Contrariando o momento de fechamento de livrarias por redução dos leitores, as lojas de quadrinho alcançam público expressivo em Fortaleza. São novas gerações que chegam por meio dos conteúdos de animes, jovens que descobrem o universo dos Comics ou ainda colecionadores de obras especiais.
A Gibiteria Fanzine, localizada no Centro de Fortaleza, tem mais de 30 anos no mercado de quadrinhos da Cidade. Ela foi fundada pelo Senhor Alzir, que esteve no comando até agosto de 2021, quando a loja passou a fazer parte do Grupo da Reboot Comics. Durante visita feita pelo O POVO, clientes antigos e novos chegaram ao espaço. Todos se encantam com a vitrine.
Entre eles, estava Ana Sofia, 8 anos, acompanhada dos pais. "Vimos a loja de fora e a minha filha quis entrar, porque ela é muito fã do anime 'Demon Slayer'. Achamos interessante mostrar para ela os mangás para ver se ela se aproxima mais dos livros", relatou Vanessa Kelly, mãe da Sofia.
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Rildon Oliver, gerente da Fanzine, aponta que o sucesso dos animes fez a venda de mangás aumentar: "nós recebemos muitos clientes novos por conta dos animes, por isso os mangás vendem muito mais do que os Comics (HQs). A galera que assiste aos animes passa a ficar interessada. Desse modo, vem uma renovação dos leitores".
Ele explica que existe uma grande diferença de temporalidade entre as HQs e mangás, que afeta diretamente as vendas: no primeiro caso, as histórias são contínuas e estão muito à frente do que é exibido nas novas produções cinematográficas, já o segundo, são obras que acompanham a produção dos desenhos de anime.
Além disso, tradicionalmente, os mangás são histórias em quadrinhos japonesas, com grande desenvolvimento das personagens, que costumam ter emoções claras. Eles são lidos da direita para a esquerda, diferente do padrão ocidental.
As HQs, por sua vez, são histórias sequenciais contadas por meio dos recursos de imagens, ilustrações, balões de fala, onomatopeias e legendas. Nesse universo, dois nomes são comuns: 'Comics', expressão inglesa referente às HQs produzidas nos Estados Unidos, e 'Gibis', expressão brasileira que geralmente se refere a HQs de publicações nacionais para o público infantil. Em todos os casos, a leitura acontece da esquerda para a direita.
Representando a expansão do comércio geek pelo Brasil está a Panini, marca que tem diversos "points" pelo Brasil e abriu loja em Fortaleza, no bairro Guararapes. O proprietário, Eduardo Ranciaro, defende que a chegada na Cidade está relacionada com o forte apelo que o Ceará possui com o "mundo de quadrinhos de mangás".
"Tem lançamentos que são muito fortes e tem um público fiel para mangás e quadrinhos, que se divide em DC e Marvel. Além disso, os álbuns de figurinhas são atemporais. Na parte de conveniência, a loja tem funkos, docinhos e bebidinhas, apesar de o forte estar, realmente, nos quadrinhos, mangás e figurinhas", ilustra Eduardo.
No Shopping Benfica, está localizada a Reboot Comics, loja referência no universo dos quadrinhos, fundada há 12 anos por Anderson Catunda e Érika Sales.
Sobre os endereços da marca, que começou na Avenida 13 de Maio, a proprietária destaca: "essa localização sempre foi estratégica, pois sabemos que ali é um polo universitário com grande circulação do nosso público-alvo. Além disso, anos atrás, uma das primeiras revistarias de Fortaleza também existia ali, a conhecida Fanzine que era frequentada por nós quando éramos crianças".
Em relação à compra da Fanzine pela Reboot, ela afirma que foi "super emocionante". "Faz parte de nossa história e de muitas outras crianças e adolescentes da nossa geração. Tendo isso em mente, resolvemos manter a marca, pois sabemos o tamanho de sua importância em nossa cidade", conta.