Foi entre a movimentação do cotidiano de Fortaleza e a rotina dos moradores do bairro Jardim América que o multi-instrumentista Agê desenvolveu mais um capítulo da sua trajetória musical, com a produção do seu primeiro álbum.
Natural de Fortaleza, Agê encontrou na arte não apenas um meio de expressão, mas uma ferramenta de transformação e conexão com sua comunidade. Músico, multi-instrumentista e produtor autodidata, ele desenvolveu uma maneira de traduzir suas vivências na capital.
A paixão pela música começou ainda na infância, inspirado pelo pai que tocava violão. Aos dez anos, passou a pesquisar sobre o instrumento na internet e, junto a momentos de trocas com amigos do bairro, conseguiu aprender a manejar e depois se aprofundou nos conhecimentos. "A música entrou na minha vida através do meu pai. Ele tocava violão, e eu me interessei ainda pivete. Ele me ensinou uns dois, três acordes, e a partir daí fui desenvolvendo meu processo, de forma autodidata", relembra.
Desde então, Agê tem buscado se manter próximo da música e sempre afinou o contato com a arte, mesmo que indiretamente. Apesar de ter cursado História na Universidade Estadual do Ceará (Uece), o apreço pelas melodias o fez seguir o caminho da música.
Trabalhou como operador de som em uma praça de alimentação, tocou em bandas de bairro e se envolveu com diversos gêneros - como swingueira, reggae e R&B. Diversidade rítmica fundamental para o desenvolvimento da sua compreensão artístico-musical.
"Me profissionalizei por necessidade. Não tinha como pagar alguém para produzir, então aprendi a tocar vários instrumentos e estudar produção musical para concretizar minhas ideias. Hoje vivo da música, seja compondo, produzindo outros artistas ou fazendo meus próprios shows", destaca.
Segundo Agê, a música vai para além de melodia e harmonia, também é um instrumento de transformação social e pessoal. Ele compreende que existe um poder dos diversos campos da arte de instigar autonomia e criatividade na periferia.
Motivado em trazer um impacto social por meio da arte, Agê frisa como enxerga a responsabilidade de ser um artista na capital. "Sempre que eu falo de música, tento inspirar as pessoas a fazerem sua própria poesia, sua própria música, e a enxergarem isso como uma possibilidade de vida", explica.
Após anos de EPs, trabalhos e projetos - Agê segue para o lançamento de seu primeiro álbum solo, previsto para os próximos meses. O projeto é totalmente produzido por ele, que apresenta o material como uma síntese de suas experiências, reflexões e conexões com a periferia.
"Estou trabalhando nesse meu primeiro álbum desde sempre, porque comecei a produzir com cerca de 17 anos. Selecionei músicas que já tinha e outras novas, todas dentro dessa linguagem que trabalho hoje, principalmente o soul e o R&B".
Entre as faixas, está o single "Jardim América", que já foi lançado e carrega a essência de Agê e o cotidiano do seu bairro, buscando fazer com que as pessoas se reconheçam nos espaços e histórias narrados. O álbum contará com parcerias de artistas que já compartilham o cenário musical, reforçando a coletividade que marca sua trajetória, e deve ser liberado em duas partes: a primeira com produções de Agê e a segunda em colaboração com amigos.
Agê afirma que vai explorar o formato físico, com um lançamento em vinil. No primeiro momento, o projeto chegará às plataformas digitais."A música é uma ferramenta revolucionária no dia a dia, capaz de inserir poesia no cotidiano e transformar contextos", conclui.
Conheça mais sobre o artista
Single Jardim América