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Rapper Má Dame lança primeiro EP falando sobre o cotidiano urbano
Vida & Arte

Rapper Má Dame lança primeiro EP falando sobre o cotidiano urbano

Misturando referências que passeiam entre rap e reggae, a artista cearense Má Dame expande a arte periférica e o cotidiano de quem vive em Fortaleza
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Má Dame se apresenta no Porto Iracema com o projeto Mixtape Codinome Rosatômica (Foto: Bruno Rodrigues/ Divulgação )
Foto: Bruno Rodrigues/ Divulgação Má Dame se apresenta no Porto Iracema com o projeto Mixtape Codinome Rosatômica

"E na cena nos manda brasa, os cop tá na caça e eu não sou presa, nem tua. Quer ter moral na rua, mas a rua não é tua casa. Pra ter moral na rua, só o que a rua abraça. Pega o teu e vaza". É com esses versos que Dame de Maria Gois Teodosio, conhecida no meio artístico como Má Dame, inicia a música "Na Cena".

Com presença de palco inconfundível, voz marcante e a representatividade que possui na cena musical da Cidade, a artista evidencia de forma combativa, em suas rimas, a realidade de quem vive na periferia. Quatro anos após o lançamento do seu primeiro EP, Má Dame trabalha no projeto "Mixtape Codinome Rosatômica", uma produção do Laboratório de Música da Escola Porto Iracema das Artes, que vai ser lançado nesta quarta, 22, e integra a programação de férias do equipamento.

"Estamos criando e produzindo a ideia dessa sonoridade e visual desde meados de 2021, eu e Nego Célio. São composições que trago desde 2019. A tutoria e produção está com DJ CIA e estamos muito felizes enquanto equipe pela oportunidade. No show estamos trazendo a sonoridade que aprontamos durante esses meses de produção no laboratório do Porto", explica.

Foi através das poesias e dos saraus que a cearense descobriu a paixão pelo hip-hop e o desejo de viver da música. O nome artístico surgiu de referências de rappers que utilizam contrações antecedendo seus nomes artísticos, como Lil' Kim ou Bad Bunny, por exemplo.

"A necessidade de voz" foi o que a incentivou a começar a cantar. A artista, que é cria do bairro Quintino Cunha, percebeu que, por meio da arte, conseguiria expor o cotidiano urbano que a atravessa e instiga.

"É rap, né? É a necessidade de voz, de vida. O rap sempre foi a trilha sonora da minha família. Minhas maiores referências são sempre esses frutos da cultura que, para tantos, são vistos como 'cultura de rua' — os saraus, os movimentos de reggae, o hip hop e suas vertentes", diz.

O apego à literatura e à poesia surgiu ainda na infância. O conto "Filosofia de Um Par de Botas", de Machado de Assis, foi o que a "prendeu" nesse mundo imaginário cheio de possibilidades e a instigou a começar a escrever. "Sempre gostei de ler, desde a infância. Não lembro bem quando surgiu a poesia, mas foi logo na infância. De alguma forma, em algum momento, eu sabia que estava fazendo poesia", conta.

Quando questionada sobre referências na profissão, a artista cita seus companheiros cearenses. "Hoje tenho a possibilidade de ter na minha equipe pessoas que sempre citei como referências, como Nego Célio e João Pedro (JPreto). Além disso, artistas como 6lecaute, Mateus Fazeno Rock e Di Ferreira são daqueles que me inspiram a criar e gerir meu corre".

Má Dame se apresenta no Porto Iracema com o projeto Mixtape Codinome Rosatômica
Má Dame se apresenta no Porto Iracema com o projeto Mixtape Codinome Rosatômica

Obstáculos para enfrentar

Com letras afiadas, Má Dame vem conquistando seu espaço na cena do rap. Seu primeiro álbum, "No Fio da Navalha", lançado em 2020, trouxe uma sonoridade underground da cultura fortalezense. Na faixa "Holocausto da Capital", por exemplo, a artista coloca em suas rimas a desigualdade social e os problemas urbanos que acontecem na Cidade.

E entre todas suas composições, se arrisca a citar "Estado Mental", música que produziu com Nego Célio como uma das que a toca de maneira especial. "Porque nela sinto que dichavo bastante sobre o que é ter que correr por essa cidade. Além de que amo o beat dessa música", diz.

Para Má Dame, os desafios durante o processo de produção foram muitos, obstáculos que precisou enfrentar para o projeto ganhar vida, fatores que mantiveram sua vontade de seguir e focar mais na sua resolução.

Mas enfatiza que o respeito ao seu pronome e corpo em determinados locais de trabalho ainda persistem e que não acredita que o preconceito irá cessar. "Sou uma pessoa trans, uma travesti nessa cidade, nesse Estado. Nessa cena que todos olham e dizem 'ah, mas você sabe o quão essa cena é predominantemente masculina?' e é, eu sei. Isso é verdade", elucida a artista.

Acompanhe a artista

Show do projeto Mixtape Codinome Rosatômica

  • Quando: quarta, 22, às 19 horas
  • Onde: Pátio da Escola Porto Iracema das Artes (Rua Dragão do Mar, 160 - Praia de Iracema)
  • Gratuito
Má Dame se apresenta no Porto Iracema com o projeto Mixtape Codinome Rosatômica
Má Dame se apresenta no Porto Iracema com o projeto Mixtape Codinome Rosatômica

Programação da Escola Porto Iracema das Artes

Conversa sobre o filme "Malu"

  • Quando: quinta-feira, 23, às 16 horas
  • Onde: Cinema do Dragão
  • O quê: Lab Cena 15 integra Mostra Retroexpectativa do Cinema do Dragão, com Natália Maia, Andreia Pires, Celina Ximenes e Maria do Céu.
  • Gratuito

Roda de conversa "Anatomia do Espetáculo: A Invenção do Nordeste", com Quitéria Kelly

  • Quando: sábado, 25, às 18 horas
  • Onde: Auditório da Escola Porto Iracema das Artes
  • Gratuito

Oficina "Uma caixa de afetos - introdução ao Rasaboxes", com Júlia Sarmento

  • Quando: segunda-feira, 27, a sexta-feira, 31
  • Horário: 9 às 13 horas
  • Onde: Sala de Teatro Sidney Souto da Escola Porto Iracema das Artes
  • O quê: A oficina propõe uma introdução ao treinamento performático denominado Rasaboxes. Origens do Rasaboxes, o sabor e a produção afetiva e a produção cênica rásica estão entre os conteúdos abordados.
  • Gratuito. Inscrições via formulário virtual

Espetáculo Infanto-juvenil: PIEN, de Alexandre Américo e Pedro Vitor, com alunos do Curso Técnico em Dança da Porto Iracema das Artes.

  • Quando: quarta-feira, 29, às 10h30min
  • Onde: Sala Willemara Barros
  • O quê: Apresentação do espetáculo PIEN criado por e para pessoas neurodivergentes. O acesso ao público neurotípico será limitado a dez pessoas por ordem de chegada. Contaremos com um público majoritariamente composto por crianças e jovens neurodivergentes do Centro Inclusivo para Atendimento e Desenvolvimento Infantil.
  • Gratuito. Participação conforme ordem de chegada (dez vagas)

Show - Vermelho e preto

  • Quando: quinta-feira, 30, às 19 horas
  • Onde: Auditório 
  • Gratuito
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