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Longa 'Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa' estreia nos cinemas
Vida & Arte

Longa 'Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa' estreia nos cinemas

Estrelado por Isaac Amendoim, "Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa" estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 9
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Maurício de Sousa em participação especial no filme
Foto: Fabio Braga/ Divulgação Maurício de Sousa em participação especial no filme "Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa"

"E mais uma vez o dia foi salvo graças às Meninas Superpoderosas", exclamava o narrador do desenho animado ao fim de cada episódio, reiterando uma utopia contagiante em histórias infantis em que só quem pode salvar o mundo são as crianças. Como em Percy Jackson, Harry Potter ou no brasileiro Perlimps, a ideia de que elas ainda estão próximas de certa ingenuidade, longe dos limites e burocracias, e que por isso são capazes de entender o que realmente importa.

Distante dos superpoderes, aqui quem recebe a missão de salvar o mundo é uma criança caipira que povoa o imaginário brasileiro há mais de 60 anos: Chico Bento, personagem criado por Maurício de Sousa no mesmo período em que nasceu a Turma da Mônica. Constante incentivador da preservação do meio ambiente nas páginas, e agora na tela do cinema, ele se tornou até embaixador oficial do World Wide Fund for Nature (WWF), estrelando campanhas da ONG sobre biomas brasileiros, plantação e reciclagem.

Em "Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa", o menino começa nos contando que por conta de uma tradição familiar ele nasceu no mesmo dia de uma goiabeira, árvore pela qual acaba criando uma afeição pessoal após ouvir a história da sua avó: "Você e ela nasceram um pro outro". Quando surge um projeto para construir novas ruas em nome do "progresso", porém, só Chico parece enxergar o absurdo que é a ideia de derrubá-la para colocar asfalto no lugar.

Trabalhando também nos filmes da "Turma da Mônica", o diretor Fernando Fraiha consegue atingir um equilíbrio bonito entre a fantasia e o mundo real, criando uma caricatura que respeita sua origem, mas que propõe certa originalidade. A luz dourada sempre brilhante e o tom exagerado de fala e comportamento dos personagens, dão a essa história a sua essência. Na cena em que Chico é pego "roubando" frutas, vemos o proprietário da terra (Luís Lobianco) num plano debaixo para cima, tremendo o chão a cada passo, criando uma percepção cartunesca daquela ameaça.

Isaac Amendoim incorpora esse personagem enquanto nos envolve no seu próprio sentimento de diversão, encarando seu papel num tom de brincadeira, mas também de muita seriedade. "Eu acho que ele parece comigo", diz o ator em conversa com O POVO. "Ele é da roça e eu também sou. Ele gosta da natureza e eu gosto demais. E eu gosto de bicho". O figurino emblemático, a dicção das palavras e sua presença que chega até a conversar com a plateia são elementos que criam um Chico Bento próprio para o cinema, com a esperteza e o conforto de uma história que se anuncia sem perder o charme.

Issac Amendoim dá vida ao personagem Chico Bento(Foto: Fabio Braga/Pivô Audiovisual/ Fernando Fahia/ Divulgação)
Foto: Fabio Braga/Pivô Audiovisual/ Fernando Fahia/ Divulgação Issac Amendoim dá vida ao personagem Chico Bento

Mesmo que apareça pouco, Débora Falabella faz da professora Marocas uma personagem cativante por ser a única adulta que parece realmente ouvir o Chico. Mas quem brilha no campo coadjuvante é Taís Araújo, como a própria Goiabeira que, de repente, ganha voz para conversar com seu defensor.

"Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa" chega como uma pérola rara no cenário do cinema brasileiro, respeitando seu público infanto-juvenil com um projeto cheio de carinho, abraçando também os adultos como forma de chacoalhá-los para o desastre que está sendo executado - do lado de cá, pode ser que não tenhamos uma criança para salvar o mundo.

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