Uma combinação de experimentações, vivências coletivas e amadurecimento individual resulta em formas diversas de ver o mundo e traduzi-lo em palavras que, em dado momento, se tornam melodias. Essa fusão de pensamentos e percepções pode ser acompanhada no álbum "Sal de Casa", da banda cearense Jangada Pirata.
Com 10 faixas, o primeiro disco do grupo tem lançamento marcado para o dia 8 de março e traz, em seu conteúdo, as grandes e pequenas mudanças - pessoais e profissionais - dos músicos que decidiram se reunir há oito anos.
"(Os ouvintes) podem esperar ouvir um trabalho mais maduro, mais conciso e cheio de experimentações sonoras", afirma Cecília Mesquita, vocalista da Jangada Pirata, ao detalhar que as composições "carregam consigo um pouco desse sentimento de incerteza".
Formada por Cecília Mesquita (voz); João Vitor Fidanza, o Fidaz (guitarra); Ricardo Arraes, o Ricaz (baixo); e Jefferson Castro (bateria), a banda iniciada em 2017 traz em sua discografia já lançada dois EPs que apresentam um universo de referências e conceitos a serem desvendados por quem os ouve.
Com um gosto estruturado por nomes da música brasileira, como Amelinha, Dorival Caymmi e Elza Soares, a vocalista adianta que o grupo "bebeu de muitas fontes" para "Sal de Casa".
A nova obra musical possui ritmos que vão de brasilidades, trip hop e stoner rock até estilos já utilizados em composições anteriores, como Lo-Fi, música experimental e rock alternativo.
"Partimos desde harmonias e ritmos mais calorosos, com uma variedade de percussões e tonalidades maiores, até músicas mais introspectivas e contemplativas", detalha
Os novos formatos musicais foram trabalhados, entre erros, acertos, insistências e desistências, após quatro anos nos quais os membros tiveram que lidar e se adaptar às diversas transformações.
Ricaz explica que o período entre um trabalho e outro - o último projeto da Jangada foi o EP "Entre Solúveis", lançado em 2020, durante a pandemia da covid-19 - contribuiu para o fortalecimento da relação entre os integrantes e a valorização das "qualidades e potencialidades" de cada.
"A pandemia nos forçou a encontrar novas formas de nos relacionar à distância. Essa distância, apesar de não sabermos a época, seria um elemento novo na nossa dinâmica enquanto banda. Hoje, alguns milhares de quilômetros nos separam no dia a dia, mas conseguimos nos manter conectados. Além disso, encontramos novas formas de criar, o que nos forçou também a lidar com os processos de criação com mais 'seriedade'. Não que não fosse sério antes, mas hoje temos um fluxo de trabalho mais focado", recorda o baixista.
Junto ao parceiro de banda, Cecília acrescenta que os oito anos de Jangada Pirata caminham entre encontros despretensiosos e profissionalização artística de um grupo que, originalmente, eram de pessoas que não possuíam proximidade.
"Não sabíamos àquela época, mesmo após algumas mudanças na formação, que esse projeto nos levaria ao que conhecemos hoje como a Jangada: um amálgama louco de pura amizade, persistência e vontade de criar músicas", conta.
Esse desejo de criar arte é retratado nas composições que possuem diversos significados e importâncias. Fidaz menciona a canção "Formas e Pensamento" como uma de suas favoritas devido às "várias interações e diferentes versões" para chegar a sua conclusão.
"Desde o começo do processo criativo desse álbum, quando estávamos ainda trocando áudios de ideias, essa já era minha música xodó. Eu logo me conectei com a harmonia, com a letra, com a melodia da voz", argumenta o guitarrista.
Ele ainda avalia a dimensão da música como "um meio capaz de transmitir ideias profundas e únicas, sem barreiras de linguagem ou tempo". Sobre obstáculos a serem ultrapassados, Ricaz indica "Vai Sofrer" como a faixa de maior significado pessoal. "Lembro que ela foi construída quase toda à distância (na pandemia). Esse processo do distanciamento nos 'obrigou' a testar uma forma de composição mais 'estagiada'", explica.
Aqueles que acompanham os artistas podem ouvir uma prévia do álbum a partir do próximo mês, quando serão lançados os singles "Formas e Pensamento", no dia 14, e "Santos Dias de Luz", no dia 21. O álbum também apresenta uma faixa em parceria com Mateus Fazeno Rock que celebra o encontro da música atual do Ceará.
Com estreia marcada para março, o novo álbum da Jangada Pirata será lançado nas plataformas de streaming musical, além de um evento especial previsto para acontecer na Capital no mesmo mês.
Discografia Jangada Pirata
Acompanhe a Jangada Pirata
Lançamento "Sal de Casa"