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YouTube, plataforma de produção de conteúdo audiovisual, completa 20 anos
Vida & Arte

YouTube, plataforma de produção de conteúdo audiovisual, completa 20 anos

A forma de comunicar-se por vídeo e a criação de conteúdo para redes sociais sofreram alterações ao longo dos anos e tiveram como precursor o YouTube
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Galo Frito (Foto: Youtube/Divulgação)
Foto: Youtube/Divulgação Galo Frito

"Se você gostou, dá um like, se inscreve no canal e ativa o sininho para receber notificações": se essa frase soar familiar, é provável que você tenha vivido a "época de ouro" do YouTube, quando floresceram os primeiros influenciadores digitais. Criada em 14 de fevereiro de 2005, há 20 anos, a plataforma de vídeos online foi o primeiro local de armazenamento público de vídeos. Foi nele que pessoas de todo o mundo passaram a criar conteúdos com a intenção de serem vistos por conhecidos e desconhecidos.

Foi no YouTube que "explodiram" vídeos como "Eu Sou Stefhany", uma paródia brasileira da canção "A Thousand Miles", de Vanessa Carlton. Após a publicação, em 2009, Stefhany Sousa ficou conhecida como "a menina do Crossfox" e até hoje ganha a vida com conteúdo para as redes sociais.

E quem não lembra dos clipes musicais que marcaram gerações? São desde "Baby", do Justin Bieber; "Waka Waka", de Shakira; e até "Gangnam Style", de Psy, o primeiro grande hit viral de Kpop no Ocidente.

O doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília e pesquisador das novas formas de comunicação, Edemilson Paraná, explica que a plataforma possibilitou uma democratização da cultura e da informação: "O YouTube mudou muito as rotinas de trabalho, de ensino e de cultura na produção cultural. Ele possibilitou uma produção e divulgação cultural descentralizada de artistas dos mais diversos âmbitos do audiovisual, desde produtores, editores, diretores, músicos independentes, além da possibilidade de cursos livres direta ou indiretamente vinculados a instituições formais de ensino".

Paraná acrescenta ainda que foi por meio da plataforma que as pessoas passaram a trabalhar profissionalmente com a criação de conteúdos para a internet, fenômeno que deu origem ao termo "youtuber".

"Ele abriu possibilidades de as pessoas viverem fundamentalmente da monetização dos seus conteúdos dentro dessas plataformas digitais", argumenta o pesquisador, que explica que o capital pago para os criadores de conteúdo vem da empresa Google, que passou a demonstrar interesse no crescimento do YouTube.

Ele explica: "o YouTube evoluiu de modo que se construiu como uma plataforma que retira uma porção desse valor da monetização do Google e, com isso, consegue acumular uma transferência e um fluxo de renda altíssimo. São transformações muito significativas, que mudaram completamente o trabalho da cultura em muitos campos, como a lógica da produção dos clipes".

Com o rápido crescimento dos produtores de conteúdo para o YouTube e a proposta de remuneração, os canais criados na plataforma passaram a ter grande visibilidade, fazendo quem está atrás das câmeras se tornar ídolo. É o caso, por exemplo, de Felipe Neto, PC Siqueira (1986-2023), Kéfera, Boca Rosa, Christian Figueiredo e Cellbit.

Conteúdos diversos

Além do entretenimento, o YouTube inaugurou a proposta das videoaulas, dos vídeos de curiosidade e da divulgação de filmes independentes. Foi também por meio de vídeos virais que artistas brasileiros cresceram e se estabeleceram na música com carreiras nacionais, como aconteceu com a Banda UÓ e com Clarice Falcão.

"O YouTube de fato é pioneiro nesse modelo. É a partir dele que várias outras plataformas de streaming foram criadas", pontua Paraná, destacando que o mecanismo da plataforma foi a referência para posteriormente serem criadas outras plataformas, como a Netflix e o Spotify. "O YouTube é um divisor de águas, que abriu a possibilidade revolucionária de transformar a comunicação e criar uma nova frente para a economia digital", acrescenta.

No Brasil, o "boom" do YouTube aconteceu no começo da década de 2010, com o auge dos clipes musicais e dos "vlogs" de criadores de conteúdo. Mais de uma década depois, a plataforma ainda é o principal suporte de vídeos da internet, mas divide espaço com novas redes sociais, como o TikTok e o formato Reels do Instagram.

Segundo o pesquisador, essas redes não são necessariamente concorrentes porque estão interligadas e existe uma "constante evolução" desses espaços. Ele ainda declara que a busca pelas plataformas está diretamente relacionada ao interesse do internauta: "é preciso observar essa retroalimentação das distintas plataformas no âmbito das redes sociais e da interação que as pessoas buscam nesses espaços, pois é segmentado por geração, idade, classe social e por nicho de interesse".

Max Petterson
Max Petterson

Profissão Youtuber

A rotina de quem se dedica profissionalmente à criação de conteúdos digitais, como se imagina, é diferente de quem é ativo no mercado de trabalho tradicional. A profissão "youtuber" faz a economia circular em todos os espaços do mundo, incluindo no Ceará, que se destaca com pessoas atuantes em diversos segmentos.

No humor, quem mudou de vida após o sucesso dos vídeos no YouTube foi o cearense Max Petterson, que viralizou com "vlogs" do seu dia a dia na França. "Foi algo muito espontâneo e repentino da minha vida. (...) Teve um vídeo meu que viralizou na internet sobre o calor e o cheiro do sovaco dos franceses na França", relata Max.

