Logo O POVO+
Segunda temporada de 'Round 6' tem trama bem elaborada e fotografia de impacto
Vida & Arte

Segunda temporada de 'Round 6' tem trama bem elaborada e fotografia de impacto

Segunda temporada de drama sul-coreano estreia superando "Wandinha" em números de audiência e traz mais reviravoltas para enredo
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Foto: Netflix/Reprodução "Jogo da Lula" chegou em 31 de dezembro de 2024 à Netflix

A ânsia de romper com o sistema é o que move Seong Gi-hun (Lee Jung-jae) a retornar para o jogo após três anos, na segunda temporada de "Round 6" (Hwang Dong-hyuk). Ao lado do policial Hwang Jun-ho (Wi Ha-joon), o também conhecido como jogador 456 usará seus saberes para destruir o esquema que se aproveita de pessoas em vulnerabilidade social como forma de entretenimento.

De modo surpreendente, a sequência de "Jogo da Lula" (como também era chamada a primeira temporada) conseguiu se manter tão instigante quanto a sua antecessora. O novo arco escrito por Dong-hyuk é bem explorado com a possibilidade de desmonte do jogo, além de agregar personagens novos interessantíssimos, como MC Thanos (T.O.P).

Interpretado por Choi Seung-hyun, que atende pelo nome artístico de T.O.P, Thanos é um rapper falido. O músico chama atenção na trama por seu carisma, mostrando que nem toda figura de uma série precisa ter uma índole 100% aceitável para se destacar. O artista rouba a cena por sua espontaneidade.

Talvez isso se deva ao fato de Thanos ser uma sátira do próprio T.O.P, que já foi adicto a substâncias ilícitas e enfrentou uma pausa na carreira para cumprir serviço comunitário. O resultado é um personagem que não se desenvolve, mas nem por isso deixa de entreter.

Jang Geum-ja (Kim Ae-sim) é outra figura que brilha. A atriz, que esteve em "Wonderful World" (2024), é uma mãe preocupada que segue o filho Bak Yong-sik (Yang Dong-eun) até o jogo. A parceria dos dois, que no início parece uma síndrome do ninho vazio, é responsável por momentos leves e divertidos na produção, além de render cenas afetuosas de Geum-ja cuidando de outras mulheres.

O núcleo principal de jogadores da segunda temporada de "Jogo da Lula" é tão notável quanto o da temporada anterior. As atuações são convincentes, principalmente de Im Swan. O ator, que normalmente é o mocinho em k-dramas de comédia romântica, interpreta o influenciador Lee Myeong-gi.

A qualidade da obra não está restrita ao roteiro e ao elenco. Visualmente, a série entrega uma fotografia atenta ao impacto que quer causar com a violência, diminuindo as cenas gráficas em relação a primeira temporada. Como na cena em que a jogadora 95 morre e a câmera fecha o quadro em seus olhos perdendo a vida, conferindo sensibilidade à tragédia.

Um erro grave foi escalar um homem cis para viver uma mulher trans. Mesmo que Park Sung Hoon ("A Rainha das Lágrimas") tenha uma performance impecável como Jon Hyeon-ju e o roteiro aborde as questões que tangem a vivência de uma pessoa trans, é lamentável que uma série do alcance internacional não tenha conseguido romper com a transfobia decorrente do conservadorismo presente na sociedade sul-coreana.

Apesar disso, "Round 6" consegue entregar uma boa temporada. As críticas sociais à diferença de classes são o que guiam a trama. A luta pelo dinheiro explicita como o ser humano é capaz de tudo para garantir a sobrevivência, não só no jogo, mas fora dele.

"Round 6"

Onde e quando: Já disponível no catálogo da Netflix

O que você achou desse conteúdo?