Logo O POVO+
Karla Karenina aborda inseguranças e espiritualidade em livro lançado na Bece
Vida & Arte

Karla Karenina aborda inseguranças e espiritualidade em livro lançado na Bece

Atriz e escritora Karla Karenina lança edição ampliada de seu livro "Como Dantes, obra que mergulha no universo de memórias do inconsciente, reflexões e afetos"
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
A artista Karla Karenina está lançando seu novo projeto literário
Foto: Aline Caldas / Reprodução A artista Karla Karenina está lançando seu novo projeto literário "Como Dantes", romance inspirado em memórias de seu passado

Após quase um ano do público ter conhecido a jornada de Sophie, a atriz, humorista, escritora e terapeuta cearense Karla Karenina lança edição ampliada do romance “Como Dantes”. O evento ocorre na Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece) nesta quinta-feira, 16, a partir das 18 horas.

O lançamento tem entrada gratuita e conta com conversa mediada pela autora Priscila Austin. Na ocasião, o público participa de um espaço para interação e troca de ideias com a escritora de “Como Dantes”. A obra é também permeada por ilustrações que amplificam os sentidos do texto.

No livro, o leitor é convidado a “mergulhar em memórias trazidas do inconsciente, reflexões e afetos” a partir de um “delicado retrato do íntimo humano”. O trabalho apresenta a jornada de Sophie, uma jovem que, ao perder sua criança interior, encontra refúgio no palco e inicia um processo de autodescoberta.

O enredo aborda temas como liberdade, inseguranças, fragilidades, além de tocar em temas delicados como abuso infantil, espiritualidade e religiosidade.

O desenvolvimento do livro ocorreu a partir do uso da técnica de “regressão de memória”. A técnica terapêutica ajuda o paciente a acessar memórias passadas. Com isso, o objetivo é levá-lo a reviver eventos que possam estar influenciando de forma negativa sua saúde, emoções e comportamento no presente.

Formada em 2009, ao ser submetida como aprendiz nessa técnica Karla Karenina “visitou várias histórias” e teve vontade de contá-la. Na época, não imaginava que se transformaria em um livro, mas recebeu apoio para seguir adiante com a empreitada. Ela relata que tinha um “complexo irracional de inferioridade”, mesmo tendo vivido momentos importantes como atriz, a exemplo de seu papel como Meirinha na “Escolinha do Professor Raimundo”.

“Eu tinha esse sentimento muito forte de inadequação, de autoestima no ‘solado do pé’, de incapacidade, de que era menor que todo mundo… Eu sabia, racionalmente, que não era uma pessoa ‘burra’, vivi em um ambiente intelectual… Esse foi um dos temas que trabalhei nas minhas regressões de memória. Essa história eu queria contar, porque acho que também é do inconsciente coletivo, mais do que uma história pessoal”, afirma.

O livro, então, explora essa sessão de Karla Karenina, em que uma das memórias indicava os caminhos para o seu sentimento. Como aponta, a regressão permite que o inconsciente acesse “histórias que não são dessa vida” ou que não fazem parte da história da pessoa “nesta existência”. Ela cita Roger Woolger, idealizador do método, ao comparar com a expressão “fantasias de vidas passadas”.

“Na história do livro, acessei uma personagem chamada Sophie. Ela é uma menina que teve uma infância sofrida, dramática, com temas bem pesados. Sofreu abusos na infância. Ingenuamente, ela descobre a arte a partir de uma casa de danças, onde mulheres dançavam para os homens. Em sua ingenuidade, achava que era aquele o mundo no qual desejava, onde teria sua liberdade: no palco”, explica.

“Nessa história, encontro muitos elementos da minha vida de hoje, em que pude ressignificar. Na primeira edição não existiam tantos detalhes, tanto que o livro ganhou mais capítulos. Achei que merecia mais falas. Na obra, falo como Karla e como Sophie. Não foi um livro fácil de escrever, saber que momento é o pensamento da Karla e qual é o da Sophie. É isso o que acontece em uma sessão desse método de regressão de memória”, acrescenta.

Assim, de acordo com Karla Karenina, é possível se utilizar do “psicodrama”, uma forma do corpo “contar a história” e fechá-la, proporcionando uma conclusão. “Teve uma época na qual eu não consegui fazer shows, cheguei a desmarcar. Era uma sensação ruim, me dava uma tristeza muito grande, principalmente por ser show de humor. Isso estava complicando bastante a minha vida. Trabalhando nessa ação de regressão eu pude ressignificar e melhorar muito a minha arte”, revela.

Permeado também por ilustrações de Ronaldo Cavalcante, o livro funciona como um complemento do fechamento dessa história, para a atriz: “Foi uma virada de chave para mim. Acho que o exemplo de eu assumir que tinha esses sentimentos, de incapacidade para escrever um livro, gosto de pensar que as pessoas permitam contar suas histórias através de poemas ou romances. É uma riqueza poder partilhar nossas histórias”.

Livro
Livro "Como Dantes", de Karla Karenina, ganha edição ampliada

Como Dantes

  • De Karla Karenina
  • Editora A Guardiã
  • Lançamento: quinta-feira, 16, às 18 horas
  • Onde: Biblioteca Estadual do Ceará (Avenida Presidente Castelo Branco, 255 - Bairro Moura Brasil)
  • Entrada gratuita

 

LIVRO

Um dos destaques de "Como Dantes", livro de Karla Karenina, é o conjunto visual composto por ilustrações de Ronaldo Cavalcante.

 

Os passos de Karenina

Entre lançamento de livros e a continuidade de seu trabalho como terapeuta, Karla Karenina continua achando espaço para outra vertente marcante de sua trajetória: a atuação. Notável por papéis como Meirinha, da “Escolinha do Professor Raimundo”, e passagens por novelas como “Morde e Assopra” e “A Força do Querer”, a atriz também participou de filmes como “Cine Holliúdy” e “O Shaolin do Sertão”.

Como relata, o seu olhar para as artes “está mais vivo do que nunca”, e participa de projetos de cinema - incluindo uma “história que nunca foi contada” no formato, mas que, por enquanto, não pode dar detalhes. Ela gravou participações nos filmes “CIC - Central de Inteligência Cearense” e “O Shaolin do Sertão 2”, além de estar na série “Cilada”, com Bruno Mazzeo.

“Estou sempre fazendo muita coisa, atendendo como terapeuta e dando palestras de vez em quando. Minha vida é sempre muito agitada, mas as artes nunca vão sair dela. Sou apaixonada pelo que faço. Quero sempre fazer coisas novas”, admite.

O que você achou desse conteúdo?