Ele conta que, antes do sucesso, tinha preconceito com o trabalho de youtubers: "eu tinha um canal do YouTube onde colocava minhas coisas da faculdade e ele começou a receber seguidores e a bombar, as coisas começaram a funcionar e eu pensei 'cara, eu estou virando um youtuber mesmo que não queira'".

Os vídeos, cheios do "jeitinho cearense", ganharam a atenção das pessoas em diferentes redes sociais. Com a fama, ele mudou a sua perspectiva de plateia: "eu fazia teatro físico nos palcos, como peça de teatro com companhia e com grupos e era totalmente dramático. Já na internet, fazia algo totalmente cômico".

"Por isso, quando veio o YouTube, tive meu primeiro baque, porque foi quando entendi que meus palcos passariam a ser virtuais, pelo menos naqueles primeiros anos, e minha plateia eram meus seguidores que assistiam aos meus vídeos do YouTube", complementa.

Quem também é do Ceará e se destaca com vídeos de críticas e análises de cinema é PH Santos, que começou a escrever em 2005 e atravessou diversos formatos digitais, como portal, blog, podcast. "Estive na criação de um dos primeiros podcasts de cinema do Brasil, o "Cinema com Rapadura", que existe até hoje como 'RapaduraCast'", acrescenta.

"Sempre mantive a escrita, mas, com o tempo, percebi que cada vez menos pessoas liam. Em 2016, tive a ideia de ler minhas críticas em vídeo. Eu decorava trechos do texto, gravava lendo e, na edição, juntava tudo. Funcionou muito bem. O que antes eu tinha primordialmente com leitores, passei a ter com espectadores, que assistiam aos vídeos, se inscreviam no canal, interagiam", afirma o criador de conteúdo, que demorou mais de dez anos para migrar dos textos para a linguagem audiovisual.

Com mais de 4 milhões de visualizações por mês, ele confirma que o YouTube é sua principal fonte de renda: "hoje não tenho o trabalho dito 'tradicional'. Então, toda minha renda é do meu conteúdo. O YouTube é a maior renda recorrente, mas a partir dele eu tenho as publicidades também, aí entram outras redes sociais, etc. Mas o que me permite fazer conta, pagar a equipe e outras coisas, é o YouTube".

Sobre a influência da plataforma em outros meios de comunicação, ele converge com o pesquisador Edemilson Paraná e afirma que o YouTube é como um ecossistema. "Pensando friamente, o YouTube faz parte do ecossistema da comunicação na totalidade. Assim como um meio pauta o outro, tipo a TV influencia rádio, rádio influencia TV, enfim, o YouTube é mais uma peça desse sistema. Ele tanto pauta quanto é pautado, pensando bem. Talvez os vídeos curtos sejam um caso mais evidente, porque criam tendências e certos hypes que, por sua vez, geram discussões e opiniões em outros meios de comunicação", diz.

Ele diz que diversos conteúdos que produz em seu canal são distribuídos em recortes para outras redes sociais com a chamada para assistir ao conteúdo completo no YouTube. Desse modo e por ser uma plataforma estratégica, "vale muito a pena criar vídeos para o YouTube". "Recentemente o YouTube superou a Netflix como a plataforma mais assistida na TV nos EUA, e daqui a pouco isso deve acontecer no Brasil. Hoje, 30% da minha audiência vem de pessoas que me assistem na TV", justifica PH.

Na mesma perspectiva, ele diz: "além disso, o CEO do Google destacou como o YouTube se profissionalizou e deixou de ser algo feito na webcam do quarto. Você pode encontrar de tudo lá, desde um talk show elaboradíssimo, um documentário, um filme ou até um vídeo ensinando qual a melhor furadeira para um serviço específico". "Se o objetivo é crescer de forma sustentável e consolidar uma audiência, o YouTube ainda é, disparado, a melhor plataforma", resume.

 

Jornalismo na WEB

Abraçando o jornalismo multimídia, o Grupo de Comunicação O POVO também está presente no YouTube, com transmissão de noticiários ao vivo em duas edições, às 8 horas e às 18 horas. Além disso, o canal realiza lives da rádio O POVO CBN, com os programas "Esportes do Povo" e podcasts como "Jogo Político".

O coordenador do YouTube do O POVO, Fernando Diego, conta que a plataforma começou a ser usada como uma ferramenta de apoio para vídeos das matérias do portal O POVO Online. Mas, já em 2012, o espaço ganhou importância com produções de conteúdos especiais.

"Depois da produção de vários programas e quadros ao vivo, O POVO sentiu a necessidade de ter uma equipe própria para o YouTube, e, pouco antes da pandemia, o canal começou a ser trabalhado como um feed de notícias, assim como funcionam as redes sociais do grupo. Os vídeos começaram a ser produzidos através das matérias do O POVO", conta.

Foi nesse contexto de crescimento na plataforma que, em 2023, foi criado o noticiário OP News. "Em 2024, o Youtube do O POVO atingiu 1 milhão de inscritos. Podemos atribuir a marca à produção completa mantida no canal, com vídeos produzidos durante todo o dia, de domingo a domingo, e à grade de lives com podcasts, programas de rádio e edições do OP News", diz.

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