"Quantos amigos você já conseguiu comprando na Amazon?", este é o questionamento que Romualdo Holanda, conhecido como "Kbeça", faz aos amigos que costumam comprar quadrinhos pela internet. Ele, que é supervisor de vendas da Fanzine, no Centro, defende que as lojas de quadrinhos são espaços importantes de socialização e estão no modo offline.
O gerente da unidade, Rildon Oliver, por sua vez, argumenta: "esse espaço aqui, uma loja de quadrinhos no Centro e com o porte que a gente tem, é uma resistência. É um lugar agregador, onde você pode sentar, tomar um café e conversar sobre quadrinhos. Esses lugares são necessários para a cultura e o fechamento de espaços como esses no Centro é triste, a gente batalha todo dia para que isso exista, mas é difícil".
"A nossa luta contra a Amazon é muito braba porque, além dos preços, existe a comodidade de receber em casa. Quando eu converso com amigos, eu pergunto 'Quantos amigos você conseguiu comprando na Amazon? Quantas pessoas você conheceu de diferente? Com quantas pessoas você conversou sobre o quadrinho que você gosta comprando na Amazon?'. Tem uma galera que vem aqui conversar com a gente sobre quadrinhos e a gente dá o maior valor", complementa Kbeça.
Quem aparece na Fanzine quase diariamente é Francisco Robério, 27 anos, que mora no bairro Cristo Redentor. "É meu passatempo. Eu gosto de HQs e coisas nerds, como Marvel, DC e mangás. Sempre venho para ler, comprar e conversar com o Rildon e o Kbeça", aponta.
O leitor explica que se empolga com quadrinhos de relançamentos especiais, que foram sucesso nos anos 1980 e 1990, como o caso da "Mulher Maravilha", "Homem Aranha" e "Jovens Titãs", obras compradas por eles recentemente.
Para o proprietário da Panini, loja localizada no bairro Guararapes, Eduardo Ranciaro, a cultura dos quadrinhos tende a continuar por diversos motivos e "portas de entrada" à cultura geek. "Tenho certeza que isso não vai se perder, porque é algo que você tem que aprender a praticar. Eu tenho uma filha de 11 anos e, se eu não praticar, se eu não incentivar essa cultura nela, ela vai viver num mundo digital e não vai viver isso que é importantíssimo", diz.
"A partir do momento que as crianças entram na loja, que elas olham as vitrines, passam a ter interesse. Tem um produto aqui que é atemporal: os álbuns de figurinhas. Eles são uma porta de entrada para essa criançada que vive no mundo digital e que, com certeza, se interessa pelo universo geek e pelos livros", elucida Eduardo Ranciaro, apontando também que a fama dos mangás tem total influência da popularização da cultura oriental.
É com a proposta de investir nessas portas de entrada que, a partir deste fim de semana, a loja inaugura a programação de trocas de figurinhas no interior da loja, que deve acontecer sempre nas tardes de sábado.
Também é destaque para quem trabalha com o universo dos quadrinhos as programações literárias e culturais que ocorrem no Estado - como o Sana, maior evento geek do Norte e Nordeste, e a Bienal Internacional do Livro do Ceará, marcada para abril próximo.
"Além de divulgar esse mundo geek, ele atrai pessoas que não estão tão envolvidas e que passam a ter o interesse em participar", afirma Eduardo.
Para Erika Sales, proprietária da Reboot Comics Store, o pensamento é convergente. "Estar presente no Sana é super importante. Já participamos de 14 edições, contando a última. Estar presente nele nos aproxima ainda mais do nosso público-alvo, principalmente em um momento em que todos estão de férias e querem aproveitar um evento voltado para assuntos que a juventude ama. O evento atravessou gerações, inclusive a nossa. Participamos como frequentadores quando jovens e agora como lojistas", elucida.
Panini Point Fortaleza
Álbuns
A partir de sábado, 8, a Panini, no bairro Guararapes, disponibiliza espaço para troca de figurinhas. O evento ocorre no turno tarde e a concentração acontece a partir das 16 horas
Fanzine Gibiteria
Reboot Comic Store
Gibiteca Ravena