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Caixa Cultural tem programação gratuita sobre o cinema de Paula Gaitán
Vida & Arte

Caixa Cultural tem programação gratuita sobre o cinema de Paula Gaitán

Mostra gratuita de cinema realiza atividades e celebra obras da cineasta Paula Gaitán a partir de sua investigação das relações entre imagem e som
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Foto: Paula Gaitán Filmagem de "Duas Beiras"

“Imagens em movimento”, foi a partir da paixão pelas possibilidades de captar imagens que Paula Gaitán uniu suas habilidades enquanto artista visual, poeta, fotógrafa e produtora para embarcar na sétima arte.

A cineasta colombiano-brasileira começou a trabalhar com cinema em 1978, como diretora de arte de "A idade da terra", longa de Glauber Rocha. Depois desse feito, nos mais de 45 anos de carreira, já realizou dezenas de documentários, sendo alguns deles premiados em festivais nacionais e internacionais.

"Eu entrei, vou dizer, entrei tipo, cair de paraquedas a 40 anos no audiovisual... E comecei a fazer cinema naturalmente, a participar de alguns filmes como diretora de arte e daí comecei a dirigir meus próprios projetos cinematográficos", relembra Paula.

As mil noites – o cinema de Paula Gaitán

Em celebração ao legado que Gaitán vem construindo, acontece até o dia 23 de fevereiro a mostra “As mil noites – o cinema de Paula Gaitán”. Com curadoria de Ava Rocha, a programação da Caixa Cultural reúne obras da cineasta.

Além das exibições dos produtos audiovisuais, o evento realiza um ciclo de dois debates que acontecerão com a presença de Paula Gaitán. No sábado, 15, às 18h30, a crítica Lorenna Rocha se junta à conversa, enquanto no domingo, 16, às 17h, será a vez do cineasta Pedro Diógenes.

Paula ainda deve participar de workshops com o público que realizou inscrição previamente para as atividades promovidas. A programação completa da mostra está disponível no site e no perfil do Instagram do equipamento cultural.

Nascida na França, mas criada na Colômbia, a cineasta vive no Brasil desde o final da década de 1970 e desenvolveu uma carreira marcada na investigação das relações entre imagem e som, ganhando destaque no cinema brasileiro e latino-americano contemporâneo.

Sobre esse reconhecimento, a artista define que a liberdade criativa em suas produções e dos cineastas da América Latina é o principal motivo que desperta a atenção do público. Segundo ela, os espectadores buscam novidades nos trabalhos audiovisuais, como uma fuga do padrão cinematográfico norte-americano.

"O cinema latino-americano é muito rico, assim como o cinema contemporâneo é plural. A pessoa tem que descobrir sua própria linguagem, sem se prender a fórmulas. É importante expandir o nível de consciência e a relação amorosa com o cinema. A criatividade é o ponto vital dessa arte", ressalta.

Desse modo ela destaca que as produções independentes têm ganhado mais força, e permitem a autonomia das possibilidades da linguagem, da construção de enredos audiovisuais e do processo de criação de um filme.

"Hoje em dia, o cinema é muito mais interessante, mais ativo, tem um ativismo, e as pessoas estão criando com as ferramentas que têm, com dinheiro ou sem dinheiro. O cinema se tornou mais presente no dia a dia", aponta

Gaitán define que o seu cinema é a sua própria experimentação da vida. A artista transita em uma variedade estética que vai do documentário à ficção que a permite a liberdade para construir seus filmes a partir de suas vivências e memórias.

"O que é mais importante na obra é o processo. O que realmente importa é o vínculo afetivo e criativo com as pessoas com as quais você está trabalhando. Prefiro que várias ideias, diferentes ideias, me levem para fazer o filme que irei fazer. Não gosto de me inspirar em romances. Eu prefiro fazer um roteiro de acordo com minhas pesquisas", relata.

A cineasta apresenta o primeiro longa, ‘Uaká’, em 1988. Desde então, trabalhou com longas-metragens, vídeos, séries e instalações televisivas, como Diário de Sintra (2008), Exilados dos Vulcões (2013), Subtis Interferências (2016), Luz nos Trópicos (2020), “O Canto das Amapolas" (2023), “História das Imagens Aleatórias" (2025) entre outros.

Paula Gaitán também registrou encontros com artistas e intelectuais, como Lygia Pape, Agnès Varda, Arrigo Barnabé, Jean-Claude Bernardet, Maria Gladys, Glauber Rocha, com quem foi casada. Ela também dirigiu videoclipes para Elza Soares e Ana Frango Elétrico, produções presentes na mostra comemorativa.

Apesar de ter viajado por diversos lugares do mundo, pela primeira vez a cineasta chega à Fortaleza, destino que já estava em sua lista de desejos há anos. Gaitán compartilha que já consumia o cinema cearense e admira o trabalho de artistas como Guto Parente, Petrus Cariry e Pedro Diógenes.

"Eu tenho muito respeito pelo cinema do Ceará e de Fortaleza, acho que o Dragão do Mar tem um trabalho importantíssimo de formação e de conexão com o cinema latino-americano. Percebo que Fortaleza vem fazendo e desenvolvendo essa distribuição cinematográfica a partir de um trabalho assíduo de muita perseverança", conclui.

 

Mostra As mil noites - o cinema de Paula Gaitán

 

Conversa com Paula Gaitán e Lorenna Rocha

  • Quando: sábado, 15, às 18h30min
  • Onde: Caixa Cultural (Av. Pessoa Anta, 287 - Praia de Iracema)
  • Gratuito

Conversa com Paula Gaitán e Pedro Diógenes

  • Quando: domingo, 16, às 17 horas
  • Onde: Caixa Cultural (Av. Pessoa Anta, 287 - Praia de Iracema)
  • Gratuito
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