Na madrugada desta segunda-feira, dia 6, Fernanda Torres estava na página inicial do Los Angeles Times sendo apontada como a "única surpresa real da noite". Sua vitória na categoria de Melhor Atriz em Filme de Drama derrotou titãs reverenciadas nos EUA, como Nicole Kidman, Angelina Jolie, Tilda Swinton, Kate Winslet e Pamela Anderson.
Em qualquer outro site americano, a notícia rodeou a mesma epifania sobre ela ter vencido 25 anos depois que sua mãe, Fernanda Montenegro, havia se tornado a primeira brasileira indicada nessa mesma categoria.
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É uma narrativa poderosa para uma indústria que gosta tanto de "contar histórias" com suas próprias premiações. Em 2023, a vitória de Brendan Fraser no Oscar de Melhor Ator contava a "superação" de uma grande figura apagada da mídia, como também ocorreu a Renée Zellweger, vencedora de Melhor Atriz em 2020.
Em 2025, por exemplo, a vitória de Demi Moore no Globo de Ouro por um filme que parodia a forma como essa mesma indústria escanteia atrizes mais velhas, parece saltá-la para certo um favoritismo no Oscar que até semana passada era totalmente incerto.
O Globo de Ouro nem costuma ser termômetro para o Oscar, mas essa vitória apoteótica de Torres joga os holofotes sobre ela de tal forma que, a partir de agora, parece impossível fingirem que ela não está na jogada.
A Sony Pictures Classics, distribuidora que está fazendo a campanha internacional, agora tem nas mãos uma história emocionante para vender, de uma dama do teatro brasileiro que testemunha, aos 95 anos, sua filha no lugar que ela mesmo esteve e perdeu amargamente.
No Brasil, sentada no sofá de casa ao lado de amigos e familiares, Montenegro olhava apreensiva para o silêncio de Viola Davis prestes a anunciar a vencedora, até gritar e erguer os braços para celebrar o momento - essa imagem está rodando o mundo. Para quem vê de fora, é uma história de redenção, honra e humildade.
Para além da vitória de Fernanda, a existência de "Ainda Estou Aqui" parece conversar com o presente não só do Brasil, ainda tão assombrado pela memória nunca superada da ditadura militar, mas também do mundo. Com a eleição de Donald Trump nos EUA e de diversos governos extremistas na Europa, na Ásia e até mesmo na América Latina, o filme de Walter Salles parece falar diretamente sobre a crueldade de um autoritarismo que agora sabe se disfarçar na democracia. Ao receber sua estatueta no palco, ela foi assertiva sobre o filme "ajudar a pensar em como sobreviver em tempos difíceis".
Fernanda Torres se tornou a primeira brasileira a vencer o Globo de Ouro de atuação principal com uma performance contida, interpretando uma mulher que não podia explodir, que mesmo em meio à tragédia, soube sorrir. Hoje o Brasil o sorri junto.
Vocês viram a Fernanda Torres?
Totalmente premiada! Surpreendendo não apenas os mais otimistas e os pessimistas como também a própria Fernanda, ela ganhou o troféu de Melhor Atriz em Filme de Drama no Globo de Ouro. As reações foram muitas: choro, euforia, surpresa, incredulidade. A mescla de sentimentos transbordou as telas de TV e os celulares país afora, e escorreu como gritos de vitória pelas casas - que acompanhavam estupefatas mais um momento histórico do audiovisual brasileiro sendo escrito.
Os intérpretes Selton Mello, Angelina Jolie, Tilda Swinton e Kate Winslet se destacaram com curiosas celebrações - transcorrendo entre a animação e a emoção. Já a jornalista Aline Diniz, responsável por narrar a premiação no serviço de streaming Max, não conseguiu conter sua comoção ao anunciar a vitória. Sua respiração ofegante, carregada de surpresa e alegria, ecoou pelas redes sociais daqueles que gravaram o momento e compartilhavam a euforia do instante tão significativo.
Mas nenhuma das reações foi mais aguardada do que a da mãe da atriz, Fernanda Montenegro, que 25 anos antes estava no mesmo palco que a filha, recebendo o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro por "Central do Brasil" (1999).
A comemoração da veterana, que junto da família, viu, assim como muitos brasileiros, Torres ser a primeira brasileira a ganhar o Globo de Ouro na categoria, vai perdurar durante décadas a fio, assim como o legado de arte que a jovem Fernanda carrega com tanta honra e orgulho.