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Irmãs cearenses lançam projeto de moda autoral em São Paulo
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Irmãs cearenses lançam projeto de moda autoral em São Paulo

Irmãs cearenses consolidam marca autoral em São Paulo e miram expansão com foco na qualidade dos produtos e na relação aproximada com clientes
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Mirna e Mirela Nogueira são criadoras da marca de moda autoral Egueiras (Foto: Juliana Lubini /Divulgação)
Foto: Juliana Lubini /Divulgação Mirna e Mirela Nogueira são criadoras da marca de moda autoral Egueiras

“Sempre foi óbvio para todos ao nosso redor que iriamos empreender no campo da moda”, destacam Mirela e Mirna Nogueira no site de sua loja. Criada há dez anos pelas irmãs nascidas no Cariri cearense, a loja Egueiras leva não só o sobrenome das empreendedoras, mas a autoralidade de uma marca que preza pela relação próxima com clientes.

Há cinco anos mantida em São Paulo (SP), a loja é seguida por quase 80 mil pessoas no Instagram e tem o e-commerce como um grande aliado. Entretanto, as irmãs também abrem a “Casa Egueiras” para visitas no Jardim Paulista. Tanto no site quanto no endereço físico é possível observar peças como vestidos, calças, quimonos e saias. As empreendedoras celebram as conquistas e vislumbram o futuro com a expansão da marca autoral.

Atualmente com equipe de 15 pessoas (entre colaboradores diretos e indiretos), a marca foi criada em Curitiba (PR) em 2015. As irmãs moravam na cidade desde alguns anos antes, quando trabalharam em uma Organização Não Governamental (ONG) que lidava com ajuda humanitária em desastres naturais.

Elas fundaram uma organização de trabalho voluntário que mobilizava pessoas ao Haiti, projeto com o qual lidaram até 2019. Ao longo do período em Curitiba, Mirna se formou em Design de Moda pela PUC. Mirela, por sua vez, virou bacharel em Relações Internacionais e Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Hoje, ela cuida da parte administrativa da Egueiras.

Há dez anos, as irmãs começaram a produzir peças e vendê-las para amigos próximos e amigos de amigos “de forma tímida”. O ateliê ficava na garagem de Mirna e foi criado um site para a loja. Aos poucos, a marca se expandiu, até que foi necessária uma mudança para um centro maior - no caso, São Paulo (SP), pois a capital paranaense já não abarcava as demandas das empreendedoras devido à insuficiência de material.

Na loja Egueiras são vendidos produtos como top para decote, calças, camisas/camisetas, macacões, moletons, alfaiataria, acessórios, jaquetas, croppeds/blusas, quimonos e saias. Enquanto designer de moda e modelista, Mirna é responsável pela parte de criação. O processo começa com a busca dos materiais, além dos desenhos, cortes e moldes das peças.

“Quando vou criar uma peça, às vezes fico horas ‘batendo cabeça’, pensando em como vou fazer. Tenho que pensar que tem cliente de gosta de vestido com decote assim, um tecido mais confortável, que ela vai para o trabalho, vai sair… Há toda uma questão voltada para isso. Acaba trazendo a identidade da marca e fica muito próximo do que nossas clientes gostam”, contextualiza Mirna.

Depois, entram em contato com uma empresa responsável por cortar os rolos de tecidos. Os cortes são distribuídos para as costureiras, que montam em “linha de produção”. Após ajustes, as peças seguem para as estoquistas, que conferem se está tudo certo, para depois serem disponibilizadas para venda. Um processo a muitas mãos e bastante manual.

Na Egueiras, não há coleções grandes, mas peças lançadas aos poucos, buscando compreender o movimento das clientes. “Não temos grandes liquidações, porque nossas peças já são mais certeiras para venda. Conseguimos lidar bem com o que as clientes querem e com o que elas gostam. O retorno disso é percebermos em nosso Instagram que há modelos com corpos diversos, não exatamente nos ditos ‘padrões’”, complementa.

Segundo as empresárias, por mês são produzidas cerca de 500 peças. Desde o início da marca, as irmãs prezam por comunicação “muito direta com o cliente”, ouvindo sugestões e opiniões dos consumidores. Como afirma Mirna, elas por vezes perguntam no perfil da loja no Instagram o que seus seguidores desejam. “Há produtos que nossas clientes nos ajudaram a construir”, relata.

Estampas mais sóbrias e modelagens com pouco mais de decote são alguns desses casos. Evidentemente, não deixam de existir as preferências das proprietárias, mas as clientes também assumem papel importante em decisões. “As pessoas sentem como se estivesse fazendo uma peça conosco”, acrescenta.

Elas apontam desafios vividos também enquanto mulheres, nordestinas e do Interior, relatando desmerecimento do trabalho quando chegam em empresas comandadas por homens. Por outro lado, também são consideradas como “exemplo” para outras mulheres pela trajetória.

“Foi uma escolha de vida que tem dado certo, mas não é romântico. Esse romantismo fica só para quem compra a peça e a usa, para o cliente final, porque o processo é bem desafiador”, reflete Mirna.

Como próximos passos para a loja, as irmãs têm metas que variam entre aumento da equipe e intensificação de ações de marketing, mas sempre visando a expansão da marca. Segundo Mirela, um dos aspectos é passar a vender mais estampas feitas exclusivamente pela Egueiras. Além disso, abrir o leque de participações de influencers e modelos com produtos da loja.

Mirna, por sua vez, ressalta o orgulho pelo resultado conquistado nessa trajetória: “Fico muito orgulhosa de onde chegamos. Começamos com nada. Na época que nossa marca nasceu, muitas outras marcas foram criadas por pessoas do nosso entorno. A pandemia foi muito dura com pequenos empresários. Fico muito orgulhosa de termos chegado até aqui com pouco dinheiro e com muito trabalho”.

O olhar também se debruça sobre a equipe atual, das costureiras a quem fica responsável pelo estoque. A ambição é de aumentar o número de colaboradores, sim, mas com foco em melhorar cada vez mais a vida de quem trabalha na loja. Esse desejo é enfatizado por Mirela.

“Queremos ser uma empresa indo ao contrário do que o mundo da moda faz. Vemos o quanto os profissionais de moda ganham, suas condições de vida. Sempre tivemos a visão de crescimento da marca aliada ao bem-estar dos profissionais envolvidos, tratando e pagando essas pessoas de forma justa”, pontua.

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