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Comfy style mobiliza consumidores e marcas de moda após a pandemia de Covid-19
Vida & Arte

Comfy style mobiliza consumidores e marcas de moda após a pandemia de Covid-19

Prezando pelo bem-estar e conforto, mas ainda valorizando o estilo, o comfy style permite uma liberdade em como se vestir em diferentes momentos do cotidiano
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Há 30 anos, o Ateliê da Sil trabalha com roupas que prezam a liberdade e
Foto: Rômulo Cesar/Divulgação Há 30 anos, o Ateliê da Sil trabalha com roupas que prezam a liberdade e "vestem a alma"

Conforto — substantivo masculino que pode significar, dentre os seis signficados apresentados pelo dicionário Michaelis, “ato ou efeito de confortar(-se)” ou “bem-estar; comodidade material; aconchego”. Sentir-se bem e/ou satisfeito consigo mesmo, seja profissionalmente, nas escolhas pessoais ou em apenas ao se deitar para um cochilo — quem não gosta, certo?

Uma sensação que pode se estender para as roupas vestidas no dia a dia, seja em casa, no trabalho ou para passear em algum momento de lazer. Quem sabe usar uma combinação de uma calça moletom com um blazer e um tênis? Ou um vestido de modelagem mais solta? O objetivo é não se prender a roupas ou calçados apertados.

Esse estilo, que não é novo, tem um nome específico: comfy style. É composto por peças oversized, da moda fitness, com tecidos macios e leves, cortes mais largos e que não precisam marcar o corpo necessariamente. A liberdade e bem-estar de quem usa é priorizada aqui.

A ideia não é nova — passeando pelo Google, é possível encontrar materiais que foram publicados na web em 2016 ou 2017, mostrando que ele já circulava com essa nomeclatura. Alguns famosos já eram adeptos naquela época, como a supermodelo mundial Gigi Hadid, capturada pelas lentes de paparazzi diversas vezes desfilando nas ruas com looks confortáveis.

Mas um destaque fica para o ano de 2020, quando o mundo foi confinado em casa devido a pandemia de Covid-19. Muito da forma de viver o cotidiano foi transformado e uma delas, definitivamente, foi a forma de se vestir. Como retornar ao padrão de antes se uma comodidade havia assentado na pele?

Se o comfy já despontava nos anos anteriores, a partir daquele ano ele teve um pico de adeptos — mesmo que muitos nem soubessem que a moda tinha um nome específico para ele. Em uma percepção própria desta repórter, foi notório que não apenas marcas mais famosas, como também as lojas de departamento parecem estar abrindo mais espaço para peças do tipo, como as famosas oversized.

Em uma entrevista com Nilo Lima Barreto, bacharel de Design - Moda e mestre em Artes pela Universidade Federal do Ceará, ele explica que as empresas da indústria da moda ficam atentas, como uma “observação social e também como projeção” para o futuro. “Muitas empresas prospectam algumas vontades, aliando ao que a sociedade deseja e o que ela quer colocar no mercado”, elabora.

“Eles entenderam que a sociedade está mais propensa a valorizar esse conforto, tanto físico, quanto, vamos dizer, estético. Quando surge esse momento de reclusão do confinamento, existe esse novo olhar consumidor para as roupas que normalmente são utilizadas dentro de casa. O que o mercado faz é tentar transformar essa ideia de conforto em algum material rentável”, continua.

O pesquisador, inclusive, afirma que tentaria enxergar o comfy não como uma tendência, mas como um conceito. Vamos para um exemplo: o jeans. Esse é um tecido bastante adotado pelos brasileiros — o que Nilo considera curioso, visto que não é uma peça projetada para um clima como o do País, mas para trabalhadores. “Mas ela foi absorvida pelo público brasileiro e as marcas conseguem vender muito essa peça”, pontua.

No entanto, existem tipos de jeans que buscam trazer mais conforto aos seus usuários, “com um tecido que respira melhor, o corte mais adequado a variedade de corpo”. “Acredito que a tecnologia ajuda a esse ideal de conforto ser colocado em uma variada gama de peças do vestuário”.

“Acho que esse conforto e ideia de liberdade é aliada ao bem-estar. (Por exemplo), esse bem-estar térmico, de você utilizar uma roupa que está condizente com o clima que você está; O conforto ergonômico, que diz em relação ao caimento, como esse vestuário se adequa ao corpo. E também o conforto estético, essa ideia de liberdade de você poder utilizar essa peça independente da ocasião”, arremata.

Por falar em conforto e liberdade, a estilista cearense Silvania de Deus há anos trabalha com esse conceito. Quando pensou na marca, a Sil, buscava traduzir nas peças o seu “desejo de vida, de como ela se move nesse mundo” a percepção dela alcança o coletivo. “A partir desse movimento, encontro em mim um corpo que está bem mais adequado ao conforto, a buscar o conforto, para o movimento ser mais fluído, do que contrário. Então, a marca é uma extensão disto”, contextualiza.

Adotando a sustentabilidade em suas peças, o Ateliê da Sil nasceu com o desejo de durabilidade das peças, “que essa roupa siga com essa pessoa” que comprou a peça fazendo parte da rotina, contando e seguindo histórias desse usuário. Uma roupa que dura e “veste a alma”.

“Tenho um investimento muito grande em modelagens que vão realmente trazer uma relação muito melhor com a autoestima, porque são minuciosamente estudadas e trabalhadas para que a maioria dos corpos que se encontram com essa roupa, acenda nele um lugar de satisfação e beleza”, sustenta.

Silvania traz, seja no vestido Raara ou no Mariângela, o conforto aqueles que vestem suas peças — mesmo que a ideia não tenha iniciado com o nome “comfy style”. A modelagem, o desejo de durabilidade, a versatilidade do vestuário, são apenas alguns dos pontos que entregam para aqueles que usam a marca um bem-estar consigo, o conceito do conforto dito anteriormente — a liberdade de vestir livremente.

E finaliza, convidando a experimentar as peças: “Bota essa peça e vamos ver como seu corpo se sente ao se olhar no espelho e está em uma proposta diferente do que você busca, ou da que você acha que lhe cabe”.

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