado que mede sucesso em números, um equipamento que vive de artistas que estão à margem desse mercado é algo louvável. De certa forma, CCBNB tornou-se um reflexo do seu gestor, Gildomar Marinho, acessível, aberto ao diálogo e disposto a receber público e artistas sem distinção. Nas férias, quando deveria mostrar sua importância enquanto equipamento cultural, ele fecha as portas para uma reforma. Não poderia esperar um pouco mais? Ao longo dos últimos meses, o CCBNB também esteve em reforma, mas não impediu a casa de ficar lotada para ver Chico Pinheiro, Ave Sangria, Rodger e Teti.

Não é segredo o descaso de Fortaleza com sua cultura e o quanto um equipamento cultural fechado parece desimportante. Cineteatro São Luiz também estará fechado nas férias. Museu do Ceará segue em interminável reforma. Dragão do Mar passa por mudanças de gestão e há tempos não atrai públicos como antigamente. Torço, de verdade, para que o CCBNB faça por merecer o tempo de espera e que ele volte mais forte, plural e agradável em fevereiro, mantendo as ações já vitoriosas e ampliando suas possibilidades e seu público.

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