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Projeto itinerante leva cinema aos bairros periféricos de Fortaleza
Vida & Arte

Projeto itinerante leva cinema aos bairros periféricos de Fortaleza

Circuito Itinerante Livre de Cinema, o Cilc, tem ampliando contato com o cinema nacional e regional nas comunidades de Fortaleza
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Foto: reprodução "Era Uma Vez em Icapuí"

Acreditando na arte como uma ferramenta de transformação social, o Estúdio Entre Olhos iniciou o projeto Circuito Itinerante Livre de Cinema (Cilc), que percorre as periferias de Fortaleza com exibições gratuitas de filmes regionais e nacionais. A iniciativa é apoiada pela Lei Paulo Gustavo e já percorreu cerca de 12 bairros.

O projeto iniciou em junho de 2024 e permanece até este ano com exibições itinerantes, cujo objetivo é motivar os grupos que já têm repertório de atuação comunitária. Segundo o diretor de produção do projeto, Erick Sousa, a realização do Cilc só é possível por meio desta relação com a mobilização local.

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"Os próprios grupos comunitários funcionam como articuladores locais. São parcerias não-econômicas, mas que viabilizam a execução do projeto. Além disso, a curadoria ajuda a difundir obras do independente, majoritariamente do Ceará", explica Erick.

Ainda segundo o diretor, existem "duas pernas" que sustentam o Cilc: a projeção de conteúdos audiovisuais para o fomento de obras independentes e a criação de novos espaços de arte dentro desses bairros. "O que fazemos é um mecanismo de indução do processo de acesso e consumo ao cinema", acrescenta.

Projeto itinerante democratiza acesso ao cinema

O articulador Vandim, de 23 anos, foi um dos impactados pelo cinema itinerante. Residente da comunidade Oitão Preto (Moura Brasil), ele afirma que fez parte da produção e realização do projeto em seu bairro porque acredita no papel transformador da arte e da cultura.

"O acesso às salas de cinema tradicionais ainda não é tão amplo. Ter oportunidade de trazer o cinema para cá, como ferramenta de transformação e democratização da cultura, é muito massa", argumenta Vandim, que é líder comunitário no coletivo Raízes da Periferia.

No Oitão Preto, já aconteceram cineclubes promovidos pelo coletivo, movimento que ganhou mais força com a parceria "super potente" do Cilc. "Eu, como público da comunidade, vi que (as pessoas) abraçaram muito bem. O coletivo fez toda a articulação e ficou muito massa. Teve até carrinho de pipoca para as crianças", comemora.

A ação no bairro aconteceu em dezembro de 2024 e foram exibidos os filmes "Era uma vez em Icapuí", do Projeto Animação Ambiental do Instituto Marlin Azul, e "Barra Nova", com direção de Diego Maia. A escolha dessas obras foi pensada para fazer o público refletir sobre o novo momento da região.

"Aqui na comunidade, temos um projeto que se chama 'Eco Raiz', em que nós fazemos produtos a partir da reciclagem do óleo de cozinha. Por isso, a curadoria do filme trouxe a questão ambiental, já que trabalhamos com isso", esclarece.

Ressaltando a Lei Paulo Gustavo como o único apoio financeiro do projeto, Erick avalia de forma positiva o impacto dessas ações na capital cearense. "Somos uma ferramenta de indução ao consumo dos produtos audiovisuais brasileiros e cearenses", esclarece o diretor, que afirma que todas as regiões do País já foram contempladas com obras exibidas no circuito.

Projeto audiovisual trabalha com estrutura fixa

Para além da intenção de democratizar e fomentar o cinema nas periferias, o projeto demanda uma estrutura que se adapte aos locais por onde passa: "Às vezes, o espaço que vamos não tem estrutura técnica, iluminação, acústica, pavimentação, acessibilidade, questões infraestruturais que acabam se adequando ao espaço".

Com o suporte de 15 a 20 pessoas em todas as etapas do circuito, o Cilc trabalha com estrutura fixa de tela, caixas de exibição, cadeiras, iluminação, espaços de debate e intérpretes de libras. Este último, inclusive, compõe os cuidados de acessibilidade, que garante que os filmes tenham janelas de libras.

E sintetiza: "São consideradas questões além do aspecto cultural para a realização da atividade, pois é um contexto de vulnerabilidade social. Quando você sai da sala de cinema tradicional e vai para a rua, acontece isso mesmo. E a proposta é que a rua, as praças ou os espaços comunitários se transformem em telas de exibição".

Ao fim de cada sessão, há um momento para debates sobre cada obra. "Eu acredito no poder da educação e da cultura, não é à toa que fui uma pessoa transformada", diz Vandim.

Próximas sessões

Bairro Siqueira

  • Quando: sexta-feira, 7 de feverereiro
  • Onde: ETI Professor Agerson Tabosa ( R. Wilca Albuquerque, 90 - Siqueira)

Vila Peri

  • Quando: sexta-feira, 14 de fevereiro
  • Onde: EEFM Prof Hermenegildo Firmeza (R. Gabriel Fiúza, 360 - Vila Peri)

Itaoca

  • Quando: sexta-feira, 21 de fevereiro
  • Onde: EMTI Carolino Sucupira (R. Mundica Paula, 670 - Itaoca)

Itaperi

  • Quando: sexta-feira, 28 de fevereiro
  • Onde: Universidade Estadual do Ceará (Av. Dr. Silas Munguba, 1700 - Itaperi)

Horários serão atualizados no Instagram (@cilc.cinemaitinerante)

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