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Renato Aragão celebra 90 anos e segue como referência no humor
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Renato Aragão celebra 90 anos e segue como referência no humor

Aos 90 anos, Renato Aragão revoluciona a cena do humor com carreira que é referência para nomes da comédia cearense
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Foto: sara maia legenda

De Sobral às telas da televisão brasileira carregando uma marca registrada: o humor. Assim, são as nove décadas de vida voltadas à arte do riso que o cearense Renato Aragão comemora nesta segunda-feira, 13 de janeiro. Antes de brilhar em frente às câmeras, entretanto, ele formou-se em Direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Mas decidiu trilhar o caminho artístico. A sua primeira aparição na TV aconteceu aos 25 anos, no programa "Vídeo Alegre", da TV Ceará.

Alguns anos depois, o também produtor, redator e diretor mudou-se para o Rio de Janeiro, quando iniciou sua trajetória na TV Tupi, recebendo destaque em programas humorísticos. Assim, Aragão apresentava uma fração da comédia cearense a outros estados do país.

"Renato Aragão é uma unanimidade, com Chico e Tom formam a santíssima trindade que sagrou o Ceará como a terra do humor para todo o Brasil", aponta o comediante cearense Moisés Loureiro.

Para o pesquisador, humorista e diretor do Teatro Chico Anysio e do Museu do Humor, Jader Soares, o agora nonagenário é uma das grandes referências para o humor do Ceará. "Mesmo morando no Rio há mais de 60 anos, ele mantém o jeito cearense de falar e brincar, algo que inspira muitos humoristas locais", aponta.

Renato nunca deixou de embarcar em novos projetos. Em 1966, criou "Os Adoráveis Trapalhões" na TV Excelsior, embrião do grupo "Os Trapalhões". Após reformulações, o programa estreou na TV Globo em 1976, tornando-se reconhecido como um dos maiores fenômenos da televisão brasileira.

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"Os Trapalhões" esteve no ar por mais de duas décadas, conquistando o Guinness World Records como o humorístico com mais permanência na TV. O grupo também foi sucesso de bilheteria no cinema, estrelando mais de 30 filmes. Para o também humorista cearense Lailtinho Brega, Renato Aragão pode ter concretizado seu legado com o personagem "Didi Mocó", mas conseguiu atribuir uma perspectiva familiar da arte de fazer humor.

"Os Trapalhões faziam parte da história de todo mundo, dos pais, da minha. Era um tipo de humor muito família, que junta as pessoas no domingo. O Renato Aragão criou uma verdadeira dramaturgia cearense, influenciando jovens e fortalecendo a grife de que o Ceará é uma terra boa, alegre e de humor", ressalta Lailtinho Brega.

Moisés Loureiro complementa o colega de profissão sobre a técnica por trás de Renato. "Para além do talento inquestionável, acredito que uma das grandes marcas dele é o perfil de ator/autor/produtor. Afinal, ele assinava os próprios roteiros e produções, muito além do que se via em cena, o trabalho nos bastidores desenvolvido pelo trapalhão é referência máxima para quem quer ser um realizador", detalha.

Após 44 anos na TV Globo, a saída de Renato da emissora em 2020 não interrompeu a carreira do artista. Aos 90 anos, ele continua conectado ao público por meio das redes sociais, nas quais compartilha momentos pessoais e se mantém ativo.

Suas obras, disponíveis em plataformas de streaming, continuam a atrair o público, e seu legado segue vivo, assim como sua influência no humor. "Renato é eterno, um trapalhão eterno, que divulgou muito o Ceará e abriu espaço para outros artistas cearenses no cenário nacional", ressalta Jader Soares.

Segundo Lailtinho, Renato contribuiu para a formação de uma nova geração de humoristas cearenses. Para ele, além da referência na arte do riso, o trabalho do agora nonagenário foi fundamental para apresentar o Ceará como a "terra do humor".

"O Renato, juntamente com o Chico Anysio, foi de uma importância maiúscula para o humor do Ceará ser o que continua sendo. Nos tempos modernos, a partir dos anos 1960, quando Renato entrou na televisão e Chico um pouco antes, eles foram reconhecidos como os maiores humoristas do Brasil, ambos cearenses. Sem eles, hoje não seríamos a terra do humor", destaca Jader Soares.

Em homenagem à data comemorada, o Museu do Humor Cearense, localizado no Benfica, preparou a exposição "90 x Didi". Sob curadoria do diretor do espaço, o acervo estará disponível para exposição nesta segunda-feira, 13, às 19 horas, e seguindo até o dia 12 de abril, no Dia Nacional do Humorista.

"A exposição começa no dia 13 de janeiro, aniversário do Renato Aragão, e vai até o dia 12 de abril, que também é o Dia do Humorista, uma data que idealizei. Ela traz um acervo diversificado: figurinos, LPs, DVDs, livros, cartazes dos filmes, e até uma fita cassete com gravações dele. É como se cada dia da exposição representasse um ano da vida do Renato", relata Jader.

Como embaixador do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), ele dedicou-se a causas sociais e atuou como idealizador do Criança Esperança. Para além dos holofotes, foi casado com Marta Rangel, com quem teve quatro filhos. Em 1991, casou com Lilian Taranto, com quem teve a caçula, Lívian Aragão. E com seu trabalho, o nonagenário continua a ser revisitado por gerações, reafirmando seu papel no humor.

 

Exposição 90 x Didi - Homenagem a Renato Aragão

  • Quando: de segunda-feira, 13, a 12 de abril; visitas de segunda-feira a sábado, das 14h às 20 horas
  • Abertura: segunda-feira, 13, às 19h
  • Onde: Museu do Humor Cearense (Av. da Universidade, 2175 – Benfica)
  • Quanto: gratuito na abertura da exposição; ingressos para visitar o Museu custam R$ 30  (inteira) e r$ 15 (meia).
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