Para celebrar a diversidade artística do Ceará, o Festival Alberto Nepomuceno (FAN) inicia neste sábado, 25, mais uma programação que celebra a obra do músico. Desta vez, na 11ª edição, são destaque a mistura de arte erudita com cultura popular. Há mais de 20 anos, as sementes do festival começaram a ser plantadas no Estado.
A história iniciou com programações musicais de câmara em igrejas de Fortaleza e Aquiraz. Apesar do evento não ter cunho religioso, esses espaços eram escolhidos devido à sua acústica e pela intenção de resgatá-los como locais de apresentações culturais.
Oficializado como festival em 2014, o FAN passou a ter a integração de gêneros populares da arte. "Ele tem várias linguagens, mas a música é protagonista", declara a organizadora do festival, Cris Queiroz, destacando que o evento sempre será uma homenagem ao compositor e pianista Alberto Nepomuceno.
A abertura acontece no Museu da Imagem e do Som Chico Albuquerque (MIS) com o espetáculo "Os tons da Liberdade", realizado pela Camerata de Cordas da Universidade Federal do Ceará (UFC). O repertório do show contempla músicas de animes e de videogame.
"A Camerata desenvolve um trabalho de formação musical de estudantes, tanto da graduação quanto da extensão da UFC. Nós desenvolvemos um estudo de repertório com ampla abrangência, que contempla o repertório erudito, já que vem da música erudita a técnica instrumental necessária para tocar os instrumentos; assim como trabalhamos com música popular internacional, música popular brasileira, música regional e também com outras abordagens mais contemporâneas", explica Liu Man Ying, diretora do projeto.
Sobre a relação das músicas de anime e videogames, ela esclarece que o gênero se entrelaça com a música erudita, característica do trabalho de Alberto Nepomuceno. "Muitas vezes, a música do videogame é inspirada não só em um contexto histórico com seu enredo, a contextualização do jogo também tem elementos da música erudita", esclarece.
Também serão realizados círculos de conversa, que acontecem no canal do Youtube do Festival. A organizadora dos eventos, jornalista Izabel Gurgel, destaca a proposta: "nós vamos fazer uma série de conversas virtuais sobre acervos do Ceará. Estamos chamando essa programação de 'Joias do Ceará', porque são acervos preciosos".
Esses diálogos acontecem nas quartas-feiras e sábados do festival, com programação que se estende ao longo dos próximos meses. As quatro primeiras transmissões abordam respectivamente os temas "Casas de Fazenda do Ceará - séculos XVIII e XIX", "Quem é Sérvulo Esmeraldo" e "Um joalheiro no sertão de Quixeramobim" (com pesquisa sobre o paisagista Roberto Burle Marx).
"O FAN é um 'festival escola' para todas as idades. Ele tem esse caráter educativo, de formação", aponta Cristiane. Outro destaque da programação do Festival Alberto Nepomuceno são as três exposições que compõe o circuito: "Mestra Zilda Torres e seus bonecos", com o acervo de bonecos da Mestra em Teatro de Bonecos Zilda Torres; "Neudson Braga e o modernismo arquitetônico em Fortaleza", em homenagem aos 90 anos do artista; e "Quem é Sérvulo Esmeraldo", disponível no Centro Cultural do Cariri.
Cristiane pontua que a programação é feita baseada em valores de coletividade e inclusão. Como exemplo, as ações que acontecem antes, durante e depois do FAN na escola indígena Brolhos da Terra, em Itapipoca. Além dela, escolas públicas de Fortaleza e do interior do Estado são contempladas.
"O FAN tem uma grande responsabilidade social. Essa gratuidade e a itinerância contribuem para fortalecer direitos culturais e combater preconceitos. Nós desenvolvemos ações de acessibilidade, estimulamos a participação de mulheres, pessoas com deficiência e pessoas LGBTQIAP , reforçando a política de cotas afirmativas", resume Cris Queiroz.
Destaques da programação do FAN
Neudson Braga e o modernismo arquitetônico em Fortaleza (Joias do Ceará)
Os tons da Liberdade - músicas de animes e jogos de vídeo game Camerata de Cordas da UFC
Neudson Braga e o modernismo arquitetônico em Fortaleza (visita guiada)
"Casas de Fazenda do Ceará - séculos XVIII e XIX" (Joias do Ceará)
Conversa "Quem é Sérvulo Esmeraldo" (Joias do Ceará)
"Um joalheiro no sertão de Quixeramobim" (Joias do Ceará)